Frequência do amor

TRÊS

Capítulo com dedicação, o primeiro, espero que eu tenha muitos outros pra dedicar.

Dedicado ao Grupo "Ohana"
-Ohana significa família e família significa nunca abandona.
Amo vocês ❤️

MICAELA

Estava dando adeus à Rio das Flores de forma irresponsável, não tinha falado com ninguém, parabéns pra mim! Mais uma vez me precipitando, como no beijo! O que eu tinha na cabeça pra beijar ele?! Não! Ele me beijou! A culpa é toda dele, "como se você não tivesse gostado" sempre tem aquela vozinha na cabeça me lembrando que eu não só gostei, como beijei ele de volta, correspondi e eu queria muito, muito não ser tão orgulhosa e ficar, mas o que essa história podia trazer? Mais daquele tom do meu pai, mais do que eu estava agora mesmo fugindo.

A viagem de ônibus nunca ia acabar, olhei pro relógio e não dava pra acreditar que estava a quase seis horas dentro do ônibus que parecia parar em cada maldita estação.

Guarujá não era tão distante de Rio das Flores, não entendia como ainda estava naquele ônibus.

Apesar de ser um momento melodramático, estou ansiosa, deve ser por isso que parece que estou uma vida toda dentro desse ônibus, assim que entrei pelo portão de embarque e tive que esperar o horário do meu ônibus liguei pra única pessoa que entenderia meu orgulho, pois em certas coisas ela era tão orgulhosa quanto eu.

Natália era minha amiga há apenas dois anos, mas apesar disso o vínculo que temos se tornou tão forte que eu tenho ela como uma irmã, temos nossos momentos de loucura, nossas brincadeiras mas ninguém poderia me conhecer tão bem, não nos conhecemos pessoalmente o que é basicamente risório porque passavam horas se falando, conhecia cada pequeno drama da Nath, conhecia sua família através de vídeos chamadas, conhecia seus problemas assim como ela conhece os meus, mas sempre tinha algo que a impedia de ir até o Guarujá.

No meu momento de melodrama eu digo que é por que só ela seria capaz de me acolher agora, finalmente abraçar ela, ia ser maravilhoso, com certeza, seria acolhida.

Nath era um ser iluminado e de um humor quase tão mordaz que o meu, desde o primeiro "Oi" eram amigas, fascinadas pelo mesmo tipo de leitura nos encontramos em um grupo que discutia os livros de uma autora nacional, só que onde existem mulheres leitoras existe também conversas frenéticas, assuntos que chamavam outros assuntos, discussões vorazes e outros grupos secretos, e bem assim, Natália e eu nos metemos em todo tipo de confusão, não há nada no mundo que una mais duas mulheres que terem em comum a antipatia por outra mulher, que sorte a minha Natália achar um serzinho daquele grupo tão falsa quanto eu achava, que sorte a minha ela tomar partido em varias discussões do grupo por que simplesmente não gostava da fulana, Aah que sorte quando estávamos no mesmo grupo secreto e que sorte maaior que a fulana entrou meses depois no mesmo grupo, foram tretas sem fim, risadas de puro deboche e essa amizade tão linda surgiu, a primeira conversa que tiveram fora dos grupos provavelmente começou com um "Já acabou Jessica" e logo depois "Essa fulana não tem vergonha na cara não?!" Continuados por vários "Você viu o que ela falou?" Seguidos de varias e varias risadas debochadas, coitadinho daquele ser, tão desprezível que era canceroso, não! Cancerígena e assim surgiu o apelido que até hoje usavam, fingiam se chamar assim como um carinho irônico de amigas mas era mentira o que fazia ela e eu rir mais, Ah se as megerinhas dos grupos fossem inteligentes o suficiente pra notar as indiretas, com certeza faria nossas vidas mais divertidas.

Minha amizade com a Nath só podia ter sido escolhida a dedo por um ser superior, foi uma coisa que simplesmente chegou e tomou proporções que nunca esperaríamos nunca na minha vida tive uma irmã e ela chegou sendo isso, simplesmente compartilhamos nossos segredos e desejos e isso só cresceu.