Capítulo 7

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Simbora!

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Volto para casa com a sensação de dever cumprido, fiz o melhor que pude por Lili, ainda que um tanto insegura. E receber a aprovação de Tom me faz um bem imenso, afinal, trata-se de um de seus bens mais preciosos.

Sinto uma ansiedade fazendo cócegas no meu estômago também ao lembrar que à noite, após as crianças dormirem, seremos apenas ele e eu. Não sei como vou agir.

Encontro papai e mamãe à mesa, estão almoçando. Entro dizendo:

— Ora, mas ninguém me espera mais! Pretendiam comer tudo e me deixar sem nada, eu sei, eu sei. – Papai sorri, mamãe só revira os olhos e pergunta:

— Onde esteve, alguma reunião? – Sento no meu lugar e conto a eles o que houve.

— Não, mamãe, nenhuma reunião, foi outra coisa. Por volta das nove da manhã a escola de Liliana, a filhinha de Tomás, ligou procurando por ele, não conseguiram contatá-lo. Dolores atendeu e como a senhora não estava, ela passou para mim. Era a coordenadora da escola, para informar que a menina estava com febre e que o pai precisava ir retirá-la. – Mamãe fica preocupada:

— Oh, Deus, coitadinha! Mas Tomás não tem um telefone celular?

— Tem sim, mãezinha, mas receio que o aparelho esteja com problema. – Ela está aflita:

— Que coisa! Prossiga, filha, o que você fez?

— Pedi para falar com a diretora, eu não sabia quem era, mas por sorte trata-se de Regina Lombardi, lembra-se dela?

— Claro que sim! Oh, Regina, uma excelente profissional!

— Sim, ela é. Como não havia maneira de contatar Tomás, eu me ofereci para buscar Liliana. Embora seja terminantemente proibida a retirada de crianças por pessoas não autorizadas, ainda assim ela me autorizou retirá-la, em nome da amizade que tem pela senhora. – Mamãe fala, com a mão no coração:

— Oh, fico feliz que meus conhecimentos tenham servido para alguma coisa. É uma excelente política essa de não permitir que estranhos retirem as crianças. Mas toda regra acaba tendo uma exceção, não é mesmo, se não fosse assim, a menina teria convulsionado pela febre, que Deus a proteja!

— Exatamente, mamãe! Eu fui até a escola, Liliana estava encolhidinha em uma poltrona, tremendo de frio, uma cena de partir o coração.

— Oh, pobrezinha! Que bom que você foi até lá. Mas o que fez, já que nunca cuidou de uma criança?

— Eu a levei ao Doutor Vargas, acredita? Eu não conheço nenhum pediatra. – Papai, que até então só estava ouvindo, diz:

— Mas Vargas é clínico geral! O que ele disse?

— Implorei para ele examiná-la e, em nome da amizade que ele tem pelo senhor, papai, ele examinou. – Caímos na gargalhada os três. Papai diz:

— Oh, então meus conhecimentos também foram úteis!

— Foram sim, eu tenho pais maravilhosos e influentes. – Mamãe pergunta, ansiosa:

— E o que Vargas disse, Verena, diga!

— Liliana está com um princípio de amigdalite.

— Ah, coitadinha, isso justifica a febre, você também teve algumas vezes quando criança.

— Sim, eu me lembro. Depois disso eu a trouxe para casa e esperei o pai dela chegar. – Mamãe pergunta:

— Mas por onde andava Tomás?

Apenas o JardineiroOnde histórias criam vida. Descubra agora