Regra 2: Provoque

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Hoseok não sabia o que fez, quase entrou em Pânico. Não era bobo, falou demais e sabia que Taehyung não iria voltar, mas eis a questão: levar ou não levar?

– Ah, tanto faz. – Deu algumas batidinhas na porta e entrou. Se deparou com um pacote todo enrolado no meio na cama. O moreno queria rir, as vezes aquele estorvo conseguia ser adorável.

– Park...

Se permitiu sentar na cama e deixou a bandeja próxima a si, de uma forma que não derrubasse nada.

Debaixo das cobertas Jimin sorria. Taehyung era um gênio, fez uma nota mental para lembrar de agradecer o amigo mais tarde. Agora só teria que se preocupar em fazer o seu teatrinho.

– Jimin? – Hoseok se aproximou e tocou onde achava que estava o ombro do garoto.

Juntou toda sua força e talento em atuação, segurou o sorriso e virou lentamente, fingindo estar acordando. Coçou os seus olhos e forçou um biquinho quando se espreguiçou.

– Oi hyung. – Era a primeira vez que usara tal honorífico com o mais velho, até mesmo o próprio Jimin se surpreendeu, mesmo sendo intencional. – O que é isso aí?

Quando iria explicar, Hoseok pensou um pouco e percebeu que era uma forma sutil de atender aos caprichos do menino Park. Receber uma bandeja de doces na cama, óbvio que ele iria adorar e se sentir um príncipe, quase caiu naquela armadilha.

– O seu amigo fez para você e me mandou trazer. – Apontou com indiferença e saiu da cama, estava pronto para sair mas foi impedido.

– Só o Tae? Você não ajudou? – Estava visivelmente chateado, não queria nem encenar. Sua vontadezinha secreta estava se realizando e o babá tinha que estragar tudo, estava chateado de verdade.

– Por que? Você queria que eu tivesse ajudado? – Voltou a se aproximar da cama, tinha um sorriso debochado em seus lábios.

Bufou decepcionado, iriam começar com a chatice de novo, se provocar até um - Jimin - explodir e ir embora. E ele não queria mais, era engraçado quando as piadinhas não voltavam para si, só queria que Hoseok dissesse que fez os doces com carinho e queria faz um agradinho. Era pedir demais? Que inferno!

— Ok... Talvez, só talvez eu tenha ajudado aqui e ali.

O mais novo sorriu bobo mas logo se recompôs, pegando um pãozinho doce para provar.

Mais uma vez Hoseok tentou ir embora e mais uma vez Jimin impediu, agora segurando uma ponta da bermuda do outro. Claro que poderia se soltar facilidade, mas poder era diferente de querer.

– Já vai embora?

– Sim? eu deveria ficar? – Olhou desconfiado, mesclando com um pouquinho de esperança. – A madame vai querer ser servida na boquinha também?

Seu rosto ardia em vergonha mas não perderia a oportunidade.

– Ainda pergunta? – Fez sua melhor cara cínica, se encostou nas pilhas de travesseiros e esperou ser servido.

O babá revirou os olhos.

"O que era um peido para quem já está cagado?"

Não disse nada, apenas sentou na cama e pegou um dos doces. Jimin estava nervoso mas nunca em vida deixaria transparecer já que nem ele mesmo entendia o seu nervosismo, ia só comer um docinho, nada demais!

...

Ok era tudo demais sim, já não conseguia negar que tinha um tombo desde o primeiro dia que o conheceu.

Era estranho receber essa "atenção" enquanto passou semanas tentando ser notado nem que seja de forma negativa.

Tudo acontecia em câmera lenta, Hoseok levava os doces a boca de Jimin com uma calma irritante e a sua feição sedutora totalmente desnecessária.

Talvez não fosse realmente sedutora, talvez seja a paixonite de Jimin falando mais alto. E graças a essa paixonite, mantinha os olhos fechados e assim que terminava um doce, com medo de olhar demais e derreter ali na cama.

Borboletas brigavam em sua barriga toda vez que os dedos longos de Hoseok tocava os seus lábios, as vezes demorando, e as vezes encostando mais do que deveria.

Até quando os docinhos acabaram mas Jimin estava de olhos fechados. Evitando se constranger mais ainda com o olhar que sabia que recebia.

Sabia que sua boca e as bochechas estavam sujas e sabia que Hoseok usou aquilo como desculpa para tocar em sua pele.

As pontas dos dedos do babá parecia carregar eletricidade, davam choquinhos onde passava.

Quando abriu os olhos, percebeu estavam perto demais, era um clima estranho e Hoseok nem percebeu que era encarado, sua atenção estava na bochecha que fingia limpar.

Piscou os olhos com força, pensando em como fingiria que nada aconteceu, que seu coração não ficou acelerado ou seus pelos arrepiados.

Quando passou seu polegar pelos lábios carnudos, desistiu de tudo e não evitou beijar o polegar.

O babá sorriu, mas não era um sorriso de coração encantador e aquela pintinha adorável. Era um sorriso debochado, suspeitando dos sentimentos de Jimin. E para afirmar o sua especulação, se aproximou mais ainda, fazendo Jimin fechar os olhos por instinto.

Nada aconteceu.

Era de se imaginar que o menino Park deixaria Hoseok em paz. Mas imprevisível como era, Jimin infernizou cada vez mais o babá. Ele não tinha paz, Jimin o chamava a cada três minutos e descobriu mil e umas maneiras de chamar sua atenção, seja lhe dando algumas rasteiras, esbarrando o quadril em si, empurrando "sem querer" com o cotovelo. Park Jimin estava fazendo um inferno durante três semanas e Hoseok não sabia mais o que fazer.

Como se livrar de um mimadoOnde histórias criam vida. Descubra agora