Capítulo 1

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Olá, família! (Ou parte dela)

Por onde eu posso começar exatamente? Eu nunca imaginei que mostraria a vocês esse tipo de carta. Afinal, desde meus 12 anos eu escrevo cartas diferentes, mas sempre, com o mesmo significado. Agora com um pouco, apenas mais um pouco de coragem estou escrevendo outra vez. Poxa, não imaginei que seria, tão difícil. Mesmo que eu esteja aos prantos no meu quarto, com o coração na garganta, secando minha boca. Estou completamente nervosa a respeito disso.

As meninas estão sempre conversando sobre garotos, quando chega a pergunta até mim, "de quem você gosta?" Até ai tudo bem, eu ainda conseguia esconder, e mentir para mim mesma que eu gostava de algum menino. Mas a coisa ficou complicada, quando não conseguia mais mentir para mim, que sentia a mesma coisa em relação as meninas.

É tão ruim, não poder conversar sobre isso com alguém. É torturante, beijar bocas de quem eu não quero. Principalmente é horrivel apresentar algum menino para vocês fingindo que eu me interesse por ele. Porque vocês simplesmente estão sempre perguntando quando eu irei ter meu "primeiro namorado." E porque não uma namorada? Não falei antes por medo da reação de vocês, medo de não ser aceita como eu sinto meus sentimentos. E é assim, mãe e pai, que eu afirmo a vocês que sou lésbica.

E foi assim que eu me assumi para meus familiares, queria contar detalhes e detalhes para vocês de como isso começou. Mas quem sabe isso não seria história para um outro livro, não é mesmo? Resumindo, eu mentia para mim e para todos, o unico que sabia desde o princípio, antes de eu mesmo saber. Era Lian, meu melhor amigo, que por coincidência de uma conspiração diferente, ele é gay. E ele sempre disse, "gays sabem quem é gay." E de fato, sei direitinho quem é e quem não é. Hoje eu sou aberta com meus pais, conto tudo o que eles precisam saber, afinal, eles reagiram bem com a minha declaração. Óbvio que passaram por uma fase de negação, como "a filha, isso é uma fase, você não sabe muito bem quem você é." E estavam completamente enganados. Eu sei quem sou, e hoje luto por um direito meu. Ou não tão meu, e sim de todos que passam ou passaram por isso.

Fechei meu caderno de literatura, e encarei o retrato não tão velho que estava eu e Lian em um balanço. Peguei minha minha mochila colocando uma carteira de cigarro dentro. Péssimo hábito de fumar. Olhei no espelho, prendi meu cabelo e coloquei minha flanela vermelha. Talvez seja assim que as pessoas se vestem para ir em um bar LGBTQ. Não quero parecer tão na cara que é minha primeira vez em um. Séria péssimo. Ouvi a buzina do carro de Lian no pátio. O encontrei com os braços no volante com o vidro baixado. Ele estava com seus cabelos até o ombro bagunçados e uma camiseta salmão.

-Será que a Dama precisa de carona?-Brincou observando meus passos até a porta de passageiro.

-Quem usa uma camiseta salmão?-O encarei quando entrei no carro.

-O seu melhor amigo.-Me fisgou com os olhos.-E se falar mal dela te chuto desse carro.

-Tudo bem.-Fiquei em silêncio.-Esta camiseta é horrível.-Não consegui segurar.

-Você vai ver dona Helena, vou arrazar. Espere só.-Deu partida no carro.

Observei as paisagens vindo da rua. Estava eufórica, ansiosa, nervosa, uma mistura de sentimentos tão estranha. Fazia meu estomago embrulhar, minhas mãos soarem e meu corpo congelar. Encarei o bar logo em minha frente. Desci do carro olhando Lian, que sorria para mim. Apertei meu amarrador em meu cabelo os deixando mais apertado. Caminhei com Lian até dentro do bar. Senti o ar gelado do ar condicionado queimar minhas bochechas. Lian pegou duas garrafas de cervejas, cujas estava extremamente geladas. Me sentei em umas das mesas onde haviam pessoas conhecidas de Lian.

-O que achou?-Lian sussurrou.

-Diferente.-Fui sincera.

Olhei para a parte de cima do bar, onde tinha mais mesas, e mais pessoas que pareciam se divertir. Mas meu olhar parou em uma só. Nela. A observei com cuidado, seus cabelos curtos negros, seus olhos azuis, as tatuagens em seus braços, com algumas no pescoço. Ela usava um casaco de couro com alguma camiseta que não sei como detalha-la. Reparei que seus olhos encontraram o meu, olhei para baixo com vergonha, afinal eu estava encarando, e sabe la quanto tempo ela tinha percebido nisso.

-Eu vou ao banheiro.-Lian declarou me deixando sozinha.

Fui até o balcão pedir outra bebida. Peguei outra cerveja, tomei um gole sentindo arder um pouco a minha garganta. Olhei para cima em esperança de encontrar ela. Mas já não estava mais ali. Voltei atenção a minha bebida tomando outro gole.

-O que faz aqui?-Senti o calor de uma voz em minha orelha, olhei para o lado encarando ela, do qual eu ainda não sabia o nome.

-Eu ainda não me decidi.-Declarei.

-Difícil achar pessoas como você aqui.-Sorriu.-Tipo, menor de idade. Ou se não for, é uma hetero curiosa.-Sorriu mais, fazendo minhas mãos soarem.

-Ou talvez eu só queira fazer o mesmo que você.-Olhei para ela que me olhava simpática. Passou a mãos em seus cabelos curtos o bagunçando mais.

-Como você se chama?-Perguntou.

-Helena.

-Nome bonito Helena. Origem grega.-Afirmou.-Significa luz?

-Não...

-Amor?

-Na verdade significa "a reluzente."

-Mas quase acertei.

-Sim, "luz".-Debochei, ela sorriu mostrando suas covinhas fazendo meu coração saltar.-Como você se chama?

-Amy.-Pegou sua bebida tomando um gole.-O que faz da vida, Helena?

-Estudo literatura, estou no ensino médio dela.-Peguei minha cerveja me virando para ela.-E você?

-Artes moderna.

Senti uma mão segurar meu ombro, encaro a pessoa vendo Lian sorrir. Ele se pôs ao meu lado com algum tipo de bebida que nunca havia tomado.

-Você está ai!-Percebi que ja estava completamente embriagado.-Vamos para casa estou morrendo de sono.-Se jogou em cima de mim.

-Tudo bem.-Segurei ele.- Tchau Amy.-Ela fez um aceno com a cabeça e segui meus passos para fora do bar. Por alguns momentos passou na minha cabeça que devia voltar e perguntar o número dela. Mas essa idéia logo foi embora quando a vi com uma mulher parecida com ela em seus braços.










Oi meus amores. Espero que tenham gostado. Minha inspiração nesse capítulo, foi do filme "Azul é a cor mais quente." Ao longo dos capítulos vou conversando com vocês pois tenho muito para contar.

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⏰ Última atualização: Oct 26, 2018 ⏰

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