•Chapter 1•

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"Você sempre foi inútil na minha vida"

"Você nunca foi o suficiente"

"Ela é bem melhor que você"

"Eu nunca te amei"

"Estou muito melhor sem você"

Repetia, mais uma vez, essas palavras em minha cabeça, antes de começar a passear a lâmina gelada em minha pele, que se encontrava quente por conta do moletom que eu estava a vestir, me causando um pequeno arrepio, logo vendo meu sangue da cor vermelha mais bela se libertar, e as lágrimas salgadas começarem a rolar por meu rosto e enfim caindo sobre o tecido da minha veste.

Se eu sinto dor? Claro, afinal meu pulso não é de ferro. Os motivos doem bem mais que os cortes.

Já faz um tempo desde que comecei a fazer esses "alívios" em minha pele.
Eu não sei o que acontece.
Eu não me sinto eu mesma.
Não sinto vontade de sair.
Vontade de conhecer pessoas novas.
De fazer tudo que eu amo.. ou, pelo menos, amava.
E sabe o que é o pior? Ninguém perceber. Eu estou quebrada, sozinha, a beira de um penhasco, prestes a me jogar e esperar meu corpo se chocar contra o chão.
Eu não me sinto viva.
Nem consigo explicar, de forma concreta, como isso é.
Eu estou desesperada.
Por favor, alguém me faça sentir algo, que não seja essa dor insuportável.

Como acabei assim? Bom, é doloroso lembrar.
Sim, eu sei que sou inútil na vida das pessoas. Mas ele era o único que eu pensava o contrário, eu realmente achava que eu significava algo pra ele, que tudo que estava acontecendo entre nós.. era real, e não uma mera ilusão que iria fazer um grande estrago em mim. Bom, vou deixar essa história pra depois..

Ao terminar de me "aliviar", tirei minhas vestes e caminhei até o banheiro, fazendo uma trilha de gotas de sangue no chão.

Liguei a ducha deixando a água quente escorrer por meu corpo, causando aquela típica sensação de esquecimento e leveza. Como se todos os meus problemas estivessem dando uma pausa.

Após o banho, vesti uma camisa clara, de manga comprida, e uma calça moletom, da cor preta, para esperar meu irmão chegar. Esse é o único que sabe dos meus cortes.. mas não entende como me sinto. Ele é um ótimo irmão, faz de tudo para me ver bem, e isso é muito bom.

-S/N? - despertei dos meus pensamentos, que iam longe, ao ouvir a voz do meu irmão, que parecia vir do corredor.

-Oppaa - Sai do meu quarto rapidamente, e dei um abraço desajeitado no mesmo.

-Oi pequena.. estava chovendo no horário de saída da sua escola, saiu mais tarde de lá? - Ele indagou retribuindo o abraço.

-Não.. eu vim mesmo assim - respondi simplista,o libertando do meu abraço de urso, e dando um passo para trás.

-Se molhou? Não quero que pegue um resfriado.. - ele disse passando as mãos em seu cabelo loiro, bagunçando os próprios fios, que se encontravam, praticamente, encharcados.

-Eu tô bem, Namjoon.. mas então, vai assistir algum filme comigo hoje?

-Olha, eu sei que a gente sempre faz isso, mas hoje, meu amigo vai vir aqui. Se quiser ficar com a gente, a vontade. - Ele tirou a camisa molhada, se secando com uma toalha, e depois a pendurando em seu ombro.

-Tá.. eu posso ficar no meu quarto, ouvindo minhas músicas até dar sono, enquanto você se diverte jogando vídeo game com esse tal amigo. - dito, fazendo um leve draminha, enquanto caminho em direção ao meu quarto.

Senti sua mão pousar sobre meu ombro, me segurando e me impossibilitando de dar mais algum passo.

-Eu quero que você fique com a gente.. nada de ficar se deprimindo no seu quarto..

