Only You

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A escuridão que me envolvia foi aos poucos desaparecendo, esvanecendo em luzes e cores enquanto o silêncio era rompido por ruídos longínquos e um chamado constante. Uma voz. Tentei me concentrar para entender o que estava acontecendo e descobrir a quem pertencia aquele sonido, mas minhas pálpebras pesadas demais pareciam me trancarem dentro de mim mesmo, aprisionando minha consciência em uma penumbra estranha.

— Robin?

Novamente a voz se fez presente, dessa vez mais forte, mais perto. Seu tom não era grave ou desgastado pelas consequências do tempo, ao contrário, suas características mais agudas e vibrantes me guiaram a conclusão de que se tratava de alguém bem novo, ainda no florescer da vida.

Franzi o cenho ao tentar abrir os olhos, uma forte luz branca me cegou momentaneamente. Senti minha vista arder e uma leve dor de cabeça despontar nas têmporas. Era cedo demais para sair da escuridão.

Cogitei mover meus membros, mas tudo, repito, tudo estava dormente. Meus braços e pernas pareciam fracos demais para se erguerem, como se minha mente estivesse acordando sozinha, sem que o restante do meu corpo a acompanhasse.

Desisti por alguns instantes e me deixei ser novamente envolto por aquela atmosfera. Reagir custaria uma força que ainda não possuía.

Enquanto meu corpo permanecia imóvel, minha razão voltava a si. Flashes de lembrança percorreram meus olhos como projeções animadas em uma tela negra. Senti uma semente quente e doce ser plantada em meu coração quando as imagens de Roland e seu sorriso inocente apareceram, foi a primeira. Meu menino andava por dentre as árvores seguindo meus passos e brincando feliz, vestido de verde, meu filho segurava um pequeno arco feito especialmente para ele. Por sua pequena idade, o presente não incluía um conjunto de flechas, mas ele não se importara. A felicidade estava estampada nos olhinhos castanhos brilhantes e no sorriso com covinhas presente no rosto angelical.

Logo a imagem mudou. Meu pequeno ainda estava presente naquela lembrança, porém não estávamos mais na floresta encantada, caminhávamos de mãos dadas pela noite de Storybrooke. Vi Roland sorrir para mim e em seguida olhar para o lado oposto e fazer o mesmo com a pessoa que segurava sua outra mão. Não estávamos sozinhos. Meus olhos se ergueram e vi ela. Regina. Seu sorriso elusivo e olhar penetrante fizeram meu coração vibrar em jubilo.

Porém, com a mesma rapidez com que se alegrou, aquele órgão bateu forte e desesperado. A recordação feliz levou à outra, a pior, a última antes de tudo escurecer.

Hades estava à nossa frente empunhando o raio de Zeus, seus olhos eram consumidos pela ira e frieza. Ele não se importava com as consequências, objetivava unicamente o poder. O deus do submundo ameaçava e eu tinha a consciência que ele cumpriria. Seu ódio, entretanto, não estava destinado a mim ou minha pequena filha praticamente recém-nascida, seu intuito era contra o meu amor ao meu lado e, de modo algum eu permitiria que ele tivesse sucesso.

Regina merecia viver, merecia ser feliz.

Hades ameaçou mais uma vez e então fez o que prometeu. A luz do raio cortou o ar da prefeitura em direção ao meu amor. Não pensei duas vezes. No instante seguinte senti meu corpo esfriar, esvaziar. Havia sido atingido, não havia mais volta. Virei para Regina, queria vê-la nem que fosse pela última vez. Seus olhos assustados, perplexos e tristes foram meu adeus do mundo.

— Robin!

A voz gritou meu nome e então tudo fez sentido. Abri os olhos e ergui a cabeça do chão, ignorando cada um dos desconfortos que naquele instante pareciam ser mínimos comparados à angustia de não saber como ela estava.

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