12/01/2017 20:34
É, mais uma comemoração de um relacionamento que nem sequer existe. Não para mim e Lukey, já que nossos pais arranjaram esse namoro a 4 anos atrás e estão estendendo para um casamento. Eu preciso morrer logo.
- No que está pensando Layla? Não parece muito feliz.
- Em nada de mais tia, so estou cansada.
- Mas a festa nem começou.
- Exatamente.- dou-lhe as costas e sigo para o bar.
Esses últimos anos foram sem dúvida os piores de minha vida, e creio que os últimos. Sinceramente não aguento mais meus pais e Lukey manipulando cada passo meu, como uma marionete. Não tive uma adolescência como as outras garotas e agora não estou tendo minha liberdade aos 22 anos. Tudo se resume a faculdade, festas empresariais, bailes chiques, cinema com Lukey e casa dos meus tios. Nunca fui a uma boate, nunca fumei, nunca sai escondida, fui a um show, dormi em uma amiga, fiquei bêbada ate cair e ter uma puta ressaca no outro dia. Nunca fiz nada que eles não aprovassem.
- Oi amor!
- Oi lukey.
- Esta ansiosa pra amanhã?
- E porque eu estaria?
-Como porque? Vamos conhecer nosso apartamento.- ele beija minha testa e eu passo os braços por sua cintura.
Daria tudo por uma faca cravada no peito agora. Onde minha vida está indo? Que rumo essa brincadeira dos meus pais está tendo.
13/01/2017 07:49
Despertador toca.
Mesma rotina antes de um cansativo dia na faculdade. Habituais roupas claras, como eu odeio essas cores.
Motorista a minha espera. Gostaria de andar os dois quarteirões até o campus.
Lav, Lukey e Spooky no portão me esperando.
- Bom dia amor.- Lukey sorridente me enche de selinhos.
- Eae meninas.
Metade da aula se passou e eu não fiz absolutamente nada.
Sino do intervalo. Uma hora de paz.
- Eu fiquei sabendo que tem gente nova na cidade.
- Um deles até precisa de psiquiatra. Layla seu pai tem algum paciente novo?
- N-não que eu saiba.- As meninas me arrancam de meus devaneios.
- Ah que isso Lay vai esconder ele de nós agora? Você já tem o Lukey, ou esta pensando em dívidir ele?
- Vão pro inferno.- Levanto puxando Luk pelo braço. Paramos no jardim da escola.
- Meus pais vão estar fora hoje.
- Tenho treino.
- Você sempre tem, não da pra arrumar um tempinho pra gente não?
- Porque tudo pra você se resume a sexo em Layla? Já disse que vou estar ocupado.
O fato de estar com Lukey a 4 anos e ele não me desejar como sua é frustrante. As vezes penso que ele so me quer como um troféu, só me apresentar como a boba virgem que agarrou no seu pé. Mas não é bem assim. Luk também não acha uma boa ideia esse relacionamento, mas é frango de mais para reclamar com nossos pais, já que nosso futuro já esta decidido.
15:45
Ligação
- Eu to cansada Luk, não posso fazer nada.
- E o que você quer Lay? Sair por aí se drogar e ficar bêbada igual essas meninas?
- Sim. É isso que eu quero. E se você não falar com eles, eu falo.
Chamada encerrada.
10 minutos depois, campainha toca. Ignoro.
- Porque não foi atender a porra da porta?
- A Luk pra que esse drama, você praticamente mora qui. Morava.
Sinto o sangue escorrer pelo do meu nariz.
- Sua vadia. Eu ja tô cansado de você. Você não da força pra essa droga de namoro, não me da atenção, não se anima com as coisas que eu faço pra você
- Me animar com o que? Hematomas? Dores de cabeça? Me privar de minha felicidade?
Minha cabeça gira. O quarto todo roda ate eu cair e bater minha cabeça mais uma vez no chão.
Ele pegou pesado na pancada dessa vez.
Lukey se agacha na minha frente, aperta minhas bochechas e começa rir
- Vou sair com uns amigos. Fica calada. Vadia.
Lágrimas quentes rolando pelo meu rosto. Mais uma vez, eu não aguento mais.
21:50
- Você caiu de novo Lay?
- Foi so um escorregão mãe.
- E como era o apartamento? Gostaram?
- Adoramos.- forço um sorriso.
- Que bom que gostou, vocês se mudam final do ano.
- Como é? Nem ferrando.
- Que comportamento é esse Layla?
- Eu não vou morar com Lukey pai. Eu não quero mais nada entre a gente.
- Você não tem que querer. Já esta tudo decidido. Boa noite.
12:56
Ainda estou acordada. O lugar da pancada dói e esta roxo, odeio usar maquiagem para esconder esses hematomas.
Abro meu Instagram. @toopoor.
Depois de rolar várias vezes o feed resolvi o que fazer com o roxo no meio da minha testa.
Pego uma tesoura, marco o lugar certo e pronto. Uma franja.
Até que não ficou tão ruim.
Tomo um banho bem quente e vou dormir. Mais um dia sem vida própria.
Despertador toca. Lágrimas rolam pelo meu rosto por ainda estar respirando. Tomo um banho rápido e coloco minhas roupas.
- Bom dia Charlie.
- Bom dia Layla, gostei do cabelo.
Dou um sorriso e entro no carro. Charlie me leva para os lugares desde os meus 12 anos. Provavelmente a única pessoa que me escuta nessa casa.
- Seu cabelo esta horrível.
Ele susurra em meu ouvido ao me abraçar. Seguro o choro.
- É pra esconder a merda que você fez.
Sinto arder meu ombro. Ele me mordeu. Está sangrando. Dói.
O empurro e vou para o banheiro de cabeça baixa. Mais lágrimas. Hoje vai ser o típico dia de choro.
Limpo o sangue que sujou minha blusa clara, incrível como Lukey encontra uma forma de me machucar, tanto física quanto mental. Isso está me destruindo, já não aguento mais.
O sinal de toca. Perdi o primeiro horário de aula.
Sigo o caminho até minha sala.
Espera.
Quem é aquele garoto com um cigarro entre os lábios, metade dos cabelos rosa e unhas pintadas?
Roupas pretas e rasgadas.
Coturnos.
Correntes pelo pescoço.
Jogado no gramado.
Tatuagens por todo o corpo.
Tatuagens pelo rosto.
Ele me olhou. Eu arrepiei. Meu coração acelerou.
É ele mesmo? O garoto do inferno?
×××
todos os capítulos vão ter 1000 palavras apenas, vai ser uma fic curta.
espero que gostem.
