Você está brincando comigo e eu não estou achando divertido.
Aqui estou eu, com meus 18 anos indo para um coffeeshop em Amsterdã, sim, aqueles lugares que muitos turistas confundem com uma cafeteria e acabam dando de cara com um lugar que vende bolinho de maconha, café de maconha, tudo de maconha, eu me atrevo a usar? Não, quem faz isso é a minha melhor amiga Laura, eu costumava ter uma grande vontade de usar sempre que desse mas depois de um "pequeno" incidente, desisti de tudo isso.
— Maria, cuidado com a porta... — Acordei dos meus pensamentos quando dei de cara com a porta do coffeeshop, me afastei com a mão na testa olhando feio para Laura que ria.
— Maconheira de merda, não ri desgraça. — Mandei dedo do meio e entrei sentindo o cheiro forte de maconha, senti uma... nostalgia? Era como se eu tivesse me lembrando de uma pessoa que... não, não posso me lembrar dele. — Acho que vou querer um chá.
— Que milagre, você sempre nega quando te ofereço, mas sendo assim, Chester um cupcake e 2 chás, por favor. — Era impressionante como ela havia perdido totalmente a timidez, a Laura de quatro anos atrás teria me pedido para fazer o pedido.
Nossos pedidos chegaram, olhei bem para o chá pensando se fiz a escolha certa, lembrei de mim quando era adolescente e fumei pela primeira vez, ah, que se foda essa merda. Bebi vendo Laura sorrir, ficamos conversando até que comecei a rir, algumas pessoas me olhavam e sorriam como se soubessem do meu estado, era bom não ser julgada.
Depois que terminamos, Laura se levantou para pagar e comprar um pouco para fumar em casa, fiquei a observando, Chester havia falado alguma coisa que a deixou confusa, ela se virou para mim e me chamou com a mão para irmos embora.
— Alguém pagou nosso lanche, alguém não, duas pessoas. — Ela disse assim que pisamos na rua.
— Deveríamos nos preocupar?
— Acho que... não? — Era isso que sempre me fazia rir, a mania dela de afirmar alguma coisa perguntando, balancei a cabeça e sai andando com ela do meu lado.
[...]
— MARIA FERNANDA LEVANTA ESSA BUNDA E VAI SE ARRUMAR! — Laura estava com uma calça cinza claro, uma blusa de Van Gogh, um kimono de girassóis e um all star amarelo, suas marcas registradas, ela sempre amou Van Gogh e girassóis. — Chester me ligou e disse que as pessoas que pagaram nosso lanche vão estar numa balada, precisamos ir.
— Laura, isso não é... coisa de gente doida? E se formos sequestradas? — Comecei a tirar minha roupa e ir em direção ao banheiro, ela revirou os olhos.
— Maria, não tô indo pelas pessoas, talvez um pouco, estou indo porque vai ter maconha e open bar. — Eu conhecia bastante ela para dizer que ela queria encher a cara de licor de menta e vodka.
Ri e fui me arrumar, tomei um banho demorado, ainda sentido um leve efeito da maconha, sorri, Laura sempre me lembra de quando usamos pela primeira vez e fiquei doida, chorei, falei de outra realidade, enfim, doida. Sai do banho e fui escolher uma roupa; uma short, meia calça transparente, qualquer blusa preta e uma bota de cano baixo, simples? Talvez, mas com certeza Laura iria beber a ponto de desmaiar igual da última vez e iriamos embora antes das 2 da manhã.
[...]
