forty ❀

6.6K 1.1K 1.2K
                                    



Taehyung caminhou pelo cemitério com a flor em sua mão. Ele subiu algumas escadas de cimento à procura do lugar certo do túmulo. Aquele lugar silencioso lhe trazia memórias ruins, mas mesmo assim ele continuava a andar.

Ele parou em frente ao túmulo e se inclinou para deixar uma flor.

— Eu não sei porque você quis vir aqui — sussurrou, enfim.

— É meu jeito de dizer adeus para toda a eternidade — Jungkook respondeu ao seu lado, apertando sua mão e logo em seguida abaixando-se.

Jungkook deslizou o dedo pelas letras do nome de Woojae e, respirando fundo, deixou a flor ali.

— Eu não odeio você. Na verdade, sinto pena. Você era doente e precisava se tratar...

Taehyung observou Jungkook com carinho e agradeceu aos céus, pela milionésima vez, por ele estar ali, vivo.

Se não fosse pelo trabalho dos policiais, Jungkook estaria morto naquele momento. Todo o trabalho que tiveram em conversar com Woojae e acalmá-lo foi realmente surpreendente.

Woojae tinha começado a chorar e, depois de empurrar Jungkook contra o chão, atirou em si mesmo.

Jungkook começou a gritar e a chorar na mesma hora em que o corpo do ex-namorado caiu no chão e Taehyung correu para abraçá-lo.

Quando Taehyung tocou o ombro de Jungkook, ele se virou e o agarrou, escondendo seu rosto em seu tórax e soluçando. Suas mãos seguravam as costas de Taehyung com força e seu corpo inteiro tremia.

Uma ambulância levou Jungkook até o hospital e, depois de fazer exames e curativos, ele foi interrogado pela polícia.

Em certo momento chegaram a questioná-lo sobre "por que não tinha largado Woojae antes", e tudo que Jungkook soube dizer foi "não teria acontecido exatamente o mesmo se eu tivesse deixado-o antes?".

Naquela noite, Jungkook ficou com uma única coisa em sua cabeça: por que as pessoas responsabilizavam a vítima pelo relacionamento abusivo e não o agressor?

Não fazia sentido a ele.

Devido ao trauma, Taehyung teve de dormir com Jungkook durante um mês inteiro. Só agora, dois meses depois, Jungkook tinha coragem suficiente para ir ao cemitério se despedir para sempre de Woojae — e de seguir sua vida como se nunca houvesse conhecido-o.

É claro que aquilo era uma maneira muito otimista de ver o futuro. Jungkook jamais se livraria das cicatrizes que Woojae tinha deixado em sua alma.

— Sabe o que é triste? — Jungkook comentou de repente, se levantando.

O vento no cemitério estava suave e brincava com o cabelo dos namorados.

Taheyung o olhou levantando uma sobrancelha.

— O quê?

— Que muitas pessoas passam pelo que eu passei e não conseguem sair vivas. Acho que tive sorte.

— Ainda bem que você voltou vivo — Taehyung entrelaçou suas mãos e o puxou para perto para abraçá-lo. — Eu não sei o que faria sem você, não gosto nem de pensar.

Jungkook sorriu, aninhando-se no abraço, mas então de afastou.

— Vamos embora? — pediu. — Parece triste te abraçar na frente do túmulo do Woojae.

— Agora que você diz, tem razão — concordou Taehyung. — É como sambar no túmulo.

Jungkook sorriu e entrelaçou sua mão à de Taehyung, puxando-o para irem embora.

— Eu estou com fome — disse Taehyung. — Quer comer pizza?

— Parece delicioso, Mestre Taehyung — Jungkook brincou.

Depois que os professores de Taehyung descobriram que Jungkook tinha sido praticamente sequestrado e quase morto, decidiram reagendar a apresentação de sua dissertação e Taehyung finalmente concluiu seu mestrado.

Jungkook tinha ido àquela apresentação, felizmente, assim como todos os amigos, e eles saíram à noite para jantar e comemorar.

Além disso, Jungkook tinha dado a Taehyung um presente: um pequeno pacote com estrelas e planetas, daqueles que brilham no escuro, e os dois passaram a madrugada preenchendo o teto do quarto com as figuras. Ao clarear o dia, eles fecharam todas as janelas do apartamento de Taehyung e deitaram no chão para observar a nova decoração.

Taehyung tinha adorado e brincou que, a partir daquele dia, eles poderiam fazer amor sob as estrelas e os planetas. Dito isso, Jungkook riu e o beijou, resolvendo que aquela seria a primeira vez.

Eles saíram do cemitério e procuraram pelo primeiro restaurante à vista.

Ficaram algum tempo conversando sobre coisas importantes e outras nada importantes. Falaram sobre Jungkook ter saído do trabalho e ingressado em uma faculdade. Falaram sobre o filme que tinham assistido na noite passada. Sobre a namorada que Sunggyu tinha arranjado. Sobre Baekhyun e Chanyeol, que finalmente estavam namorando sério. Falaram sobre Seulgi e Jimin. Sobre Namjoon e Seokjin. Sobre JR e aquele seu amigo, Minki, o casal mais recente do grupo.

Eles comeram até suas barrigas ficarem cheias e Taehyung ficou contando piadas nerds que, em sua maioria, não faziam Jungkook rir porque ele não entendia direito. No entanto, Jungkook ria mesmo assim, porque ele achava que amor era aquilo: rir de piadas ruins e totalmente sem graça, só para deixar a outra pessoa feliz.

Ah, sim. Jungkook amava Taehyung loucamente. Imensuravelmente.

Foi ao constatar isso que, no meio de uma piada nerd de Taehyung, Jungkook colocou a mão sobre seu pulso e disse meio afobado:

— Taehyung, eu tenho algo muito sério para te dizer.

— O quê?

— Bem, na verdade é proposta.

— Fala logo — Taehyung riu.

— Quer casar comigo?

Taehyung ficou parado por um instante, sem ação, mas logo riu.

— Você está falando sério?

— Eu nunca falei tão sério na minha vida inteira — respondeu firme.

— Mesmo com esse meu jeito nerd e estranho?

— Eu amo você com cada detalhe. Eu amo até mesmo suas imperfeições, Taehyung, e acho que elas são perfeitas — Jungkook respondeu com um sorriso, encostando seu nariz ao do namorado.

— Eu também te amo — Taehyung segurou seu rosto. — Às vezes parece que você tem um manual de instruções meu.

Jungkook riu.

— Por quê?

— Porque você sabe exatamente o que dizer. Exatamente o que fazer — Taehyung sorriu, encostando seus narizes. — Então é claro que eu quero me casar com você.

Jungkook sorriu de volta e encostou sua testa à dele:

— Eu te amo, Kim Taehyung. Obrigado por ter me encontrado e me salvado.



— fim —

IDGAF ❀ kth+jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora