Capítulo 1 - Nosso encontro

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Outubro de 2020

Era uma manhã de domingo, eu estava tentando dormi, mas Rute insistia em ligar o som alto toda manhã, tentei abafar o som colocando o travesseiro na orelha, mas não deu certo, nunca dava. Me levantei e segui a passos pesados até a porta do seu quarto, que ficava a duas portas da minha.

- RUTE?! - bati freneticamente na porta.

O som abaixou e depois de alguns segundos ela abriu a porta.

- O que é? - ela revirou os olhos.

Cigarro na mão, maquiagem borrada, roupas rasgadas, rock ensurdecedor e fumaça saindo do quarto, minha irmã mais velha estava igual a todos os dias.

- São 07h00 da manhã, estou tentando dormi. - cruzo os braços e a encaro.

- E daí? - ela deu de ombros.

- Olha, eu fui dormir tarde ontem porque eu estava estudando, enquanto você estava naquelas suas raves, porque diferente de você eu não quero tá com 22 anos e ainda morando na casa dos nossos pais, então vê se dá um tempo e abaixa esse som, antes que os vizinhos chamem a polícia.

Se é que iam chamar, eles já estavam acostumados, todo dia, ela voltava de madrugada e drogada de uma daquelas festinhas que ela vai, chegava no outro dia de manhã e ela deixava evidente sua presença.

- Calma, irmãzinha. - ela disse após dar uma tragada.

- Não mora só você nessa casa.

- Rute, algum problema? - uma voz masculina pergunta de dentro do quarto.

- Nenhum, é só minha irmãzinha. - ela responde.

- Trouxe outro homem pra casa? - revirei os olhos.

- Problema meu, agora que eu já escutei sua reclamação, sai daqui.

- Abaixa o som. - insisto.

- Se eu abaixar essa merda, você desinfecta de vez? - ela revirou os olhos.

- Sim. - respondi.

Ela bateu a porta na minha cara, para variar, ouvi o som diminuir, mas não muito, ela adorava fingir que interpretava de outra forma o que dizíamos.

- Mô, olha meu desenho. - Rômulo mostrou seus rabiscos em uma folha.

- Agora não, Rômulo. - afasto ele do caminho.

- Só uma olhadinha. - ela pede fazendo sua carinha de cachorro sem dono.

- Depois. - ignoro ele.

Vou até a cozinha atrás da minha mãe, ela estava como sempre colocando em uma tigela os cereais com leite do meu irmãozinho.

- Mãe? - chamo por ela.

- Que foi, Ramona? - ela perguntou.

- Rute! Eu tô morrendo de sono, sabe que estudei a noite toda, e ela tá com esse som infernal de novo.

- Tenha um pouco mais de paciência com ela. - minha mãe respondeu.

- Mas do que eu já tenho? Impossível. - sentei a mesa.

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