1 é mal, 2 é pior, 3 é demais.

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Park Jimin. 

Casa. Seul, Coréia do Sul
18 de junho. 17h00 da tarde.

🐾


Quando completei doze anos, tive meu primeiro namoradinho; durou 8 mêses. O beijei encostado em um carrossel.

Existe algo mais romântico que isso? Foi lindo, foi perfeito. Esse primeiro beijo foi também com meu primeiro “amor”. 

Eu conhecia Kai desde pequeno. Todas as vezes que nos encontrávamos ficávamos nos olhando, admirados.

Era um sentimento que eu não conseguia explicar, só sabia que queria mais, cada vez mais. 

Em todos os lugares que ia procurava o olhar dele, e quando ele correspondia era como se meu coração explodisse, queimasse, ardesse. Pude sentir pela primeira vez como era viver em um filme.

Então, me perdoe se acabei me tornando um viciado em imaginar situações ideais; é que, pra mim, tudo isso sempre existiu.

No dia 28 de julho finalmente nos beijamos, eu juro que pude sentir o mundo parar.

Era como se nada mais importasse, só eu, ele e aquele carrossel que fazia a figuração da cena perfeita. Eu queria desesperadamente fazê-lo feliz.

Percebia que ele gostava de mim e que eu, provavelmente, seria alguém de quem ele não se esqueceria tão cedo. E por isso insisti na relação por tanto tempo.

O problema era que eu não conseguia mais sentir o chão desaparecer sob os meus pés, nem escutar sinos tocando, como no começo da paixão. 

Uma vez, li em algum lugar que as crianças nascem com sonhos puros dentro do coração e que, aos poucos, vão perdendo isso e viram adultos frios, secos e robóticos.

Executam as tarefas do dia a dia como quem nem percebe o que está fazendo. Acordar, tomar café da manhã, trabalhar, dar um beijo na esposa, perguntar como foi o dia das crianças.

E assim se passa mais um dia infeliz na vida de um adulto que esqueceu que, lá na infância, o seu desejo era viajar pelo mundo apenas com uma mochila nas costas e a felicidade no bolso.

Porque que é que a gente se esquece de ser feliz? Esse meu namorado precisava de um apoio, de um amigo, um companheiro.

E por meses eu fui tudo que ele precisava, deixando mais uma vez de lado a minha felicidade.

Toda vez que eu tentava terminar o relacionamento, ele chorava pedindo que eu não fizesse isso. Então, eu cedia.

Ele, feliz; eu, mais uma vez, infeliz. Sabe que é uma merda ver alguém chorar?

Não sei lidar com isso. Sempre dou uns tapinhas e digo que vai ficar tudo bem. Vai mesmo, ficar tudo bem? Nem sempre fica tudo bem.

Como se vira as costas para a pessoa que nos proporcionou bons momentos e se diz a ela que não a queremos mais? Nunca mais? Tá. Confesso. Eu não sei terminar. Nunca soube.

Esse meu primeiro namoro eu tentei terminar de várias formas.Mensagem bonitinha. Ligação no meio da noite.

Olhando olho no olho, ele achou que eu estava brincando. Escrevendo uma cartinha, ele achou que era pegadinha e eu não tive coragem de desmentir.

Pombo-correio, ok, eu não mandei um pombo-correio, mas, se tivesse um, com certeza mandaria. Carro de mensagem - imagina que legal.

Por mais que eu tentasse, nada dava certo. Ele sempre dava um jeito de sair pela porta dos fundos, e eu, bem, era fraco demais para impedir que isso acontecesse.

Príncipe do Café Onde histórias criam vida. Descubra agora