Interesses

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Olhando para o relógio enquanto me percebo sozinha no elevador no meu primeiro dia de trabalho, vejo que cheguei cedo demais. Lá fora na recepção quase vejo almas penadas no caminho de tão só que o ministério amanhece. Pelo que eu vi só a recepcionista e os outros funcionários terceirizados são os primeiros a chegar. É triste saber que esse tipo de coisa é comum e que sempre são eles os primeiros.

Em compensação me sinto mais leve ao estar só no elevador, serve como aqueles minutinhos de silêncio e calma que a gente tem antes de ter um ataque do coração. Só de pensar que eu vou ser apresentada para os demais funcionários e talvez até para o ministro me deixa meia ansiosa.

- Bom dia. – Um garoto entra no elevador e sorri para mim –.

Levo um susto que rapidamente é disfarçado com um sorriso meio tímido -.

- Olá, bom dia.

Seu cabelo era liso e castanho, seus olhos eram cor de mel e ele tinha baixa estatura. Vestia uma blusa de frio grossa azul bebê e uma calça jeans preta.

- Então, vai para qual andar?

- O último. Hoje é meu primeiro dia no estágio, vou trabalhar no gabinete do Fernando Haddad.

Ele me olha meio surpreso e aparentemente animado

- É mesmo? Eu também sou do gabinete do senhor Fernando Haddad. Sou estagiário também, trabalho há quase um ano. Eu soube semana passada que abririam vagas esse ano no gabinete dele. Parabéns, querida.

- Obrigada – Digo meio baixo – É bem acirrado, né?

- É, mas o bom é que você conseguiu. Posso apresentar melhor o gabinete pra você mais tarde. - Diz com um olhar divertido e até meio malicioso. – Até porque se você for quem eu estou achando que é, eu precisaria conversar no fim do dia mesmo.

Se eu for quem ele está achando que é?

Quando penso em questioná-lo a porta do elevador se abre e ele desce. Percebo que ainda estamos no anti penúltimo andar.

- Só preciso resolver algumas pendências com uma colega. Volto num instante, querida.

E eu o vejo sair de um jeito meio saltitante seguida de um abraço caloroso que ele dá ao encontrar com uma colega. Quando ele começa a falar com a tal colega a porta do elevador se fecha e começa a subir para o último andar. Pelo que parece é o tipo de pessoa extrovertida e comunicativa do trabalho, já conheci muitos desses e gosto.

Eu só não entendi a história do "Se você é quem eu acho que é". Deve ser alguma brincadeirinha em que provavelmente estou sendo confundida.

O elevador para e abre. Saio dele e ao olhar para os cantos vejo a secretária que me atendeu e me entrevistou. Aceno para ela e vou em sua direção

- Oi Luana, tudo bom? Bom dia, seja bem-vinda – Ela acena de volta junto com um sorriso simpático -.

- Oi, bom dia. Obrigada Alice. – Me sento no sofá de espera -.

- Não sente aí, fique aqui na minha frente. Temos algumas instruções a mais que você deve saber e seguir. – Ela aponta para a cadeira vazia na sua frente -.

Ela me dá algumas instruções básicas de serviço que já sabia por ter trabalhado em outros gabinetes, mas também ela me dá instruções minimamente estranhas. Não conversar com o ministro e só "incomodá-lo" quando necessário, dar total privacidade ao ministro e sigilo e que caso visse algo de "diferente" que a comunicasse primeiro são algumas delas.

No fim da conversa ela me pediu para que procurasse um tal de Matheus, um estagiário que iria me apresentar melhor o local de trabalho. Acredito que esse Matheus seja o mesmo que me encontrei na saída do elevador, já que ela também disse que ele tinha se ausentado para resolver problemas lá no anti penúltimo andar.

Com isso, ela me leva para a parte principal do gabinete cheia de mesas de madeira e aponta a minha. Pede para esperar o estagiário e também me pede para fazer o cadastro online no Ministério da Educação.

-//-

Depois de 40 minutos de espera e com o cadastro pronto, resolvo conhecer a copa e tomar um café. Vou até a copa e procuro por toda a cozinha um copinho de plástico, olho no armário na parte de cima, debaixo e finalmente encontro o copo no armário pequeno que estava ao lado da geladeira. Me agacho e abro a embalagem do copinho ali.

- Oi? Sentiu a minha falta? – Uma voz masculina me assusta –.

Eu me viro em direção a voz e vejo que é o estagiário.- Me levanto meia desastrosa-.

- Oi – rio meio envergonhada – A Alice falou que você me apresentaria melhor aqui, mas eu acabei não resistindo e vim tomar um café. Eu realmente quero que você me apresente a copa, quase que não acho o bendito do copo! – Dou um sorriso meio constrangedor –.

Ele tenta disfarçar mas ri também.

- Tá tudo bem Luana. Logo, logo você conhecerá melhor o espaço. – Ele muda a expressão risonha e segue para uma mais séria e se aproxima de mim – Mas antes disso tudo... você conhece algum estagiário do ministro da Integração Nacional?

Minha expressão risonha/constrangida some e uma cara curiosa se faz.

- Não... eu acho? Alguém de lá me conhece?

- Eu acho que não, ou não deveria já que esse é o seu primeiro dia e basicamente o ministério aonde ele trabalha é um pouco, para não dizer muito, longe. – Ele fica mais sério e me encara – É que na verdade o estagiário pediu o seu número.

- O meu número?

- É. Só que ele me disse que quem pediu o seu número não foi ele, diretamente. – Ele ri de novo – Até porque eu e o estagiário já ficamos– Na verdade parece que o ministro quer o seu número.

- Oi? – Não consigo não disfarçar a estranheza na minha expressão. – Mas por que o ministro quer o meu número? – Verbalizo algo que deveria ter ficado só na minha mente.

- Não sei, definitivamente. Você vai dar o seu número?

Então galera hoje é o último dia que escrevo essa fanfic nesse fds. Segunda-feira volta a ser entregue/escrita todo dia, tá bom? É que eu estou repensando algumas coisas, pensando em colocar outras novas e preciso de uma organização maior pra fazer isso. E além disso quero ter uma escrita mais descritiva e mais bem trabalhada, daí preciso beber de algumas fontes. Então é isso, beijos e bom final de semana. <3

PS1: Algumas informações/erros foram mudados/corrigidos dos dois capítulos anteriores. Mas não faz diferença pra história. Vou tentar errar menos pra parar de ficar editando desnecessariamente.

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