Epifania.

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Eu a dedico à minha querida Gi, ou Yura, como costumo chamá-la. Benzinho, você faz os dias de sua Beka tornarem-se maravilhosos. Obrigada por aturar minhas crises e choros sem sentido. A amo. Também dedicada à minha Muzinha. Provavelmente você não viu o anime, mas tem um lugarzinho especial aqui como minha epifania. ~

Inpirada na canção Who's Theme, da cantora japonesa Minmi.

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Sua risada tornou-se canção para meus ouvidos.

Tinha a capacidade de divertir-se com tão pouco e isso era adorável, mesmo que eu fizesse questão de proporcionar-lhe as idéias mais mirabolantes ou até sem nexo só para observá-lo entragar-se ao mais espontâneo riso dessa maneira. Suas mãos trêmulas seguravam as minhas à procura de apoio enquanto dávamos voltas pela pista de gelo, executando passos destramelhados inventados por ele mesmo enquanto cantarolava uma canção de sua escolha. Oh, sua doçura me era fascinante.

Era incrível como ele conseguia tornar movimentos mal executados em algo tão belo e sutil aos meus olhos, e mesmo a sua voz levemente desafinada trazia-me a paz e o conforto que ninguém no mundo jamais me proporcionara, em forma de uma doce melodia, tranquila e prazerosa. Ele me era a junção perfeita de todas as virtudes e qualidades existentes no mundo, fazendo-me acreditar piamente de que nunca haveria alguém com a sua magnífica - e peculiar - essência.

"Respire fundo e torne-se o vento", ele traduzia a canção entre risadas gostosas, enquanto eu, audacioso, colava seu corpo esguio ao meu, rodopiando consigo sem ousar deixar de observar cada feição que ele esboçava. Afinal de contas, o quão louco eu seria se deixasse de admirar tamanha maravilha para pousar o olhar em qualquer outro que não fosse ele? "Oh, o vento?", eu indaguei, enquanto aumentava a velocidade daqueles movimentos tão mal elaborados, ouvindo-o soltar um grunhido animado. Nossos passos não condiziam nenhum pouco com o ritmo da canção, mas ele não parecia nem um pouco incomodado com aquilo, concentrando-se em vão no intuito de seguir meus rodopios desleixados, rindo à cada momento em que quase caíamos juntos sobre o gelo.

Ele encostara sua testa à minha, sussurrando palavras de afeto, derretendo-me da cabeça aos pés como um floco de neve exposto ao sol. Estrelas pareciam cair do céu como pétalas de flores todas as vezes em que eu me deparava com seu olhar. O belo parecia feio se comparado à ele. O tudo tornava-se nada quando ele decidia dar o ar da graça. E se estar com ele não passava de um sonho, preferia eu permanecer imerso em sono profundo pelo resto de minha vida.

Dei-me conta de que ele é a a resposta de minhas indagações, o significado de meu ser, a compreensão de meu sentimento mais íntimo em seu mais complexo contexto. Ele é a minha epifania; A última peça que faltava em meu quebra-cabeça particular.

Eu tinha a ligeira impressão de que girassóis perfumados surgiam repentinamente por onde ele passava, tornando tudo tão deslumbrante quanto o seu sorriso deleitável. Com ele era sempre assim; tornava o impossível possível, o imprevisível previsível, o inimaginável imaginável, e o inexistente passava a existir.

Yuuri era a primavera em meu inverno.

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