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◤história em processo de reescritura, peço perdão por qualquer quebra de contexto◥

10/20

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Wonwoo encarava o teto vazio enquanto apoiava o próprio rosto nas mãos, não tinha mais nada pra fazer.

Pensou em fazer café, mas a casa tinha uma cafeteira enorme de marca chinesa que ele nem sequer sabia ler o nome, imagina tentar mexer? E ele também não era tão habilidoso assim com coadores e panelinhas, então era melhor deixar quieto.

O bolo ele não sabia ver se estava bom, mas, para sua sorte, Kim havia deixado um alarme para quando a massa estivesse completamente assada. Comida ele nem chegava a pensar em tentar fazer, havia ficado muito dependente de Jeonghan que sempre deixava sua refeição em pratinhos no microondas assim como a mãe de Mingyu, então nunca aprendeu a cozinhar, mal sabia fritar um ovo sem melar o fogão todo de óleo.

Estava no completo tédio.

Sentiu a presença do outro na cozinha e o observou em silencio, vendo este seguir ao fogão com uma calça cinza de algodão e um casaco felpudo de ursinhos. Mingyu ainda tinha os mesmos gostos infantis de quando eles se conheceram, e isso era tão fofo. Não que ele esperasse uma enorme mudança nesse curto período de tempo, na verdade, Wonwoo estava feliz por ainda ter disponível o mesmo melhor amigo de sempre.

—  O bolo já está bom? —  A voz do Kim despertou-o e ele negou.

—  O alarme ainda não tocou, então eu acho que não.

—  Ah, acho que vai demorar um pouquinho então. Você quer ir dormir logo? Amanhã eu faço uma cobertura.

— Mas você não acha que o bolo pode queimar? — Mingyu negou.

— O forno vai desligar no tempo certo, pode confiar. Vamos deitar, eu estou cansado. Sabe como é né?

— Na verdade, eu não sei não. — Wonwoo deu de ombros, com um sorrisinho. Sorriso este que sumiu com a próxima frase:

— Puts, eu tinha esquecido que você é desempregado. Que pena então, mas eu já estou indo dormir, tá? Pode ficar aí.

— Ei, eu sou desempregado, mas não sou desocupado, tá? Estudar cansa muito!

— Claro, com toda certeza. — disse Mingyu, já voltando para o corredor dos quartos, vendo que o outro veio correndo atrás dele no minuto seguinte.

— Volta aqui, eu vou te contar tudo que eu fiz de cansativo hoje!

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Depois de apagar as luzes, Wonwoo se preparava para dormir no quarto da senhora GyuMin. Era mais espaçoso que o quarto de porta azul e tinha dois guarda-roupas, sendo um com poucas roupas dela e outro com algumas tralhas que Mingyu resolveu guardar. Woo, como bom fofoqueiro, decidiu olhar um pouco daquilo, achando algumas fotos do mais novo e até cartinhas espalhadas em bilhetes rosados, muitos deles assinados para si.

“Com as curvas do corpo extremamente delicadas, ele prendeu minha atenção desde a primeira vez que o vi. O rosto bem marcado junto ao fios negros de lavanda cativaram meu olhar como nunca, me deixando acorrentado aquele garoto mais velho que parecia castigar-me a cada passo dado, mostrando que mesmo querendo não poderia tocá-lo.

Ah, como invejava todos os alimentos massacrados por seus lábios macios como o próprio veludo, tão doces e bem desenhados que nem pareciam ser reais. Seria Jeon Wonwoo algum ser de outro mundo? De uma galáxia diferente em que só se cultivavam pessoas a beira da perfeição, onde ele se sobressaiu comparado a todos os outros e fora obrigado a sair daquele lugar? Sempre tive uma certeza mínima de que aquele menino era um robô, criado para ser educado, culto, completamente perfeito.

Porventura, tinha minhas dúvidas, por algumas vezes já o ver chorar, sofrer, cometer erros tão pequenos e simples que não seriam aceitos pela memória falha de uma máquina. Enquanto não podia saciar minha vontade de conhecê-lo, deveria voltar a me perder em seus olhos negros de mar, sentir de lonje seus cabelos de lavanda e desejar seus lábios de veludo, tão bonitos, que mal pareciam ser reais.”

Wonwoo se lembrava de ter visto muitos bilhetes quando achou a caixa que lhe afastou de Mingyu, aquela que tinha milhões de declarações de amor para si. Nunca tinha lido nenhum deles e, agora que via como a poesia era bonita, se odiava por ter negado uma paixão tão bonita.

Ele guardaria com muito carinho cada um daqueles bilhetes.


Wonwoo se assustou quando ouviu um barulho vindo do quarto em frente. Era como se algo tivesse batido em um móvel, mas decidiu não ir lá olhar, já que poderia ser Kim batendo o braço no guarda-roupas como todo o seu tamanho exagerado. Ouviu alguns resmungos baixinhos e então decidiu que iria lá, levantando do chão e saindo do quarto.

—  Hyung... —  O outro chamou-o com a voz manhosa, quase chorando, chamando a atenção de Wonwoo depois de muito tempo.

—  Mingyu? Está tudo bem com você?

—  Não... eu acho que to doente. —  Ele arregalou os olhos negros ao ouvir o choramingo do garoto, empurrando a porta do quarto e aproximando-se dele, aproveitando um pequeno espaço na ponta da cama para se sentar. Quando Wonwoo tocou na testa dele, Mingyu estava ardendo em febre.

— Você esquentou muito de repente, deve ter sido por causa da chuva. Está com alguma dor?
 
— Não, só estou enjoado.

— Tudo bem, eu vou fazer um cházinho pra você então e pegar um pano molhado com água fria pra colocar nessa sua testa. Talvez melhore um pouco desse seu resfriado esquisito. — Quando estava prestes a se levantar, Mingyu segurou sua mão, lhe encarando com a maior cara de cachorro pidão.

— Não vai não, fica aqui comigo, por favor...

— Mas eu tenho que fazer alguma coisa pra te ajudar com a febre. — Wonwoo riu baixo, se perguntando agora se tudo aquilo não era manha do mais novo.

— Mas só de você ficar aqui já vai melhorar muito. Deita aqui comigo... — Mingyu afastou um pouco na cama para deixar mais espaço livre.

— To começando a achar que isso foi uma desculpa sua. — mesmo reclamando, Jeon estava se deitando na cama do mesmo jeito, sendo abraçado por Kim no mesmo minuto.

— E como que eu ia fingir uma febre, ein? Que absurdo, desconfiar de mim assim. Eu tô quentinho aí, só ver.

— Eu ver só como é que você vai acordar amanhã de manhã sem eu ter te feito nenhum chá, isso sim.

Don't Touch Me, Mingyu!Onde histórias criam vida. Descubra agora