Capítulo Único

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Ao sentir os arrepios que se espalhavam por sua pele no lugar que os lábios tocavam, Sakura se perguntou por que não havia chutado o balde antes. As bocas se encontraram e todo seu corpo contraiu em expectativa. Aquilo era... bom. Deixou que os lábios se entreabrissem e um suspiro satisfeito escapasse por eles. Ouviu a risadinha de Ino, aquela que já conhecia de muitas eras, e soube o que estava por vir. A boca dela subiu por seu pescoço e sussurrou em seu ouvido as palavras que mais detestava ouvir.

― Eu avisei.

― Porra, Ino! – Afastou-se do corpo quente e macio, agora irritada. ― Você não perde uma!

― Claro que não. Afinal, eu avisei mesmo que ia encher seu saco de tanto falar isso. – O sorriso maroto e o brilho de diversão que iluminava os olhos azuis quase despedaçaram sua vontade e a fizeram implorar por mais. Mas não! Ela era uma pessoa decidida, confiante. Não seriam alguns beijinhos que iriam quebrar sua vontade assim tão fácil.

Ao seu lado, o celular tocou fazendo-a desviar os olhos para verificar o número que piscava na tela. Sasuke. Ou Sasuke babaca como Ino renomeara o contato. Seu estômago se contraiu, ver o nome dele assim ainda lhe causava a sensação de estar levando um soco seguido de um balde de água fria. Suspirou e deslizou o botão vermelho pela tela, rejeitando a chamada. Sentia um certo prazer cruel em ser ela agora a ignorá-lo. Havia um toque de justiça em não atender as ligações e sequer visualizar as mensagens que ele enviava. Justiça essa que poderia facilmente ser confundida com vingança. E, desde que essa lhe satisfizesse, Sakura não se importava.

Sabia que parte daquelas ligações era por conta da culpa e insistência que Naruto sentia. O amigo não queria que a situação chegasse naquele ponto, mas, agora que tudo já havia acontecido, não adiantava se mostrar arrependido e voltar encolhendo a cauda entre as pernas. Se ele gostava de Sasuke, pois bem, que ficasse com ele. Sakura apenas não queria ter sido a enganada da história.

― Ei, Terra para Sakura! – O estralar de dedos de Ino a fez voltar ao presente. ― Pensando nele de novo? – Um bico emburrado surgiu em seus lábios.

― Desculpe. – Pediu. As duas se deitaram lado a lado na cama e Sakura puxou uma mecha do cabelo de Ino e a enrolou distraidamente em cachos entre os dedos. ― Eu fico imaginando o que ele poderá dizer ou fazer caso eu atenda a ligação. Que palavras ele poderia dizer para me fazer voltar.

― Coisa que você não vai. – Ino rebateu, frustrada. ― Não te criei para ficar arrastando asa para macho e muito menos para ser um cachorrinho que vê o dono estralar os dedos e volta correndo. – Sakura virou os olhos para o teto, rindo com a tendência que ela tinha de aumentar tudo em ao menos dez vezes. Não estava disposta a voltar com Sasuke e, pelo que sabia, ele sequer ao menos gostaria disso. Se gostasse, por que estaria se agarrando às escondidas com Naruto? Suspirou e balançou a cabeça para se livrar daqueles pensamentos, remoer o assunto não levaria a nada. A bochecha de Ino encostou na sua e ela a beijou com carinho.

― Você tem a mim agora, então não precisa pensar tanto nele.

― Eu sei. É só que é difícil fazer isso. – Ela suspirou. ― Foram três anos de convivência, eu sabia de cada detalhe, até da cueca do Batman que ele guardava da infância.

A loira riu e Sakura admirou o modo com o que o sutiã azul rendado aderia ao seu colo que subia e descia com as gargalhadas. As blusas das duas jaziam esquecidas no chão exatamente no mesmo lugar que haviam largado ao subirem na cama entre beijos. Os pais de Sakura estavam fora a trabalho e as duas haviam aproveitado a oportunidade para passarem mais um tempo juntas, o que Ino considerava importante para o início do relacionamento.

Eu aviseiOnde histórias criam vida. Descubra agora