Me imagino escrevendo minha declaração suicida,
Minha tão devida carta, na parede da sala.
Abrir meus pulsos com uma lâmina que só dê para sentir o gelado chegando nos tendões e na carne.Acordo tossindo e uma poça vermelha debaixo de mim.
"Que porra é essa?"
Subo até o quarto da minha mãe,
abro a porta e caio que nem um peso, morto, frio, branco e com contrações nas mãos...Sujo a maçaneta e as pontas do endredom.
Ela nem nota o barulho da minha queda.
Associa a meus barulhos diários ao ir tomar banho
Costumava atravessar o quarto, esbarrando em tudo, até o banheiro.Minha não existência programada foi planejada há milênios.
É o que minha alma tráz de suas gerações.
Tenho que conviver com a minha morte.
Tenho que me acostumar a seus rostos, ignorando e andando como se estivésse tudo bem.A cada passo deles em direção a mim, uma morte possível.
Aqueles que me "ajudaram" a vir ao mundo dizem fazer o melhor.
Tirando minha autonomia em nome do amor, que os fez separar de um amor compromissado no dedo.Tirando minha autoestima para um futuro melhor pra mim:
"Pra ser alguém é preciso ter dinheiro; para ter dinheiro tem que ser inteligente; para ser inteligente, bem, não sorria".A cada vez que sou ignorado ou rejeitado por ser eu...
Lembro da minha mãe.
Meu pai está na minha cabeça quando o dinheiro fala.
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Dezenove de novembro
PoetryÀs vezes não dá aquela voontade de, simplesmente, sumir???