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Eu quero que você saiba que toda vez que eu vejo seu rosto eu me derreto
                                                              Seus olhos, seu sorriso e seu cabelo parecem sempre tão bonitos

                                             E quando eu penso em você meu coração sempre sobe na minha garganta

                                                   Estou tentando cuspir essas palavras, mas elas simplesmente não saem

. . .

Harry está atrasado, o vento gélido de dezembro perfura sua derme sob a roupa — e tem neve penetrando seu all star, mas são seus melhores sapatos, e meio que ele não quer que Louis veja as botas de plástico amarelas que usa quando o tempo está assim.

O estacionamento é praticamente deserto, alguns poucos carros em contraste com o céu avermelhado.

No momento em que atravessa a entrada principal do primeiro piso, é como se recebesse um suspiro de vida — sim, ar quente é vida. O ambiente é climatizado, e ele acha que pode lidar com seus tênis molhados sem morrer de gripe mais tarde, é claro que foi melhor ter vindo a pé.

Se viesse de ônibus, não teria um pouco de dinheiro para comprar refrigerante, apalpou os bolsos para ter certeza que o ingresso ainda estava lá — tem sido alguns anos desde que esteve em um cinema, e foram muitas tarefas escolares vendidas para que pudesse comprar um ingresso.

Harry inspirou um pouco, prestando atenção no ambiente, haviam algumas poucas pessoas circulando, as ilhas de sorvete todas fechadas. Uma senhora não o encarava muito amigavelmente do banco de couro onde estava sentada, e Harry encolheu os ombros olhando para o chão.

Não interessa muito se ele tem um ingresso para o cinema, suas roupas ainda são batidas e feias, sua touca é velha, e há um furo em sua calça. Ele apenas não se encaixa em um shopping da área nobre da cidade, ele simplesmente não pertence ao local. Constrangido, abaixa a cabeça e vira para esquerda, as bochechas corando furiosamente quando seus tênis fazem aquele barulho molhado contra o piso.

Vale a pena, tem que valer.

Louis Tomlinson está interessado, e Harry nunca esteve em um encontro — desde que é bolsista em uma escola que definitivamente não cabe no orçamento de sua família, e os colegas nunca lhe foram muito receptivos.

Então ele fora dupla de química do Louis para um trabalho, e fez sozinho porque — bem, ninguém gostaria de ser visto com um pobre, certo? Sempre foi assim, os colegas lhe ofereciam algum dinheiro para que ele se virasse, desde que não os abordasse no corredor. É meio triste, mas é como as coisas são.

No entanto, Louis foi diferente, ele pareceu realmente chateado por saber que Harry fez tudo sozinho, e perguntou se ele tinha dificuldade em alguma matéria, obtendo resposta positiva. Biologia não era muito o forte do garoto, uma vez que o professor usava uma literatura difícil para as aulas, e Harry precisava estudar com um dicionário ao seu lado, e a biblioteca estava sempre cheia demais para abrigá-lo também.

Louis parecia tão diferente quando se conhecia. De longe, ele era um cara com olhos azuis tão frios quanto a neve lá fora, mas de perto todo aquele gelo dissolvia em céu azul de verão e sorvete de menta. Louis é apaixonante, desde quando fala com a voz macia de timbre viciante, até quando levanta o dedo do meio com as mãos quase inteiras cobertas pelas barras de seus casacos de moletom. Ele estudava biologia consigo, então, todos os dias, explicando as palavras difíceis e emprestando apostila para que Harry fizesse resumos.

cinema [lwt+hes]Onde histórias criam vida. Descubra agora