- 𝙅𝙄𝙈𝙄𝙉, 𝙔𝙊𝙐 𝙃𝘼𝙑𝙀 𝙏𝙊 𝙂𝙊; (𝘫𝘪𝘬𝘰𝘰𝘬)

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Eu não sabia que era possível odiar alguém tanto quanto ama-lo.

Eu devia ter amado meu pai, devia ter lhe dado tudo que ele queria e o feito feliz. Mas eu não consegui.

Eu sempre me perguntei como era perdoar alguém, como seria bom ser nobre o suficiente pra esquecer coisas horríveis e seguir com seu coração em paz. Eu sempre me perguntei como tudo teria sido diferente se eu soubesse como perdoar.

Eu havia criado uma outra persoalidade, assumido um outro nome, abandonado toda a minha família e a minha vida pra fugir do crime que eu cometi, mas a culpa continuava intacta tomando o controle de todos os meus pesadelos.

Em um certo momento da minha nova vida, eu tive que voltar pra onde eu pertenci. Meu pai havia morrido, e tudo que minha mãe me implorou pra fazer foi dar um último adeus a ele.

Perdão.

Eu só precisava disso, era a única coisa que poderia me fazer entrar naquela igreja, me despedir do meu pai e ir embora com parte do meu coração em paz.

Naquele dia, eu descobri que nem todos os seres humanos possuiam aquele dom, alguns só não conseguiam deixar as coisas irem embora.

Pela segunda vez na minha vida, a culpa tomou conta de todo o meu ser quando eu vi meu pai morto em um caixão. Eu quis chorar, não por luto, mas por vergonha. Vergonha de me sentir alegre pela sua partida.

Eu podia ouvir os gritos da minha mãe na cozinha, podia vislumbrar com facilidade o dia em que o sangue dela escorreu pelo piso branco. Eu tentei esquecer tudo aquilo, eu tentei com todo o meu ser lavar aquela maldita memória da minha cabeça, mas essa foi mais uma das coisas que eu não consegui.

Por isso, eu voltei a ser Park Jimin quando cuspi no rosto morto do meu pai. E eu voltei a ser quem eu realmente era, quando não me arrependi disso.

Eu saí da igreja, certo de que nunca mais seria bem-vindo em qualquer lugar que representasse Deus. Eu saí de lá abandonando minha mãe e a deixando sozinha pra morrer alguns anos depois, porque eu simplesmente não soube como perdoar alguém.