PRÓLOGO

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Estou andando por uma floresta, onde não sei ao certo onde é, mas está muito escuro, minha visão opaca e com vulto, e ao mesmo tempo claro pelo brilho da lua crescente se esmaecendo com as nuvens que tampam, com uma leve chuva. O medo, a ansiedade é totalmente imparável. Atrás de mim, um homem que aparenta ser velho, usa terno preto, e uma gravata azul, mas não consigo ver bem seu rosto. Começo a andar mais rápido olhando para trás, e desesperado, começo a correr pela estrada de terra molhada, e este homem começa a correr também. Não entendo o porquê de ele estar atrás de mim. Depois de muito correr de algo que nem sei ao certo o que é, vejo uma cabana no meio dessa floresta, ela parece estar abandonada. Sua madeira já está começando a estragar, pois está ficando preta. Seu telhado, está quebrado, como se algo tivesse caído ali dentro. A pequena casa está rodeada de arvores, e entre as arvores, posso enxergar a lua iluminar ela. Enquanto corro, meu coração bate tão forte, que consigo ouvi-lo. Olho para trás novamente, e ele parece não estar cessando de cansaço, e não para de me seguir, eu estou muito cansado, mas não posso parar de correr. Apavorado, tento ir mais rápido, olho para trás novamente, tentando ver seu rosto, e tropeço num galho caído de uma arvore, bato meu braço esquerdo em uma pedra pontiaguda, e causa um leve ferimento. Levantando-me rapidamente, com uma dor que era suportável, e não ter me sujado caindo ao chão de barro, começo a correr novamente, e sem pensar muito para onde ir, sigo em direção desta cabana, giro a maçaneta e abro a porta. Como se não bastasse estar abandonada, o chão está cheio de folhas, como se um furacão tivesse passado ali. Não saber do que estou correndo, era totalmente atormentador, então entro no único cômodo da casa que possui uma porta, o banheiro. E rapidamente, fecho a porta, e me abaixo no canto do banheiro cheio de folhas, e fico em silencio. Não entendi porque a porta do banheiro ainda tinha uma chave, mas preferi deixa-la fechada. A minha frente, vejo apenas um pequeno banheiro, com o teto também quebrado, podendo assim passar o brilho da lua, havia privada toda suja por fora, sem conseguir ver o que tem dentro, me aproximo devagar da privada, e me impressiono desesperadamente com uma cabeça decapitada, já em sua forma de decomposição, o cabelo estava molhado, os olhos abertos, e uma expressão de desespero, como se o sujeito tivesse sido torturado antes de ser morto. E totalmente apavorado, sem o que fazer, escuto um barulho mais alto que a tempestade, que parecia mais um grito. Olhei para um pequeno buraco que havia na madeira podre da casa, e vi o homem de terno, correndo para uma trilha atrás da cabana. Olhando por aquele pequeno buraco, e tudo em silencio, vejo a trilha, e ele correndo em direção a o que aparentava ser um rio. Enquanto olho ele correr, muito rápido, ele olha para trás como se soubesse que estava sendo observado, e me abaixo rapidamente. Assustado pensei, se ele tinha me visto ou não. Me levanto para observar novamente, e ele tinha sumido. Eu fiquei mais calmo. Decidi sair do banheiro para ver o que havia na casa. Fui em direção a uma janela, mas não tinha nada, testei o interruptor da casa, mas nada funcionava, lembrei que estava abandonada. Fui para um cômodo, onde parecia ser a cozinha em um estilo americano. Começo a vasculhar as coisas presentes ali. Abro um armário, e avisto, latas de feijão, quando me aproximo para pegar, e um rato sai de dentro de um buraco no armário. Apavorado, jogo a lata na parede, e fecho a porta do armário. Aquela suposta cozinha, estava vazia. Começo a vasculhar novamente a casa, entro em um quarto. Havia um pequeno urso de pelúcia, sem um olho, desbotado, e pendurado na cabeceira de uma cama de ferro, e aproximo, sem tocá-lo. O urso de pelúcia, parecia está apontando para alguma coisa. Havia um criado mudo atrás de mim, andei até ele, e abri a gaveta, e dentro, um papel em branco, que parecia ser muito antigo, novamente ouço os gritos, como se alguém tivesse sendo queimado, e me assusto, pego esse papel, sem saber o porquê, coloco em meu bolso, e volto para o banheiro. Tranco a porta com a chave, e volto a olhar pelo pequeno buraco. Ouço gritos de uma garota pedindo socorro em direção aquela trilha. Saio rapidamente da cabana, e corro na direção de onde a voz está vindo. Sem o saber o porquê de estar tentando ajudar alguém no meio de uma floresta, olho para trás, vejo a cabana cair, se despedaçar, e virando um pó escuro. Continuo a correr na trilha, e seguindo a voz da garota que pede socorro, cada vez mais o grito de desespero da garota, fica intenso. Chego em uma ponte de madeira quebrada ao meio, impossibilitando a passagem para o outro lado, com um rio traiçoeiro, com pedras à mostra. E ao meu lado direito, uma placa de rodovia, e pintado de sangue, um símbolo estranho, nunca tinha visto um parecido. Me aproximo da placa, e vejo o sangue pingar sobre o chão de grama baixa, e vejo pegadas, aparentava ser um sapato social de tamanho quarenta e um. Sigo até onde as pegadas terminam, e me levam à esquerda da ponte. Avisto um tablado, e nele há uma pequena casa com muito acessórios de pesca. Ando até este tablado suspenso a um rio de forte correnteza. Ando até a ponta da estrutura, e muito assustado, vejo as pegadas de sangue passado sobre o rio, pingando na agua, como se houvesse uma ponte invisível ali. Avisto a garota do outro lado rio correndo desesperada, com uma calça jeans azul, uma blusa branca, e com o cabelo solto. Ela me olha ligeiramente, e corre de algo, mas não tinha nada atrás dela. Meu braço começa a doer muito, e minha cabeça começa a latejar de dor. Olho para trás, e um homem, que parece mais um açougueiro, que se aproxima de mim com uma foice, passos lentos, podendo assim ouvir a madeira do tablado ranger, e fungando alto, como se fosse um búfalo furioso. Começo a suar frio, tremer minhas pernas, meu coração dispara rapidamente. Enquanto ele se aproximava, eu tropeço em um balde de metal, e caio no chão olhando para o sujeito enquanto ele se aproxima vagarosamente levantando a foice. Começo a ouvir meu nome, ecoando na minha cabeça, achei que era a voz de Deus, dizendo que seria minha hora, e começa a ficar mais alto e claro, muito alto, e ficando mais perto.

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