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Você realçou o universo com o vazio dos seus olhos castanhos, pincelada por pincelada, a coloração esquálida se eternizou na noite.
E há algo nessa imensidão enegrecida que nos destrói e nos devora sem piedade alguma; é o que nos torna vulneráveis, o que expõe nossas cicatrizes mais profundas.
E então vieram as nebulosas e eu não conseguia mais enxergar sua alma, mas continuei apreciando esse universo inteiro de mistérios e encantos, vagando através do inexplorado.
Como um dilúvio de sol, não pude evitar o colapso gravitacional que me alvejou o peito. Orbitando esse espaço mental que absorve aos poucos os resquícios de vitalidade que em mim, ainda residem.
Mergulhei dimensionalmente nesse interminável vácuo, que de tantos espaços acumulados, se tornou o nada.
O nada que rasteja em meu coração como um parasita em todas as noites.
As estrelas caem do céu, vazando de seus olhos e eu recolho cada uma delas.
Mas estrelas pesam toneladas; são oitenta e oito constelações e eu não as aguento mais em meus ombros, querido.
Eu estive tão imergido em seu abismo que nem me dei conta de que talvez a beleza do universo esteja em aprecia-lo de longe.
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ESTRELAS PESAM TONELADAS
PoetrySão oitenta e oito constelações e eu não as aguento mais em meus ombros, querido. ✎... oneshot © ASTROSNOMY, 2018