você sempre foi o que eu quis ser, yooa, você é aquela aluna perfeita, a filha perfeita, o orgulho de todos.
dona das melhores notas e do coração de todos, meninos e meninas paravam para te olhar, afinal, quem não pararia apenas ver a beleza de anjo da capitã das líderes de torcida e presidente do conselho estudantil?
argh, sua perfeição me irritava, me fazia te odiar e me odiar, perto de você eu não passava de uma adolescente boba com problemas familiares e com bebida alcoólica.
mas assim que você falou a primeira palavra direcionada diretamente à mim, eu perdi meu coração pela perfeição.
logo eu, aquela que os professores nem gostavam de tocar no nome, dona das piores notas, aquela qual a boca já passou por diversas outras, a pecadora da escola.
e mesmo assim, quando eu toquei seu cabelo e te beijei e você correspondeu, eu nunca senti aquilo, era uma nova emoção, pois eu me recusava a amar a perfeitinha da escola.
quando você me chamou pra sua casa; quando eu pude conhecer cada centímetro do seu belo corpo, cada curva, quando eu te toquei como nenhuma outra fizera, ah, eu percebi que você era mais que perfeita...
...você era uma deusa.
mas mesmo assim eu continuava a te odiar, porra, você já havia superado todos os níveis de perfeição existentes, yooa.
e eu continuava a ser um erro, tudo aquilo foi um erro.
você ficava com seus amigos e eu ficava com os meus amantes; você era perfeita demais para um erro como eu.
enquanto você estudava, eu bebia; nós éramos assim, como dois polos contrários, a gasolina e o fogo, juntas explodiamos no prazer entre quatro paredes.
eram aquelas noites em que eu entrava em seu quarto escondido dos seus pais e te fazia uma pecadora.
no outro dia, nem olhávamos direito uma para a outra, você me olhava e sorria, eu te ignorava.
mas você sabia que a noite eu te recompensaria; eu suspirava e sussurrava no seu ouvido tudo o que você queria ouvir.
te fazia gemer e se contocer, fazia de ti a mais bela obra, pintada de roxo e vermelho, o que era monalisa perto de ti?
minha língua no teu corpo era poesia, nossos gemidos eram orquestra, nossos corpos eram a mais bela pintura.
tu eras minha.
tal como eu era sua.
mas eu ainda odiava todo o seu ser.