Entramos na balada e a primeira coisa que vi foi um menino botando um lsd na boca, ok, parece que vou passar a noite no hospital se não vigiar a Laura. Andamos um pouco até o bar e não ouvi o que Laura pediu, mas veio uma bebida colorida, aquilo com certeza tinha vodka. Bebemos um pouco até que começou a tocar algum funk, Laura saiu me puxando animada para a pista, dançamos e começamos a cantar junto, algumas pessoas nos olhavam e tentavam cantar e dançar junto, brasileiro é foda né. Senti alguém apertar minha cintura e ri um pouco sem parar de dançar, quando a música acabou me virei dando de cara com um par de olhos conhecido... ah não, de novo não, por favor. O empurrei e sai correndo sem se me importar com a Laura, se ela tivesse overdose, PT, bad trip, sei lá, eu dava um jeito de ajudar ela.
Antes que eu pudesse chegar na porta ele me abraçou, sim, isso mesmo, ME ABRAÇOU. Senti as lágrimas descendo e enterrei meu rosto no seu peito. Ele me levou para algum lugar que eu não sabia onde era, olhei ao redor e vi que estávamos na terraço da balada, olhei para ele e ele me olhou de volta.
— Por que você voltou, Hian? —Fui em sua direção o empurrando.
— Maria, calma, eu posso explicar. — Ele segurou meu rosto me obrigando a o encarar.
— Explicar o que, porra? Você sabia que eu gostava de você, me tratava mal, me fez chorar. — Ele continuou calado. — Você brincava comigo e eu-
Ele me beijou.
Ok.
Digo e repito.
Hian me BEIJOU.
Eu como toda trouxa iludida e nenhum pouquinho boba de não retribuir o beijo de um deus grego e drogado desses, obviamente retribui.
Estava tudo lindo demais até ele por a mão na minha cintura, botava na bunda mas na cintura não. Me separei dele e comecei a rir, sim, eu sinto cócegas de um jeito inimaginável na cintura, ele riu balançando a cabeça e me puxou para um abraço.
— Eu tava com saudades. — Falamos juntos, olhei para ele e sorri.
[...]
— Deixa eu ver se entendi, você e o Hian não transaram? — Laura me perguntou pela milésima vez no dia.
— Não. — Sorri debochada pra ela.
Na noite anterior eu tinha sim transado com o Hian, e sendo sincera, minha bunda estava doendo pra caramba, teria sido maravilhoso se me desse uma prisão intestinal, eu não conseguia nem sentar, imagina cagar. E eu ainda estava com vários chupões e mordidas pelo corpo a ponto de parecer violência doméstica, e tô tendo que usar calça e blusa de gola de alta até essas merdas sumirem, o pior, é que o Hian só estava com uns arranhões nas costas, esse filho da puta me paga.
E a Laura? Ela tinha encontrado o Gabriel, mas do jeito que os dois são calmos eles só sairam e foram se sentar num parque olhando as estrelas, bem fofos.
— Chegamos. — Laura parou o carro ao lado de uma praia e eu a olhei desconfiada.
Desci do carro e sai andando pela praia, estava vazia, só o barulho do mar e um vento maravilhoso, vi um homem se aproximar e retiro o que disse, era um menino, Gabriel podia estar com seus 20 anos mas eu sempre ia considerar ele um adolescente. Ele me deu oi com seu jeito largado de sempre e foi se sentar do lado da Laura.
Continuei andando até ver um coração desenhado na areia, ok, como aquilo não sumiu? Olhei para trás vendo o Hian se aproximar e ficou bem na minha frente.
— Eu sei que fui um babaca com você, não me orgulho de nada disso, mas enfim, eu te amo Maria Fernanda, amo seu jeito decidido, amo te ver estressada e principalmente, te ver rindo. Mas a questão é... — Ele respirou fundo. — Você aceita namorar comigo mesmo eu sendo esse desastre?
Eu juro que tentei segurar as lágrimas mas parece que eu virei a Laura de tanto que choro, sorri e dei um grito fazendo uma dança bem aleatória.
— É ÓBVIO QUE EU ACEITO! — Beijei ele e o abracei.

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You're my drug
RomantikaNão posso negar, você vale a pena Porque depois desse tempo todo Eu ainda estou a fim de você Still Into You - Paramore