Capítulo 1
Um daqueles fenômenos improváveis estava acontecendo no vórtice temporal. Uma cabine de polícia inglesa dos anos 50 girava numa velocidade impressionante através do vórtice a caminho da Terra. Mais improvável ainda era o fato que a cabine de polícia era na verdade uma TARDIS, uma nave que é maior do lado de dentro, que tem o poder de viajar pelo tempo e o espaço e que leva no seu interior o último Senhor do Tempo: o Doutor. O Doutor, como todo Senhor do Tempo que se preze, tem o poder de se regenerar e assumir um novo corpo quando está prestes a morrer. No momento o corpo do Doutor é de um cara desastrado, queixudo, alto, magrelo, com um topete engraçado e com uma aparência de uns 30 anos, não demonstrando os seus mais de 1000 anos de vida. Ele gosta de usar gravatas borboleta e chapéus estranhos, como o de um cowboy americano ou um fez. Não é exatamente o alienígena mais discreto que você vai conhecer, mas como veremos ao longo dessa história, alienígenas não são exatamente discretos na maior parte do tempo.
A TARDIS pousou no meio de uma estrada perto de Londres do século XXI, e o Doutor esperava que dessa vez a nave tivesse acertado o dia e o horário. Em menos de 30 segundos uma garota baixinha de cabelos castanhos e de vestido vermelho entrou pela porta da cabine montada numa moto.
– CLARA OSWIN OSWALD, A GAROTA IMPOSSÍVEL! – gritou o Doutor enquanto girava a moça num abraço
– Doutor! Recebi seu recado, cheguei a tempo! – disse a garota depois que se soltou do abraço
– Você sabe muito bem que tempo não é o problema! Por onde começamos? Pra quando vam...
O Doutor que não era muito de ficar quieto, dessa vez se viu forçado a parar de falar por causa do estranho movimento e do barulho que estava acontecendo na nave.
– Doutor, a gente está se mexendo!
– Obrigado, Clara, eu já percebi! – disse ele enquanto mexia em alguns botões do controle da TARDIS
Ele foi cambaleando para a porta, e quando a abriu, percebeu que a cabine estava a muitos pés do chão. Olhando para cima, o Doutor notou que a TARDIS estava sendo carregada por uma garra gigante ligada a um helicóptero militar, como um bichinho de pelúcia numa daquelas máquinas de fliperama.
Percebendo que não tinha muitas opções seguras, o Senhor do Tempo esperou encostado na porta da TARDIS. Obviamente essa não era a opção mais segura, até porque o Doutor não era muito fã de opções seguras, e o que aconteceu em seguida era bem esperado: a cabine balançou no cabo e o alien caiu para fora da cabine azul, matando Clara de susto.
Numa daquelas situações que ocorriam com freqüência nos mais de 1000 anos de vida do Doutor, ele conseguiu se segurar na borda da cabine, e assim foi viajando até chegar ao misterioso destino.
O helicóptero pousou em plena Trafalgar Square, no pátio da Galeria Nacional de Londres. Quem aguardava pelo Doutor na frente das escadarias era um homem de meia idade, vestido com um terno sofisticado e com umas falhas de cabelo na cabeça que tentava disfarçar e obviamente não estava conseguindo. Diziam que era o homem mais poderoso da Inglaterra, e ele tinha um nome que parecia bem alienígena, mas era bem humano até onde se sabia.
– Mycroft Holmes? Trabalha pra UNIT agora? E seqüestro de naves? Isso não é o seu estilo... – já foi tagarelando o Doutor
– Ora, ora, Doutor... Pelo jeito te surpreendi. Peço perdão pelo mau jeito, mas temos uma emergência.
– Tem certeza de que precisa da minha ajuda? Seu irmão pode muito bem resolver qualquer coisa.
– Não vou meter meu irmãozinho em assuntos da UNIT. Além do mais, ele está muito ocupado voltando da morte para se importar com questões de segurança nacional.