Prólogo.

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Eu não sabia quanto tempo mais aguentaria – ou quanto mais deveria aguentar. Todas as vezes que vejo o lado da cama que deveria ser seu, o lençol frio do seu lado, meu corpo clamando pelo seu toque, eu penso em qual homem sujo está tocando o corpo que eu deveria sentir.

3:15 da madrugada.

Meu corpo sente as vibrações do meu coração batendo mais rápido, descompassado pela ideia de você ter sido pega pelos soldados, perdido pela ideia de nunca mais agraciar seus olhos verdes como a esperança de liberdade. As lágrimas correm pelo meu rosto, sendo tomada pela ideia do desespero e da loucura.

A chuva cobre o céu lá fora, tilintando suas gotas pelo telhado escuro. Minhas unhas, descascadas do esmalte vermelho – a mesma cor dos lençóis de linho que eu conhecia muito bem, agora eram apenas lembranças do quão grande foram, roídas pela ansiedade de te ver novamente.

Gostaria de poder entrar na sua mente e saber se pensa em mim todas as vezes que encostam em seu corpo, se é o meu toque que gostaria de sentir. Gostaria que as coisas fossem mais fáceis, que o mundo estivesse ao nosso favor.

Queria que nós duas fossemos o único pecado entre as labaredas quentes das nossas carnes em contato. Quando tudo isso acabar, eu estarei bem aqui, meu amor, agarrarei a correnteza mais próxima, rumo a um novo horizonte, juntamente de você.

Eu te prometo, você jamais estará sozinha.

Minhas mãos tremem, deixando os pensamentos bons de lado e dando lugar aos soluços seguidos dos pesadelos. Sua hora de chegar já passou. Os calafrios voltam.

Será que você voltaria para mim?

Ouço batidas na porta de entrada, no andar de baixo.

Encolho-me mais entre os lençóis, seria minha amada ou os demônios fardados?

Sua voz doce e melódica sussurra subindo os degraus da madeira velha, a qual range a cada passo seu.

Meu coração se aquece, fazendo-me levantar da cama e correr ao seu encontro, deparando-me com seu corpo cansado e com cheiro de cigarro. Beijo seus lábios, radiante por encontrar minha alma gêmea novamente.

E por um tempo, eu soube que você sempre saberia o caminho de volta.

Você sempre saberia o caminho de volta para casa.

the woman behind the letters // camrenOnde histórias criam vida. Descubra agora