Apolo

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Tocada Pelos Deuses

Capítulo Um: Apolo

A imaginação é algo incrível. Tudo que ela toca, se torna incrível junto com ela. E tudo que é imaginado, todas as coisas incríveis, existem, em algum lugar. Sempre que um escritor rabisca um papel, sempre que uma criança bate um boneco no outro, sempre que um explorador não consegue explicar um fenômeno da natureza, uma coisa incrível nasce.

Eles são os Mitos.

E sempre que um Mito nasce, ele tem duas opções. Se tornar grande e forte, um grande mito, ou se enfraquecer, sendo devorado pelos Mitos maiores. Uma criança pode se divertir muito com o herói que ela inventou em sua própria mente, mas os heróis como Peter Pan sempre estarão lá, e fazendo com que ela esqueça suas próprias criações.

E assim existem os Mitos. Grandes, poderosos, e quanto mais pessoas pensam neles, mais fortes eles ficam. Seu lugar é no limite da realidade, entre o Mundo Lógico e o Mundo Etéreo. Seu dever é proteger e guardar os humanos, de longe, dos perigos que tentam penetrar a realidade.

Mas desta vez, eles não conseguiram. Todos os Mitos unidos numa única causa: Impedir um invasor do Mundo Etéreo. Deuses, heróis, monstros, criaturas e todos os outros mais estavam juntos, tentando impedir aquele invasor. Mas eles não eram fortes o suficiente. Tudo que existia deles é fragmentado. Enquanto o invasor destrói os Mitos pequenos que nascem, os Mitos maiores se espalham. Sua poeira busca o lugar da cura, o único lugar que eles sabem que podem se curar.

A poeira atravessa os tecidos da realidade, para onde todos os Mitos podem encontrar um lar. Onde poucos já foram, e poucos tem coragem de entrar. Um lugar sombrio para Mitos, mas ao mesmo tempo, com os únicos habitantes capazes de curar suas energias.

O Mundo Lógico.




Mary andava pelas ruas de Lakeville. Levava sua mochila nas costas, com seu material de lição de casa nela. Não era muito difícil o caminho até o colégio. Lakeville era formada por uma região com vários morros, porém era costeira, o que fazia a região próxima da praia muito valorizada e bem povoada pelas pessoas com mais dinheiro na cidade. Vários morros, tanto altos quanto baixos, eram ocupados pelas famílias de classe média. Haviam poucas regiões pobres de fato, pois a cidade era bem desenvolvida, porém nos morros mais baixos longes da costa da baía de Lakeville, recebiam a concentração da maior parte das famílias carentes.

Mary, por sorte ou esforço de sua família, sempre pertenceu a classe média da cidade, morando em um dos pequenos morros bem próximos da costa. Ela podia andar por dez minutos para descer até ao nível do mar, e mais cinco minutos até chegar em seu colégio. Tinha acabado de entrar no segundo ano do High School, e estava empolgada, pois quando chegasse março, seu aniversário, finalmente poderia tirar sua carteira de motorista.

De repente, começa uma geada. Não estava indicada nas previsões meteorológicas. Por sorte, Mary estava com sua jaqueta com capuz, o que protegeu seus negros cabelos cacheados. Ela avança o passo, junto com outros alunos para chegar rápido na escola, porém o chão estava escorregadio, a fazendo tropeçar. Sua cabeça dói levemente depois disso. Mary olha para a geada caindo na sua mão. Não parecia geada. Não era gelada. Com certeza não era quente tampouco. Era morna. Aquilo fazia o seu corpo se sentir morno.

— Mary! — Ela ouve um grito de espanto enquanto um garoto se aproxima para ajudá-la. Ele era pouco baixo, com cabelo azul raspado de um dos lados, e o resto um pouco maior que o padrão. Usava uma jaqueta de hóquei no gelo, como sempre. — Me deixe te ajudar aqui. — Ele ergue a mão para Mary agarrar, e então a levanta.

Tocada Pelos DeusesWhere stories live. Discover now