A Chama Violeta

Capítulo 1

Acordei. Passei a noite em claro, nervosa com o que aconteceria hoje. Consegui dormir um pouco agora pela manhã, e ainda sim acordei elétrica.

Tomei um banho e chequei se tinha colocado tudo nas malas. Eu iria me mudar; iria me mudar para uma academia, onde eu posso aprender a ser eu mesma.

O mundo em que vivemos é dividido em cinco partes: Norte, Sul, Leste, Oeste e Centro. O Norte é frio, úmido e os cristais de gelo são quase que constantes. No Sul, o clima é árido e quente, um horror. O Leste tem uma temperatura amena e cheia de praias deslumbrantes, e o Oeste é cheio de florestas exuberantes, ricas em biodiversidade. O centro é a junção de todos esses climas – cheio de megalópoles modernas e riquíssimas. Eu pertenço ao Norte.

- Heidi, desça. – Meu pai, Jorge, falou do andar térreo. – Precisamos tomar café da manhã para irmos logo.

Ele era bem rígido e metódico. Igual a minha mãe. Mas eu os amava de qualquer maneira. Eles me deram uma vida boa e feliz, fora o talento que eu herdei deles.

Sim, talento. É assim que chamamos os poderes que temos. Eu posso hipnotizar as pessoas com os meus olhos e voz. É incrível. Meus pais são peritos neste assunto: conseguem influenciar todas as pessoas que conhecem; têm eles na palma da mão, como fantoches. Espero ser tão poderosa quanto eles um dia, e é para isso que eu estou indo para a academia. Lá eu vou aprender e aperfeiçoar meus dons.

- Nervosa para a mudança? – Minha mãe, Cassandra, falou, servindo-se de café.

- Muito. Mal consegui dormir. – Falei, sentando à mesa.

Peguei uma xícara e me servi de chá de frutas vermelhas – meu favorito.

- Só chá, querida? – Meu pai perguntou, comendo um pedaço de pão de forma com algum queijo caro.

- Sim. Estou sem fome. – Dei de ombro e tomei o chá.

Depois de uma meia hora, partimos ao aeroporto, mas só eu viajarei. A despedida foi triste e um tanto dura. Meu pai chorou um pouco e pediu para eu dar o meu melhor, enquanto minha mãe desejava tudo de bom e que iria mandar dinheiro toda semana para eu me divertir e poder comprar algo.

Agradeci, com os olhos marejados, e embarquei. No avião, grande parte dos passageiros era como eu: futuros alunos da academia. Estava começando uma jornada agora, em busca do poder.