Capítulo Único

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— Tenente — chamou um dos soldados de prontidão, com sua postura profissional. — Ele está aqui de novo

O Tenente Choi segurou seu suspiro, deixando de dar atenção ao movimento da rua principal e adentrar a delegacia. Trajando seu característico casaco vermelho cintilante e suas calças brancas, calçando botas pretas robustas, assim completando seu uniforme.

— Taemin-ssi, você não cansa de vir para aqui? — comentou o Choi cínico, encarando o rapaz algemado e sentado no chão da cela de pedra.

O de madeixas pretas como ébano balançou sua cabeça negando, sua face de indiferença gritava, em cada feição. O mesmo soldado de antes se fez presente no cômodo, lhe trazendo uma prancheta e entregando ao seu superior, logo se retirando para voltar a fazer sua ronda pela cidade.

— Vejamos… — proferiu o amorenado alto, passando as pontas dos dedos no papel entregue a si. — Agora está roubando velhinhas? Essa é nova. — completou surpreso.

O menor bufou, fazendo uma de suas madeixas saírem do lugar, e revirou os olhos,  porém manteve-se calado, como sempre fazia, e o Tenente já se acostumava com aquele tratamento recebido.

— A coisa está mais séria, Taemin-ssi, não deveria estar revirando os olhos, pode pegar um ano de cadeia. — explicou o Tenente, com robustez contida na fala, ele não estava brincando.

O Lee arregalou os olhos com a informação recebida, pressionando suas mãos na pedra fria da cela — chegando a arranhá-las —, um ano?! Não poderia ficar tanto tempo ali, as coisas aos poucos estavam saindo do controle.

— Mas não serei eu a lhe julgar, por enquanto que o General Kim não chega, curta mais uma noite no xilindró. — foi ríspido, deixando a papelada sobre a mesa de madeira próximo a si e dando as costas para o presidiário.

Taemin nada proferiu, continuando em seu habitual silêncio, não adiantaria de nada pestanejar, e ele tinha conhecimento disto.

O Choi neste dia estava deveras ocupado, em sua mesa era possível ver tulhas e tulhas de papéis enfileirados, ele teria que ler caso por caso é arquivá-los em seguida, não poderia ordenar seus empregados para isto, eles eram um bando de imprestáveis e acabariam estragando tudo.

Minho bufou alto, praticamente jogando-se na cadeira dura de madeira, seria uma longa noite e o amorenado tinha noção disto. Seus olhos já ardiam com a pouca luz, de vez em quando se rendendo a coçá-los insistentemente para que parecem com o ardor, o que era falho, e apenas o atenuava. Algumas vezes uma brisa fria cortava seu corpo, o fazendo estremecer, mesmo estando com seu pesado e grosso uniforme, o frio daquela noite ainda penetrava seus trajes.

Encarou o relógio de madeira pendurado na parede de pedra, eram por volta das três horas da madrugada, não faria mal comer alguma coisa que estivesse por ali, um lanche que sempre deixava em sua bolsa de pano para emergência, e isto com toda certeza era uma. Tomou rumo a seus pertences ao fundo da delegacia, procurando dentro de sua bolsa o lanche que sempre carregava consigo, alguns pães enrolados em um pano branco, já era de bom tamanho, pelo menos para forrar o estômago. Minho os tomou em mãos, sorrindo satisfeito e traçando o caminho de volta para sua tediosa mesa, com suas infinitas pilhas de papeladas.

No caminho sua atenção fora roubada, o amorenado encarou aquele corpo esguio deitado de forma desconfortável no chão de pedra, possuíam alguns mofos no local por conta da estação fria, e a única luz que refletia era a do candinheiro pendurado do lado de fora. Daquela forma serena adormecido, o Lee aparentava ser tão frágil, as madeixas caindo sobre os olhos, o rosto levemente delineado, lábios grossos e levemente rosados, sua face um pouco mais pálida que o normal, fazendo algo surgir no peito de Minho. Um sentimento de proteção.

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⏰ Última atualização: Oct 20, 2018 ⏰

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Savior | 2MinOnde histórias criam vida. Descubra agora