-Não tô afim - respondi friamente, e cruzei os braços, o encarando com um certo deboche.

-Se você não melhorar seu humor, eu vou usar minha arma secreta..

-Namjoon... - dei alguns passos pra trás, temendo o que ele ia fazer.

Em um movimento rápido, ele me pegou no colo, me envolvendo em seus braços másculos, e me carregou até o sofá. O maior começou a passear os dedos em minha cintura e barriga, fazendo aquelas malditas cócegas. ash.. meu ponto fraco.

-Ah.... para... oppa!..- gritei entre gargalhadas altas.

-Vai jogar com a gente? - ele indagou, novamente, arqueando uma de suas sobrancelhas.

-Tá... eu vou - Me rendo, tentando tirar suas mãos de mim. Tentativas falhas.

-Então tá - para, finalmente, as cócegas e sorri mostrando suas lindas covinhas - agora eu vou tomar banho. Como pode ver, estou encharcado por culpa da chuva.. Se meu amigo chegar, você abre a porta e o manda entrar, certo?

-Hmm.. tá - Ditei me aconchegando no sofá, e sorri usando meus lábios.

Pra quem estava afundada na tristeza há pouco tempo, não é?
Meu irmão me faz esquecer daquela sensação horrível, que é me sentir vazia. Infelizmente, isso é momentâneo.

Assim, ele deu uma leve bagunçada em meu cabelo e foi andando em direção ao corredor.

Passaram alguns longos minutos, e o silêncio foi quebrado pelo som da campainha soando.

Levantei-me e me arrastei até a porta, pois me encontrava em um nível muito alto de preguiça. Ao atender, vi um garoto pálido.. olhos pequenos, e de cabelos loiros meio platinados.
Ele me pareceu familiar..

Flashback on

Estava debaixo da cobertura de um prédio, esperando a chuva passar, só que ela só tendia a aumentar. Estava morrendo de frio.

-Olá.. - um garoto desconhecido aparece, com um guarda-chuva, caminhando até mim - quer que eu te acompanhe até o ponto de ônibus? Parece que a chuva não vai parar tão cedo..

Apenas fiquei em silêncio o encarando, não costumo interagir com seres humanos.

-Não que eu esteja te chamando pra sair... é só que.. ah, não quero que fique resfriada.. quero apenas ajuda-la - ele sorri sem graça, seu sorriso mostra suas gengivas. Achei fofo.

-Obrigada - me junto a ele em baixo do guarda-chuva. Hesitei um pouco.. mas fazer o que, né? Eu estava mesmo precisando da ajuda dele.

Caminhamos em silêncio até chegarmos no ponto de ônibus, onde nos separaríamos, e, talvez, nem fôssemos nos ver mais.

Acenei pra ele, agradecida pela sua ajuda, antes de entrar no ônibus. Ele saiu andando na direção oposta..

Flashback off

-Ah... Oi - o cumprimentei, meio sem graça.

-Essa é sua casa? Nossa, não sabia que você era a irmã do Namjoon..

-É, eu sou.. Monnie disse que é pra você entrar - ditei dando passagem para ele passar.

-Monnie? - ele riu fraco. Provavelmente, por conta do apelido fofo, porém, engraçado.

-É o apelido fofo que eu dei pra ele quando éramos crianças.. ainda o chamo assim - ditei me sentando no sofá. Tirei meus pés do chão, me sentando como índio sobre a superfície macia e confortável do sofá.

-S/N, ele já chegou? - ouvi a voz do Namjoon - Ah Oi, Yoongi! t
Trouxe o jogo? - ele surgiu na sala, logo sentando-se no tapete, na espera de que Yoongi fizesse o mesmo.

-Como eu iria esquecer? Vamos jogar logo.. vou massacrar você - Yoongi sorriu maligno, o que me fez dar uma gargalhada fraca.

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⏰ Última atualização: Nov 09, 2018 ⏰

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