CAPÍTULO I

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Anavitória.
O som de suas vozes doces e brasileiras são calmaria para meu estado de espírito no atual momento.
A grama pinicava meus braços desnudos, mas eu não dei tanta atenção à isso, mesmo sabendo de uma possível irritação como consequência.
Deitada no meu quintal, olhei o céu azul de final de tarde. Hoje não sorriria para ele, como sempre fazia.
Suspirei.
Que droga.
Não queria mudar. Não nesse ano. Não no meio do ano, pelo menos.
Sorri sem humor algum em mim.
Sempre quis chegar a fase adulta e ter minha própria vida pra cuidar como bem quisesse, porém, quero agora, desesperadamente voltar a ser criança, fugir para casa abandonada no final da rua onde brinquei até mesmo na adolescência.
Bom, querer não é poder.
O som gostoso do meu celular parou no meio da música.
Olhei para o visor do iphone__ cortesia de Deyse, minha loira mãe, um exemplo de socialite__ e anime-me, mesmo que um pouco, ao perceber Phill em um chamada de voz.

__ Ei. __ atendi, com saudade.

__ Oi! Você está bem aí, garota? Fiquei sabendo da novidade; aliáis, mãe só fala sobre isso ultimamente! Está dando enchaqueca!

Bufei.

__ Ha, então ela contou sobre a chantagem e tudo mais?

Deyse inventou que a minha ausência mexeu com seu psicológico e disse que se eu não voltar para baixos de suas asas, ela pode piorar consideravelmente.

Um riso rouco e grave soou do outro lado da linha.
Choraminguei mentalmente. Que saudades do meu irmão gémeo.

__ E você não está surpresa com isso, não é?__ implorou, brincalhão.

Não. Claro que não.

__ Eu não consigo entendê-la. Nada a ver eu ter que voltar praí! A gente tinha combinado e tudo mais! Terminei a faculdade como prometido, uma faculdade tortuosa diga-se de passagem, aceitei a casa que ela escolheu e ainda represento a família em todos os jantares de negócio e bailes benefientes aqui na cidade! E tudo que eu pedi foi um ano! Uma ano apenas! Um ano só para mim! E, fala sério, ainda é maio, pelo amor!__ desabafei exasperada.

__ Puxa! Você está bem puta mesmo.

__ Você não faz ideia!

Não. Ninguém faz. Só quem conquista a independência, para depois perdê-la logo em seguida sabe o quão frustrante é! Ainda mais tendo que voltar à morar com uma mãe controladora como a minha! Bem, eu a amo, mas ela consegue ser irritante quando quer. E ela o quer com frequência.

__ Ela passou à fazer terapia mesmo!

__ Cara, isso sim é doença, você sabe.

__ Ok, mas quem vai contestá-la? O pai?

Meu maravilhoso e ocupado pai era mais parecido como um fantoche nas mãos habilidosas de Deyse!
Não. Definitivamente, ele não a conteria.

__ Você, eu penso.__ tentei.

__ Hã... Desculpa, maninha, mas comprar essa briga é batalha perdida!

__ Isso é injusto! A mãe precisa de limites, sério. E você é um frouxo!

__ Eu? Rá, rá, rá! Quem vai por limites nela? Você?__ desdenhou.

__ Definitivamente.__ confirmei com firmesa.

Esse controle sob minha vida não ia durar! Mesmo ela chantageando-me em cortar a mesada e todos os laços financeiros com a empresa da família.
Eu tinha uma carta na manga.

__ Pago pra vê. __Phelippe desafiou.

Se você quer assim...

__ O valor, eu decido.

MEU Vizinho Vigarista Onde histórias criam vida. Descubra agora