Roseanne Park. Rosé para os familiares, amigos íntimos. Mas, para a realeza, eu não era nada. Não chegava nem aos pés do mais fino vestido de seda, confeccionado pelas costureiras do castelo. Minhas roupas, por outro lado, eram totalmente diferentes. Toda roupa que meus irmãos e minha mãe usavam eram feitas por tecidos que as costureiras rejeitavam.
Eu era a segunda mais velha de seis irmãos. Os responsáveis pelo sustento da casa costumava ser eu e meu irmão mais velho, Chanyeol. Até que um dia, ele e outros homens do reino foram convocados para fazer parte do exército, e Chanyeol não pensou duas vezes. A grande desculpa do rei era ajudas as famílias as quais os filhos virassem soldados, mas só recebemos uma miséria de comida por dois meses. Depois que ele foi embora, eu era a encarregada de arranjar comida para a família. Meu irmão mais novo, Jaehyun, era ótimo cozinhando, e foi com ele que aprendi a fazer o ensopado de carne de coelho que segue nossa família há 5 gerações. Mas, para que ele pudesse cozinhar, eu precisava conseguir antes a comida. Chanyeol era habilidoso na caça, e eu sempre o acompanhava quando ele ia procurar coelhos e outros animais na floresta. Ele me ensinou tudo, até que eu conseguisse ir caçar sozinha.
Meus pais nunca cuidaram muito de nós, sempre eu e Chanyeol fomos os “homens da casa”. Meu pai tinha sido soldado do castelo, mas teve que se afastar por causa de seu coração e pulmão. Ele morreu alguns dias depois de sair do exército, mas confesso que não sinto falta dele. Quem sente mais é Chanyeol. Papai e ele iam caçar todos os dias quando Chanyeol era menor. Meus outros irmãos quase não conheceram ele.
Tudo estava bem. Chanyeol no exército, eu cuidando do sustento, Jaehyun na cozinha. Minha mãe... Ela era um problema. Estava sempre reclamando que eu já tinha vinte e dois anos, e que eu deveria estar casando e saindo de casa, e não indo arriscar minha vida na floresta por um coelho. Mas eu nunca a escutava. Ela ia morrer em breve. Ou pelo menos eu esperava. Sem meu pai, ela ou Chanyeol aqui eu tomaria conta da casa, já que ela nunca cuidou de nenhum de seus filhos.
Já eram quase dez da manhã, Jaehyun havia ido ao mercado no centro, onde tudo no reino era vendido. Ele tinha conseguido algumas moedas vendendo os coelhos que eu caçava, e eu deixava o dinheiro com ele para que pudesse comprar seus temperos. Já estava em minha “cama” fazia mais de trinta minutos. Me levantei, calcei minhas botas e peguei o arco e flecha e a faca de caça que um dia foram de meu irmão mais velho. Minha casa era humilde, mas não uma das piores. As casas da vila do oeste eram piores. Mas aqui na aldeia do norte, não era tão ruim. Vivia em uma casinha de madeira que meu pai e alguns de seus amigos ajudaram a construir. Passei pela porta e desci as escadas até a sala, onde Jisung e Jeongin conversavam sentados no tapete.
_ mas Jeongin Hyung, por que tenho que te chamar de hyung se sou mais alto que você? – Jisung levantou-se e começou a demonstrar que era mais alto que seu irmão um ano mais velho – Sou bem maior que você, olhe.
_ Sou seu irmão mais velho. Por isso. E ponto final – Jeongin também saiu de seu lugar e colocou-se na ponta dos pés para tentar ficar mais alto que Jisung, mas sem sucesso. – Aish, deixa pra lá. Você me chama de Hyung e pronto. Além de que posso não ser maior de altura, mas sou o maior em outras coisas.
_ O que os rapazes estão falando aí?
Dei alguns passos a frente e Jisung me olhou como se não tivesse me visto por semanas. Ele pulou e me abraçou, como se fosse a criança de anos atrás, quando eu ainda o aguentava no colo.
_ Você está pesado, Jisung-ssi, tem de começar a caçar na floresta para perder algum peso – eu podia ver o brilho em seus olhos, quando lembrei-me da proposta que tinha feito alguns dias atrás de levá-lo até a floresta para aprender a manusear a faca.
_ Você disse que me levaria, noona. Podemos ir hoje? Agora?
Ele me olhava como se eu pudesse dar-lhe o mundo. Quem dera eu pudesse. Jisung já tinha 16 anos, e ainda assim não tinha habilidade em muitas coisas. Ele não sabia ler, mas eu também não podia o ensinar, já que eu também não sabia. O único que sabia ler era meu pai e Chanyeol, mas com os dois indisponíveis, não havia ninguém que pudesse nos ensinar. Talvez ele tivesse vocação para ser um escritor, mas nunca saberíamos. Não imagino que ele fosse capaz de caçar. Por mais que ele demonstrasse animação quando eu mencionasse algo relacionado, ele não tinha coragem de fazer mal nem a uma mosca. Além dele, tinha Jeongin. Ele e Jisung eram inseparáveis, por mais que Jeongin fosse constantemente zuado pelo mais novo, apenas pelo fato de não ter crescido tanto quanto Jisung. Jeongin também não tinha vocação para muita coisa, mas ele gostava de cantar. Gostaria que alguém descobrisse esse talento “secreto” dele, então planejei naquele dia uma ida até o castelo.
_ O que vocês acham de ir dar uma volta comigo hoje? – propus colocando minha aljava em cima em cima da mesa – Podemos ir até a floresta. Ensinarei vocês o que Chanyeol me ensinou.
Jisung concordou com minha idéia, e parecia muito animado. Pegou minha aljava e colocou em seu ombro. Jeongin não parecia ter gostado muito, mas mesmo assim assentiu com a cabeça.
Eu e meus dois irmãos fomos pelo caminho que Chanyeol e eu íamos todos os dias para a floresta. Ao chegar na clareira aonde eu geralmente me escondia para procurar pelo meu alvo, parei os meninos e os avisei.
_ Podemos sair daqui com um coelho, um cervo, uma flechada em nossos corações ou nada. Tomem cuidado. Caso escutem algum barulho, fiquem quietos e perto de mim. Tenham suas facas preparadas para ataque – peguei as facas que trouxera especialmente para eles e entreguei em suas mãos – e não façam barulho para espantar os animais.
Eles assentiram com a cabeça. Peguei minha aljava com Jisung e meu arco e flecha, e os preparei. Nos escolhemos em um canto e esperamos algo aparecer. Esperamos por dez, quinze minutos. Nada. Nada, até que finalmente, algo parecia ter se mexido na floresta. Mas aquilo não parecia um coelho. Será que tínhamos tirado a sorte grande e um cervo teria aparecido? Na imensidão da floresta, só consegui avistar dois olhinhos no escuro. Não pensei duas vezes. E com apenas um tiro de flecha, acertei o alvo. Mas, algo estava errado.
_ Ai!
Algo definitivamente não estava certo. Que tipo de cervo fala “Ai” quando é acertado por uma flecha?
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Rose... Anne... Park?
Mystery / ThrillerRosé era a segunda de seis irmãos, e ela era quem cuidava de quase tudo. Um dia na floresta iria se tornar um pesadelo após uma simples visita ao castelo, onde encontraria a garota, cujo nome era Lalisa Manoban, destrutora do restinho de vida que el...