VIII - Here and Now, second part

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        Sétimo andar. Cheguei por meio do elevador mas, de toda forma a sensação de fadiga e a respiração desordenada não haviam cessado. 

        Três portas:

        Madeira escura.

        Pintada de branco.

        Vidro jateado.

        Qual seria? Qual das campainhas eu tocaria? 

        "Não pode falar com Louis nesse estado". Sentei-me ao chão para repousar, ainda respirava feito o asmático que eu sou. Retirei meu celular do bolso e percebi uma mensagem de Zayn.

"Mudança de planos, estou voltando para casa, se quiser conversar, estou à disposição. Xx." 

        Agora não, não quando estou à frente do apartamento de ninguém mais ninguém menos que Louis Tomlinson em plena uma hora da manhã. 

        Encostei minha cabeça na parede e estiquei minhas pernas pelo chão. Meus pensamentos foram tomados por "quem é que ele estava beijando?". Eu estava com... Ciúmes? Não, claro que não. Ciúmes de alguém que não vê há anos? Pare de ser idiota, Harry. Mesmo que eu quisesse, eu não tinha o direito de sentir ciúmes de Louis, ele já não me pertencia mais, eu já não o merecia mais.

        Voltei a vestir a jaqueta, aquela que um dia ficara grande em meu corpo, e levantei-me, vendo que haviam se passado uns bons oito minutos enquanto eu disperdiçava tempo refletindo sobre meu ciúmes simultâneo e descansava minha respiração. Caminhei em direção da primeira porta, a de vidro jateado, que me permitira ver que a luzes estavam todas apagadas, parecia um escritório, talvez um consultório médico, mas com toda certeza essa não seria a porta que eu procurava. Segui à segunda porta, a pintada de branco, aquela que um dia fora uma árvore e agora era só uma madeira trabalhada e coberta de tinta. Encostei meu ouvido na mesma, tentava ouvir qualquer sinal de movimento dentro do apartamento, e havia movimento, haviam passos, mas e as vozes? Não as ouvia. 

        Caminhei sobre o luxuoso carpete vermelho do corredor em direção da última porta, a marrom escura, mais uma vez encostei meu ouvido na porta e agora pude perceber que não havia nada a ser escutado, procurei uma campainha e pude perceber que essa era a única porta que não havia uma. Em um gesto ousado, girei a maçaneta, e agora o outro lado da porta se revelava apenas um armário onde eram guardados produtos de limpeza para o edifício. Cheguei à conclusão de que se tratava de um duplex. Ótimo, agora já sabia qual campainha eu tocaria: a única que sobrara. 

        Retornei, em passos silenciosos, à porta branca e senti um lapso de realidade me invadir, pela primeira vez na noite eu senti que o que estava para acontecer era nu e cru, era verdade e eu deveria ter plena consciência disso. Foi como pensar "wow, eu estou mesmo aqui, e eu estou mesmo fazendo isso". Mal sabia o que estava por vir, mal sabia o quão realidade aquilo tudo era. 

        Pela última vez me coloquei à escutar o som ambiente do outro lado da porta. Música, não tão alta e risadas de fundo. Meu coração acelerou quase que imediatamente ao ouvir o timbre daquela risada, e involuntariamente meus olhos se arregalaram. A sensação de "frio na barriga" voltara, agora mais constante e mais intensa, oh não. Eu estava me mordendo de ciúmes, ele estava rindo, ele estava feliz, ele estava contente sem mim.

        Respirei fundo.

        Um... dois... três. 

        Pressionei a campainha, de olhos fechados. Só desgrudei meu dedo da mesma quando o semblante masculino, que havia visto a poucos instantes, apareceu diante da porta. 

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