varanda

onde você me beijava

Eu me lembro, Dowoon. 

Me lembro das suas promessas feitas na correria dos nossos selares. Lembro do correr do seu olfato pelo meu pescoço enquanto eu me acomodava em seus braços, e deixava que meu amor superasse minha consciência racional. Lembro quando o vento da varanda invadia a cama, e eu tremia de frio, após um momento que eu estava entregue completamente à você. 

Sempre estive. 

Mas nesses segundos, era um pouco mais. Porque você sabia que eu não conseguia fazer metade do que seus ex's faziam. Eu era apenas eu, inteiramente carmesim, vergonhoso e devotando meu amor em um contato mais luxurioso, que era a forma cuja tal - segundo suas palavras - melhor demonstrava o amor. 

Nunca achei isso. 

Achava que sentia amor nos seus sorrisos. Quando você ria largo, quando me dava aquele beijo desajeitado de manhã, e murmurava grogue que queria adormecer por mais minutos. Quando chegava cansado do trabalho, e me implorava para te arrastar ao banheiro, já que sua única vontade era se jogar na cama e dormir. Tomávamos banho juntos, já que eu sempre me molhava sem querer. Massagear seus cabelos era uma sensação gostosa. 

Para mim, também, amor era quando você me agarrava por trás na varanda de nosso quarto, e me beijava por onde conseguia alcançar, para sussurrar coisinhas bonitas. Para me dizer como eu era lindo nos seus olhos. Como eu era especial e único. E prometer que seríamos para sempre. 

Eu acreditei em você. 

Encarar a cidade iluminar seu corpo depois de um passeio cansativo, mas alegre, era a minha parte favorita da noite. Cozinhar alguma coisa que você iria soltar um gemido - aquele de quando estava muito saboroso, e seria seu próximo vício. Você comia rápido, sorria cúmplice e depois, levantava para encher meu rosto de beijos. 

Quando passamos meu aniversário juntos, e você finalmente pediu minha mão. Me disse que realmente era para ser e que poderíamos construir uma família bonita. Mas você sempre foi minha família. Era sempre o que eu tinha. Foi minha coragem, minha força, meu pedestal. 

Você se lembra quando eu consegui um estágio no hospitao infantil? Eu estava feliz! E você me disse que aquilo não espantava. Eu era perfeito e que quem não enxergasse aquilp, era burro demais. Você me fez acreditar em muitas coisas. 

Que eu era suficiente. 

Que seríamos para sempre. 

Que você me amava. 

E minha mãe costumava falar que o amor torna tudo mais fácil. Realmente, Dowoon. Tudo foi fácil ao seu lado. 

Foi fácil também, para você, me largar, não foi? Porque você sempre mentiu. Me enganou, me estragou, me fez criar uma utopia que não se realizaria nunca. Me fez sorrir, me entregar, amar de forma errônea. Nada mútua. 

Meus amigos me chamavam de bobo. Agora entendo o porquê.

Era fácil te desculpar pelos atrasos. Eu só notei eles agora. Também era fácil acreditar nas desculpas pelos lábios vermelhos e roupa amassada. Ou naquelas mensagens do seu celular. 

Tudo era muito fácil, Dowoon. 

E é fácil também, deixar meu corpo cair dessa varanda. Porque era ali onde você me abraçava, e agora, deixou-me apenas nas mãos da brisa.

||BOM DIA, BOA TARDE E BOA NOITE.
Pessoas tristes e pessoas que vão ficar tristes. A categoria angst é sempre ansiada e temida por quem é sensível, mas sempre acabam nela.
Tipo eu.
Uma otária.
E em homenagem aos otários, fiz essa aqui.||