Prólogo

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Ver todo aquele sangue escorrendo pelo pescoço e tomando conta de meu braço estava deixando-me enjoado, a medida que ele fincava mais seus dentes minhas forças iam diminuindo, estava exausto.
Eu tenho que me acostumar, não tem jeito, ele nunca vai parar. Pedir para uma pausa então nem pensar, até que ele não tenha mais sede tenho que lutar para ficar acordado, não quero que o pior aconteça. Mas dói tanto...
    - Mestre! - pedi em um sussurro e fiz força com o outro braço, alcançando a pele alva daquele vampiro que me tirava o sangue e puxei sua camisa, quase rasgando por tentar descontar a dor ali, e algo horrível aconteceu, o vampiro parou de se alimentar e levantou-se, me deixando no chão, acabado.
    - Levante-se - projetou sua voz por todo aquele cubículo que me encontrava e fez meus ouvidos doerem, logo obedeci. Fiquei de joelhos, com as mãos nas coxas e a cabeça abaixada, como que ele gostava e ordenava.
    - Bastardo! - deu-me um tapa e como consequência deste caí no chão como um simples brinquedo jogado no chão.
Talvez eu realmente fosse.
    - M-mestre... - ousei chamar por ele novamente, fechando meus olhos e deixando escapar uma lágrima solitária.
    - Não se esqueça que você é só um brinquedo que me serve de alimento. Não ouse fazer contato comigo com essas suas mãos imundas, humano insolente!
Quando pensei que seria chutado até bater na parede ele apenas virou-se e saiu pela abertura da cela, trancando-a logo em seguida, seguindo pelo corredor escuro e deixando-me sozinho novamente.

Como eu amo esses momentos sozinho.
Mas, eu bem que preferia morrer logo.

Meu nome é Dylan,  sou o prisioneiro de um vampiro, e a história de como vim parar nesse cativeiro é extremamente triste e horrenda.

Em 1996, quando o mundo já se a costumava com ideia de que passaríamos do século XX para o XXI aconteceu algo inesperado na região da América do Norte.
Canadá e mais especificamente, Estados Unidos foram atacados por criaturas que não eram seres como nós humanos, eram bem diferentes.
Eram frias como gelo, alvas como as nuvens e suas íris eram escarlates como o próprio sangue. Sua força ultrapassava a de cinquenta homens juntos, ou até mais. Podiam enxergar de coisas pequenas ao olho humano até coisas em longas distâncias. A sua velocidade se igualava com a luz e tinham caninos afiados e grandes, e isso assustava a qualquer um.
Eles foram nomeados de vampiros.
Ao atacarem, boa parte da população serviu de alimento e a outra foi dominada, sendo transformada em escravos, em meros ratos nas garras dessas águias. Apenas polícias e forças armadas especiais conseguiram fugir desse destino, guardando consigo o dever de um dia resgatar os da sua espécie.
Os vampiros então, foram orgulhosos e deixaram que eles brincassem com a própria vida, uma espécie de jogo para eles.
Mas em 1997, um ano depois da dominação vampiresca ser concluída, um humano cientista especialista na arte da química que trabalhava escondido no subterrâneo de uma empresa em Nova York conseguiu desenvolver uma bala capaz de matar um da outra espécie.
Quando foi apertado o gatilho pela primeira vez um som fino e baixo começou a ser soado, e logo após um estrondo foi ouvido, disparando a poderosa bala e acertando na cabeça de um vampiro que estava na mira, o matando.
Foi um alvoroço, os vampiros vendo um de seus irmãos ali mortos lhes deram fúria, assim complicando mais a vida dos humanos que eram escravos e tornando o trabalho das forças especiais mais difícil.
No ano 2000, vários agentes dessas forças foram escolhidos exclusivamente para sair nas ruas e testar os armamentos e as balas feitas especificamente para essa função, sendo chamados de Humans e a sua primeira missão teve sucesso quase total, e isso foi o bastante para que eles podessem buscar melhorar cada vez mais o ataque e um dia libertar todos os humanos dessa terrível situação.
Agora em 2002, com a terrível desaparição dos Humans, todos ficaram tensos e não tem mais como aguarda-los sem que se morra um pouco por dia apenas pela falta de esperança e pelo medo muito grande.

O que nos resta é esperar por uma salvação.
E eu, Dylan, ainda espero pelo meu marido, que antes que eu fosse pego, prometeu que viria pegar-me.

Isso se eu não morrer até lá.

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