Glicose resfriada

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Desci as escadas do laboratório decepcionada, faminta e exausta, passei quatro horas continuas observando o comportamento das células cancerígenas no líquido da medula óssea de um anônimo.
Meus olhos viam glóbulos brancos de olhos fechados, e as fotos dos pacientes só me deixavam mais para baixo.

Talvez a evolução humana não seja tão fantástica assim, o câncer evoluiu com a humanidade e a humanidade está acabando com o mundo.

Isso é o " Chupa essa manga" da mãe natureza.
Dirigi-me ao refeitório do campus torcendo por comida de qualidade, andei discretamente até o balcão e peguei qualquer opção sem carne e paguei.
Seja invisível Eureka, cantarolei baixinho.
É realmente patético que eu Eureka Jones a primeira na turma de Biologia Celular, com o sonho de curar o câncer!!!
Tenha de me esgueirar invisivelmente pelos corredores, pátios e todo lugar frequentado por Homo sapiens por causa de alguns acéfalos cretinos que insistem em me atormentar tanto por meu nome quanto por eu ser quem sou. Realmente humilhante, sussurrei para mim.

O plano estava dando certo até sentir o cheiro familiar de Tutti frutti e um liquido gelado descer por minha nuca e costas, virei-me devagar a fonte do líquido e vi os olhos felinos de Angelina vadia Snow em divertimento.
- Ops- ronronou de modo inocente.
Eis que se Deus tivesse dado asas a cobras também teria dado pompons e um kit de maquiagem, pois Angelina Snow era o conjunto de todos os nomes feios e vulgares que consegui pensar em dois milésimos.
- Sem problemas- respondi sorrindo.
Engolir meu orgulho era a primeira pior parte, fingir que não poderia chutar a dela com um golpe de Taekwondo era a segunda e ter de sorrir amigavelmente era a terceira.
- Isso mesmo, não queremos problemas né meleca- cuspiu em diversão.
Não precisei responder, todos do refeitório nos olhavam e a ultima coisa de que eu precisava era de um vexame maior e uma expulsão por quebrar a cara de uma aluna dourada ( Filha de um dos colaboradores mais generosos do campus).
Abaixei a cabeça e segui em frente, quando cheguei no meu quarto a fome tinha ido embora e no lugar dela vieram as lágrimas.

Peguei a foto da mamãe e sorri ainda em lágrimas, toquei seu rosto sorridente com cuidado.
- Eu te amo e serei forte por nós duas- sussurrei.
Depois de um banho demorado, comi meu lanche e adormeci agarrada a meu livro de Citologia.

Síntese do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora