Um ano depois
Lua suspirava sentada em uma alta rocha próxima daquela ilha. Desde aquele dia no oriente distante, em que deu suas lágrimas e seu coração para aqueles dois humanos, desde aquele dia seu coração sempre rumava para terra, mesmo contra a vontade de sua mente. Suas tias tinham desistido de aconselhá-la a não fazê-lo, mas era mais forte que suas intenções racionais.
Não entendia bem do porque ali, porém nas últimas marés sempre acabava vindo naquela ilha de areias branquinhas... Antes ia cada vez mais, um pouquinho mais longe de onde deixou ambos àquele dia, mas agora, da última vez que deixou seus instintos lhe levarem para terra, depois de certo tempo passado nas profundezas por ordem de sua tia do norte, acabou naquela ilhota não tão próxima do continente.
Mas não achava de todo ruim, ali havia pedras despontando das águas onde podia se sentar e tomar sol e ao mesmo tempo tendo absoluta certeza que não seria vista, afinal humanos não passavam por ali e até onde sabia ninguém a não ser os animais silvestres, habitavam aquela ilha.
Elfield nadava mais longe e Driel estava em missão para o senhor dos oceanos, então era só ela por um tempo de silêncio e pensamentos.
Como eles estariam? Estavam bem? Estavam felizes?
Seus corações estavam conectados, mas Lua não sabia como usar isso ao seu favor, ela não tinha aprendido as técnicas de tal conexão, porque não gostava de ficar com as sereias, que a julgavam esquisita, e suas tias lhe diziam que uma boa feiticeira tem que aprender com o mar.
Oras, como ia saber então se suas almas gêmeas estavam bem? Sabia que estavam vivas pois do contrário a dor seria como a morte diária – Era o que se dizia sobre sereias que davam suas lágrimas à consortes – Mas apenas isso.
E a falta que sentia, a saudade... A tristeza em igual proporção.
Devia sentir tudo aquilo? Devia...
— Peguei!
Lua só viu um vulto pular em si e outro a pegar quando caiu na água. Congelou, não só por ser pega desprevenida em uma situação imprevisível, como pelos olhos que a olharam fixos e sorridentes.
Ofegou, embora estivesse com a cabeça fora da água, não só por ver o belo dono do olhar escuro e que antes esteve ferido, como sentir os braços daquele que lhe chamou naquele dia, de coração para coração, em volta de sua cintura.
Como? Como...?
— Achou que íamos esquecer de uma senhorita tão bela assim tão fácil? Peixinho?
A voz dele, do homem que circulava sua cintura soou baixo em seus ouvidos e ela estremeceu levemente. Seu coração ficou quentinho e sua pele arrepiada. Eles estavam ali... eles estavam ali e não fugiram dela...
— Não nos deu tempo de agradecer e ainda apagou nossas memórias, porquê?
O dono dos olhos escuros profundos lhe perguntou e ela se deu conta que os três estavam próximos em excesso, tentando se manter com a cabeça fora da água. Para ela era simples, para eles parecia exigir esforço.
— Podemos ir para um lugar mais seguro para vocês?
Por fim acabaram na praia em uma piscina natural onde as ondas não eram fortes e ela os olhou melhor, com a luz do dia diretamente neles e eles para ela, sem mostrar medo ou horror por sua longa cauda.
— Então, porque fugiu?
— Kai, seja menos agressivo, por favor, ela está assustada.
Lua não estava, na verdade, não do jeito que eles diziam, mas aquele que se chamava Kai, o mais forte e que a agarrou pela cintura, assentiu ao outro, se sentou na beira da piscina natural e lhe sorriu aparentemente animado.
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Para sempre nossa Lua
FanfictionDois jovens senhores e uma sereia, eles da terra, ela do mar. Seria possível que duas raças tão diferentes pudessem ter um amor com um final feliz? Seria aquele, o primeiro amor daqueles três enamorados na história de suas almas? Ela os salvara, mas...