7:30 da manhã
Acordo com o som do meu despertador, viro para o outro lado da cama e coloco o travesseiro sobre a cabeça. As noites parecem casa vez mais curtas e as manhãs... Odeio as manhãs. O despertador continua tocando sem parar, até que desisto da impossível missão de ignorá-lo e levanto. O aparelho fica a uma distância considerável da cama, para que eu "acidentalmente" não o desligue e perca a hora.
O deixo na cômoda perto da janela, foi meu último presente de amigo oculto. Presente da Marcela, claro. Ela e sua mania de querer "consertar" e "controlar" todos em volta. Quase é preciso do segredo do universo para conseguir desligar o maldito treco. Coisa que descobri que consigo fazer melhor dormindo que acordada.
Visto uma camiseta e saio do quarto, espreguiçando pelo caminho. Preciso de uma boa dose de cafeína para começar o dia. Encontro o meu Papi deitado no sofá, ele sempre chega tarde em casa, por causa do trabalho. É chef e dono de um bom restaurante. Quase sempre acaba dormindo no sofá, ele diz que é por causa do cansaço, mas tenho certeza que o motivo ainda é ela.
Cubro o corpo dele com a coberta e beijo sua testa. Papai mal cabe no sofá, não é de se estranhar que sinta tanta dor nas costas.
- Lia... - ele abre um pouco os olhos - Que horas são?
- Ainda é quase madrugada, volta a dormir. - antes de terminar de falar, Papi já está dormindo profundamente de novo.
Somos só nós dois a muitos anos e formamos uma boa dupla, a melhor de todas, como costumava dizer na infância. Já tenho idade e minhas finanças estão boas o suficiente para ter meu próprio apartamento, mas não posso deixar o meu pai, não sou como ela.
Música: Britney Spears - Ooh Ooh baby(está na capa do capítulo)
Depois de tomar meu café e um banho demorado, estou quase pronta para iniciar o meu dia. Como hoje é noite das garotas, resolvi vestir roupas menos formais, não que eu geralmente vista algo muito diferente disto. Escolhi uma saia lápis curta listrada, regata cinza folgada, blazer marrom e scarpin preto. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo e fiz uma maquiagem leve, mas não esqueci de adicionar na bolsa maquiagens para a noite.
Saio do apartamento fazendo o mínimo de barulho possível, não quero que meu pai acorde. Vejo que no meu relógio de pulso ainda faltam dez minutos para 8:30 e fico orgulhosa de mim mesma, vou chegar só alguns minutos atrasada hoje.
Quase solto um gritinho de satisfação ao ver meu bebê, passei os últimos anos economizando e terei longas parcelas de financiamento, mas uma garota precisa se sentir poderosa enquanto dirige, algumas diriam que um carro esportivo faz isso melhor, mas meu bem... Desligo o alarme do meu New Beetle 2018 conversível na cor dourada. Que se dane os esportivos, porque nenhum deles chegam ao pneu do bebê.
Estaciono o carro na minha vaga, mas como se fosse um sinal do dia que terei hoje, piso bem em cima de uma droga de chiclete quando saio.
- Merda! - xingo tentando tirar a porcaria do meu sapato. Só para confirmar olho para o lado, e lá está a lata de lixo no mesmo lugar de sempre. A pessoa que cuspiu o chiclete no chão além de porca deve ser cega.
- Lia? - escuto alguém chamar, viro por instinto e fico sem reação ao ver Ricardo. Nós saímos algumas vezes na faculdade, mas quando percebi que ele estava bem disposto a transformar nosso lance em alguma coisa mais séria, fugi dele como se fosse o próprio aedes aegypti.
- Ahhh... Oi. - que diabos ele está fazendo aqui? A última notícia que tive dele, foi que tinha voltado para o sul.
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One hour
RomanceEssa é a história de 4 amigas, que não tem tanto em comum mas que se amam tanto que as diferenças parecem que não existem. Uma é sonhadora, vive com a cabeça nas nuvens e não sabe muito bem como conciliar seus planos com a realidade. A outra, é mais...