Capítulo 01 - O Pingente

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Olhando agora pela janela, podia-se ver a imensa costa americana dezenas de quilômetros abaixo. Uma grande massa de nuvens cobria parte do território, que se movia lentamente. Em minutos estariam sobre a face noturna, onde parte da humanidade ainda dormia.

Os raios do sol entravam pela pequena janela e projetavam suas sombras contra a parede frontal, flutuando como um grão de poeira visto num raio de sol.

Dois corpos nus, entrelaçados, misturando o claro e o escuro, estavam envolvidos numa batalha de carícias entre dois seres ávidos por prazer.

O contorno do corpo dela, com a tonalidade que lembrava o chocolate, brilhava em tons dourados ao receber o banho da luz solar. Ela media 1,85m, era mulata, ou como preferia dizer, da cor do chocolate. Usava os cabelos castanhos em estilo afro, soltos e chegando à altura dos ombros. Seus olhos eram expressivos e da cor do mel. À primeira vista, quem a visse de uniforme, acharia que era magra, mas enganava-se, pois quando tirava a roupa no banheiro coletivo, não havia homem que não a olhasse com admiração, devido ao corpo bem torneado e exuberante.

Ele tinha cerca de 1,90m de altura, cabelos castanhos não muito curtos, mas em constante desalinho, barba bem aparada, além de olhos claros, com tonalidade azul-celeste. Sua pele branca parecia ainda mais alva com a claridade intensa que entrava pela escotilha. Seu corpo esbelto mostrava que devia usar constantemente a academia disponível para a tripulação.

- Você sabe que não podemos ficar desligando a gravidade artificial das cabines por qualquer motivo, não sabe? - ele perguntou, sussurrando palavras carregadas de desejo no ouvido dela.

- E você acha que este é um motivo qualquer? - ela disse, enquanto percorria suas costas com as unhas da mão direita, arranhando e fazendo-o contorcer-se de prazer.

- Acho, sim - disse, fingindo falar sério.

- Acha que sim, seu bandido? - soltou sua risadinha rouca, enquanto o encarava firme nos olhos e o beliscava com força nos braços.

- Tenho certeza de que NÃO! - falou alto, com cara de dor, enquanto dava um pequeno impulso com o corpo para ficar por cima dela, mas isso acabou por fazê-los girar sem controle. - Nossa! Esqueci que neste ambiente sem gravidade não podemos fazer movimentos bruscos.

Após alguns rodopios a esmo, ele conseguiu esticar uma perna, firmando-a junto à parede acolchoada e bloqueando os seus movimentos. Pararam de girar e, desta vez, ele estava por cima dela.

- Nem acredito que estou com você aqui, agora. Aguardei este momento por muito tempo, desde que te vi a primeira vez na Universidade do Futuro - ele disse enquanto tentava controlar os cabelos revoltos dela, que teimavam em cobrir seu rosto devido à falta de gravidade.

- Desde aquela época? Nossa, como você foi paciente... - gracejou dengosa. - E por que demorou tanto para tomar esta atitude? - perguntou, enquanto movia a mão direita por entre seus corpos procurando pela intimidade dele.

- Sei lá. Timidez em excesso, talvez. Sempre te via saindo com outros caras...

- Ouvindo você falar assim até parece que eu sou alguma socializadora - fingindo estar indignada, ela conseguiu aprisionar o sexo dele com sua mão direita. - A liberação sexual já não é tabu há mais de duzentos anos, pelo menos. Não estamos mais no século XXI faz muito tempo. Não sabia que você ainda se ligava nestes preconceitos tão antigos... - ela sussurrou em seu ouvido enquanto manipulava sua rigidez com carinho.

Nos últimos séculos, a fidelidade sexual não era mais uma questão tão relevante assim na sociedade, ficando a critério de cada indivíduo seguir a orientação que quisesse, pois não havia nenhuma lei que normatizasse esta questão, exceto quando a pessoa fosse menor de quatorze anos.

Amor Infinito  (Degustação: 21 capítulos)Onde histórias criam vida. Descubra agora