Minho.

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Park Jimin

Clube Cachoeirinha. Seul.
1 de junho. 7h00 da manhã.


🐾

Tudo começou quando eu tinha oito anos e ainda era um pontinho pequeno e frágil na imensidão deste mundo. Baixinho, de bundinha arrebitada e perninhas grossas, como dizia meu avô.

A cabeleira loira e os olhos, sempre brilhantes, sonhadores e de um castanho profundo. Esse era eu. Sei que tudo começou em um sábado de sol. Doze de Junho de 2008. Fazia uns 32° graus aqui em Seul, ou seja, estava calor pra caramba.

Me lembro que havia contado nos dedos os dias para que chegasse 12 de Junho. Dezesseis longos dias. Mal consegui pregar os olhos durante a noite da véspera, já que o tique-taque do relógio me lembrava, com urgência, que a manhã estava chegando.

Levantei e fui checar minha bolsa de suprimentos. Brinquedos, um pacote de biscoitos Passatempo, um saco de suspiros feitos pela minha avó e um livro de história.

Tudo certo. Corri até o quarto dos meus pais e entrei sem nem bater na porta.

ㅡ Pai! Pai! Acorda. Hoje é dia de ir pro clube! ㅡ Eu disse, enquanto puxava a coberta de seu corpo e pulava em cima da sua barriga.

ㅡ Jimin, já tá acordado, menino? Por que isso, hein? Tá cedo demais. ㅡ Resmungou meu pai, afagando meu cabelo e me despenteando todo.

Minha mãe o encarou com um olhar sério, como se não acreditasse que ele tivesse esquecido.

ㅡ Chan... hoje é dia de clube. ㅡ Explicou.

ㅡ Ah! Nossa, como me esqueci... Claro, claro. Já está pronto? Vou colocar uma roupa e te levar pro clube, sim? ㅡ Retribuíu com um sorriso.

Eu amava meu pai. E não era só porque os pais são nossos heróis ou coisas do tipo. Eu amava a paciência dele comigo e a sua dedicação.

Eu sabia que era um saco me levar ao Clube Cachoeirinha todo sábado para que eu pudesse me divertir com meu amigo.
Mas eu achava que isso fazia parte do que é "ser pai", não é?

Ficar feliz com a felicidade do filho. Bem, eu gostava de pensar assim. Nós sempre viajávamos juntos ao Clube. Arrumar as malas, preparar as roupas de banho, acordar cedo e cair na estrada.

E lá se passavam dias e dias de muito sol, areia e protetor solar.Eu amava os nossos verões juntos. Porém naquele ano, meu pai disse que estávamos com o orçamento apertado e perguntou se eu entendia o porquê deles não acompanharem os Minho's na viagem.

Tudo bem, eu entendia. Seriam só alguns dias mesmo. Fiz com que Minho prometesse que traria algumas conchinhas da praia para mim e, em troca, eu levaria alguns suspiros feitos pela minha avó para ele.

Trato feito. Ele era meu melhor amigo. Sabe aquele amigo de infância que está presente em todas as suas lembranças? Era o que ele representava pra mim.

Minho era, decerto, uma das criaturas mais diferentes que eu já tive o prazer de conhecer. Os cabelos eram negros demais, a pele era alva e os olhos eram de um preto brilhante.

No primeiro dia em que o vi lá no Clube Cachoeirinha, junto com um menino no que eu pensei que fosse uma espécie de brincadeira idiota - vencia quem ficava mais tempo debaixo d'água - fui logo puxando assunto.

Desde pequeno eu adorava puxar assunto com desconhecidos.

ㅡ Sabia que você parece um Príncipe encantado. ㅡ

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