I Created a Monster - Bj Alex

1- O jovem cientista.

Dong-gyun poderia ser descrito como várias coisas vindas de seus colegas e familiares, coisas banais como um jovem prodígio, um gênio, ou apenas... um louco. O que ele tinha para ser descrito de todas essas maneiras sendo que, a primeira vista, não passava de um mero estudante de ciências naturais? Bom, ele era um jovem realmente quieto e introvertido, sempre falava pouco e aparentava ter um péssimo sono, já que sempre estava com olheiras e olhar baixo por onde quer que fosse. Ele de fato era um jovem diferente dos que estudavam com ele, era visto como estranho por todos ao seu redor, porém ele não deveria ligar para isto, certo? Errado. Não é como se Dong-gyun não ligasse para isso, ele sempre estava tão imerso em seus próprios pensamentos, totalmente afogado naquele nicho de devaneios muitas vezes perdido nos imensos labirintos de sua mente, se imergindo totalmente em sua memória.

Seus passos soaram apressados pelos corredores estreitos daquele prédio, fazendo um inconfundível som assustador para quem não o conhecia, já imaginando que algo ruim iria acontecer logo em seguida apenas por aquele som horrível que seus sapatos ásperos causavam ao irem de encontro com o chão. Era Dong-gyun. O gênio mais incompreendido que você poderia conhecer, com sua aparência cansada e olhar vazio, parecia estar sempre entediado, porém, algo estava errado hoje. Seu olhar estava incrivelmente vivo, chegava a ser amedrontador vê-lo exalando aquele ar confiante, sua aparência estava ótima, parecia estar de bom humor e pela primeira vez em muito tempo também parecia ter tido uma excelente noite de sono. O jovem deu um sorriso para seu amigo e se sentou ao lado, abrindo imediatamente um livro grosso e empoeirado com o título de "Anatomia Humana vol. 3", imediatamente chamando a atenção de Chanwoo.

- Anatomia? Isso outra vez? - O loiro perguntou se apoiando na mesa, soltando um suspiro em desaprovação.

- A-Ah... desculpe. Eu iniciei um novo projeto ontem à noite. - Dong-gyun sorriu docemente, quase iluminando o local com sua feição angelical.

- Ugh, poderia imaginar apenas de te olhar, você nunca fica tão animado assim por nada . - Chanwoo revirou os olhos.

  Apenas alguns segundos passaram até o professor entrar pela mesma porta que Dong-gyun havia passado há pouco tempo, já iniciando a primeira aula daquele dia. O moreno apenas respirou profundamente e colocou o rosto em seu enorme livro, dando continuidade a leitura já iniciada antes mesmo de entrar na escola, antes mesmo de pôr a cabeça em seu travesseiro para dormir, antes de iniciar aquele seu "projeto" do qual falou para Chanwoo anteriormente.

De fato ele estava extremamente empolgado com o que estava por vir aquela noite, e ainda mais agitado para colocar seus planos em prática. Quais eram os planos secretos desse pequeno anormal gênio? Bom... ele estava planejando criar vida a partir de suas próprias mãos. Oh não! Ele não tinha namorada, muito menos queria ter filhos. Ele estava pensando em criar o homem perfeito. Um homem com físico que qualquer um iria admirar e querer ter para si apenas em uma pequena espiada, um homem que tivesse os olhos mais densos e profundos como o próprio oceano, onde ele pudesse se perder e querer ainda mais estar perto dele, ter seu corpo apenas para si. Ele planejava criar o namorado perfeito.

A aula terminou assombrosamente rápido aquele dia, talvez porque Dong-gyun passou o dia todo com imerso naquele grosso livro de anatomia sem prestar atenção em nada que o professor havia explicado durante a aula, ele apenas queria que o dia acabasse rápido para poder montar o seu modelo de homem perfeito com qual sempre sonhou. Ele estava ansioso para chegar em sua enorme mansão e dar início ao seu fabuloso "show", para que todos pudessem ver a perfeição que estava prestes a criar.

Assim que o sino bateu, o jovem e ingênuo cientista pegou seu livro sem ao menos dizer adeus para Chanwoo, apenas saindo da sala tão apressadamente que quase tropeçava em seus próprios pés, sentindo a necessidade de correr para casa o mais rápido quanto o possível. Desceu aquela escadaria enorme que no momento parecia ser infinita, quanto mais ele descia mais degraus apareciam em sua frente, e aquilo o cansava. Quando finalmente terminou aquela pequena corrida, iniciava-se mais uma em seguida: ir para mansão rapidamente.

Assim que chegou em sua casa jogou sua bolsa em um canto qualquer já retirando o casaco e entrando apressadamente, colocando seu livro em cima da mesa da cozinha não ligando muito para a bagunça de folhas, livros, lápis e canetas que se encontrava ali, não recebia visitas além das de Chanwoo afinal. Colocou um sorriso astucioso em seus lábios ao observar o desenho que havia feito antes de chegar na escola mais cedo, agora admirando todo o trabalho feito até então. A noite iria ser longa, seus planos para hoje eram muito mais macabros do que sua expressão adorável poderia revelar, Dong-gyun planejava roubar os túmulos do cemitério local. Afinal, como ele iria construir o homem perfeito sem ter as partes perfeitas?

{...}

Já era meia-noite e lá estava ele no portão do cemitério, com um capuz negro cobrindo sua face e vestes acadêmicas, junto de uma pá. Carregava um sorriso tortuoso em seu lindo rosto de pele pálida e macia, ele estava determinado a arrumar as peças perfeitas esta noite e nada poderia pará-lo. O jovem rapaz andou pelo cemitério à procura de túmulos de homens jovens para que pudesse os roubar e pegar suas melhores partes, ele queria mais do que apenas um monte de carne e órgãos cheirando podre, ele queria os melhores para poder criar o melhor. Primeiro, ele tratou de pegar os braços, torneados e muito bem definidos, de fato o homem que já os teve era muito forte, "sua viúva era sortuda por poder ser envolvida por esses braços magníficos" pensou Dong-gyun, certamente ela ficaria devastada em perdê-los de forma tão trágica. Mas isso não importava já que era para um bem maior, certo? De qualquer forma, ele os levou consigo, dentro de um saco preto. O próximo passo seria encontrar um torso apropriado com órgãos saudáveis, certamente bonito e agradável aos olhos de quem quer que o olhasse. Logo após um pouco de procura ele o encontrou, um pouco danificado porém aquilo não importava tanto, com uma linha e agulha aquele pequeno problema poderia ser resolvido rapidamente. O cerrou com cuidado, claramente não tendo mais fluxo sanguíneo ao cortar, sendo apenas como uma massinha de modelar, facilmente moldável a quem soubesse o que fazer com ela.

Aquilo estava bom para uma noite, porém, quando Dong-gyun iria sair do cemitério sem ser percebido, pôde avistar uma lápide no topo da colina, ela brilhava sob a luz da lua como as outras não brilhavam, o cientista estava sendo atraído para ela como mariposas são atraídas pela luz. Ao chegar no topo da colina, soltou no chão o saco que carregava com força, em seguida podendo ser ouvido um trovão seguido de um raio. O nome do homem na lápide era...

- Jiwoon.