Prólogo

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Coreia do Sul, 22 de março de 2002.

— Como você pôde fazer isso com a nossa filha, seu monstro! — Gritou Kim Young-Ae, golpeando a mesa de madeira maciça com os punhos fechados, antes de se levantar tempestuosa. — Você não tem o direito de usá-la como um de seus objetos. Ela é apenas uma criança! — proferiu a mulher de frente para o seu marido, do outro lado da mesa, com pouco mais de dez metros de comprimento.

— Acalme-se Young-Ae. Você vai acabar acordando as crianças! — Disse Kim Woo-Sung, em seu mais sereno tom de voz. Sentado sobre a sua cadeira, feita do mesmo material que a mesa, metros à frente de Young.

— Agora você está preocupado com as crianças? — sorriu irônica, soltando o ar pelas ventas, cruzando os seus braços sobre seu peito, olhando nos olhos de Woo-Sung.

— Eu precisava fazer isso. Ela será a minha sucessora. — Kim mantivera seu tom de voz calmo, retribuindo o olhar tempestuoso de Young-Ae.

— Eu já lhe disse, ela não será a sua sucessora. Eu jamais deixarei que você transforme a nossa filha em uma assassina! — exclamou a mais velha, batendo novamente os seus punhos sobre a mesa, antes de caminhar em direção a saída da sala de jantar.

— Young-Ae! — gritou Kim Woo-Sung. Porém, Young-Ae já havia o ignorado, subindo em direção ao quarto de seus filhos no segundo andar.

     O clima tenso predominava o interior da residência da família Kim. Isto, desde que Kim Young-Ae, esposa de Kim Woo-Sung. Descobriu que seu marido havia escolhido a sua filha, para ser a sucessora de sua gangue mafiosa.

     Young-Ae não se importava com a imagem de seu marido, pois quando o conheceu, foi o famoso "amor à primeira vista". Sendo assim, ela não sabia com quem estava lidando. Então, semanas após se conhecerem, Kim Young-Ae e Kim Woo-Sung decidiram oficializar esse amor. Pois, assim como ela, ele também havia se apaixonado.

Mas nem tudo é um mar de rosas, certo?

     Após a lua de mel, Young-Ae descobriu, por acaso, a real face de seu marido. Um dos homens mais procurados da Coreia do Sul. Porém, por incrível que pareça, ela não se apavorou, pois, o seu amor por Kim Woo-Sung era inexplicável. Tão inexplicável, que a mulher continuou ao seu lado, mesmo sabendo quem ele era e o que ele fazia.

     Anos se passaram, Young-Ae deu à luz a duas lindas crianças. Um menino e uma menina. Ela estava tão feliz, pois, o seu sonho de ser mãe, se tornara real. Só havia um problema, a maldita máfia.

     Kim Woo-Sung estava envelhecendo. Ele precisava de um sucessor. Mas não qualquer sucessor. As posições de liderança, dentro de uma máfia, são baseadas em parentescos. Quanto maior a sua posição, mas próxima será a relação. Porém, a geração dos Kim's nunca se baseava em relações. Para eles, os líderes tinham que ter o mesmo sangue. Por mais que a máfia seja considerada uma família, sendo o chefe, chamado de "padrinho" e os membros seus "afilhados", Woo-Sung não poderia colocar um deles como autoridade maior. Já que um de seus lemas, criado pelo seu bisavô era: "Meu sangue, meu líder". E violar um desses lemas, seria ir contra toda a conduta da "família".

     Decidido, ele resolveu escolher. O obvio seria o seu filho mais velho. Porém, Kim Woo-Sung, mas conhecido como Sr. Kim, não era apegado ao obvio. Além disso, ele possuía sumo afeto por sua filha mais nova. Tendo-a como a sua preferida. Logo, para Kim "o escolhido" já estava determinado.

Mas havia outro, porém. Sua esposa, Kim Young-Ae.

     Woo-Sung sabia que a sua mulher não concordaria com essa escolha. Young nunca se envolveu em seus assuntos de trabalho, por não concordar com suas ações. Mas, além da sua conduta ser totalmente contrária à de seu marido, Young-Ae era mãe. Ela jamais deixaria que ele envolvesse os seus filhos, em seus negócios sujos. Porém não havia outra opção, bom, na verdade havia sim.

My Gângster • PjmOnde histórias criam vida. Descubra agora