Love You

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Queria poder dizer às dúvidas do meu coração que elas estavam erradas, queria ser capaz de afirmar que tudo se resolveu de uma forma bonita e simples, que a dor que acometeu o meu peito não existira e sequer houve frustração ao ver a reação de Regina perante minha volta da morte, mas não posso.

O silêncio que invadiu o espaço era quebrado apenas pelo zunido de energia que cada uma das três magias emanava.

Regina não sorriu ou veio ao meu encontro. Suas mãos trêmulas seguraram firme o balcão de bebidas ao seu redor e antes que sua mirada deixasse de me fitar, vi refletida nelas algo que eu odiei vislumbrar: confusão e dor. Por alguns instantes, ela apenas encarou o chão. Talvez buscando encontrar no solo as respostas que eu esperava que ela achasse em meus olhos.

Gostaria de acabar com o espaço entre nós e abraça-la, dizer que sim, tudo era real e que o amor que sentíamos havia superado o limite da vida e da morte, porém, eu não podia impor minha presença a ela dessa forma. Minha rainha precisaria processar e entender o montante de informações que lhe for a jogado em suas costas, e que até então eram impossíveis.

Bloody Hell — a fala exasperada veio do lado esquerdo, próximo à parede, na direção de onde o tal de Facilier estava sendo detido. Olhei de soslaio rumo à dona da voz, surpreendendo-me com a figura ruiva boquiaberta e de olhos arregalados. Não queria parar de fitar Regina, mas era impossível não notar Zelena surpresa, quase sem piscar, com uma postura totalmente diferente da petulância e inescrupulosa que conheci.

— Parem — falou Regina, em um murmúrio quase tão baixo quanto o próprio silêncio. A voz da irmã parecia tê-la despertado dos devaneios que minha chegada intempestiva havia causado. — Soltem-o! — bradou, dessa vez, alto e forte – sua voz tornou-se um som cheio de fúria ecoando no ar – ao passo que erguia o olhar repleto de raiva. Meu corpo congelou e meu coração errou a batida, eu conhecia aquela postura. Na floresta encantada, no ano perdido, testemunhei a tristeza e falta de esperança levar uma mulher sucumbir ao seu lado perverso, a rainha má. E a mesma coisa estava acontecido ali. Regina apertava os punhos e encarava as três mulheres que impediam o feiticeiro de se mover, ignorando completamente minha presença embasbacada perto da porta.

— Não! — Zelena respondeu firme, sem titubear, e para minha surpresa, olhando com consternação rumo à irmã. — Você precisa se libertar, sis.

— Soltem. Ele. Agora! — as palavras agressivas foram ditas de modo espaçado para enfatizar a ordem dada. Regina tinha todo o corpo tenso, empertigado em cólera e indignação. Os olhos sem brilho escureceram e transformaram-se em negros como uma noite sem estrelas e luar, como se tivessem sido mergulhados em um mar de trevas e vazio. As mãos se abriram e na palma delas, duas bolas de fogo se formaram. Um vento vindo de lugar algum, a circundou e a dominou. Era uma barreira de poder que mostrava o quão longe Regina poderia chegar se sua demanda não fosse atendida.

Corri a mirada pelo lugar, os demais ali presentes estavam tão estupefatos como eu. Regina parecia outra, a de antes. Poucos ali que eu pude reconhecer os rostos, não conheciam aquele lado da mulher que eu amo. Lucy empalideceu e começou a tremer, seus olhinhos foram tomados por lágrimas e a ponta do nariz avermelhou. A pequena deu passos para trás até correr para os braços de uma mulher de cabelos castanhos e pele negra, tão assustada quanto a menor. Henry abria e fechava a boca, tentava balbuciar algo, mas não conseguia, ele estava chocado demais perante a reação da mãe. Ivy engoliu a seco, mas manteve a cabeça altiva e a magia sob o desgraçado, que sorria triunfante. Zelena não mudou em nada a postura, ao contrário, continuou enfrentando a irmã com mais firmeza e determinação. Das três que imobilizavam o crápula, uma menina loira desconhecida para mim, cujo poder era da cor branca, parecia a mais estarrecida. Ela piscava com frequência, mas ainda assim, era possível ver a sombra do medo envolvendo seus olhos.

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