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Acordei com o tradicional e estridente barulho do despertador me relembrando que mais um dia havia começado.

Pego a roupa que tinha selecionado na noite anterior e faço o meu caminho até o banheiro tomando um banho rápido.

"Gabriellaaaaa, não vai se atrasar né?" Minha mãe, Isadora, grita do outro lado da casa fingindo que eu sou importante para ela.

Reviro os olhos bufando enquanto entro na cozinha para tomar o café da manhã.

"Bom dia." Digo tentando parecer bem disposta para os meus pais.

"Bom dia,querida." Diz o único ser humano que se importa comigo nesta casa, o meu pai, António.

"Você poderia ser mais rápida" Diz a Dora exploradora da casa.

"Poderia mas não seria a mesma coisa." Digo, pegando numa maçã que estava na cesta da fruta.

Quando estou saindo da cozinha meus irmãos mais novos passam por mim rindo de alguma coisa sem qualquer interesse, e assim, os ignoro colocando os meus fones nos ouvidos para caminhar para o colégio. Quando, por fim, chego lá, passo pelos vários grupinhos comuns de qualquer colégio, nerds, desportistas,
patricinhas e por fim o meu grupo, que pode ser considerado os mais loucos e diferentes, mas adoráveis, os meus friends.

Caminho até eles, um sorriso vai se abrindo em meus lábios à medida que me aproximo.

"Oiii migos." Digo totalmente animada.

"Bom dia." Diz a minha melhor amiga, Julia, sem demonstrar alguma animação.

"Hello Hello." Diz o Danilo, totalmente animado como eu.

"Como foi vosso final de semana?" Eu pergunto.

"Cansativo." Diz Julia, acabando de bocejar.

"Então porquê?" Pergunto.

"Festas e mais festas, não é óbvio? Não sou como tu que fica todo o final de semana trancada no quarto a ler um livro ou a ver um filme." Diz ela totalmente certa na parte em que me definiu.

"Para que saibas ler um livro com um jazz a tocar e com uma mantinha quentinha enquanto está a chover é melhor coisa deste mundo." Falo o meu ponto de vista.

"Nossa então o tempo não muda durante o ano, já que ficas assim todos os dias que estás livre."

"Gente do céu parem com isso que não vos vai levar a lado nenhum, o que vos vai levar para algum lado, certamente, é o teste de Português que temos amanhã, que só por acaso acho que nenhuma das duas estudou." Diz o Danilo, tentando interromper a nossa conversa.

"Teste de Português, disses-te tu, para de mentir Danilo do meu coração." Digo eu, tentando parecer calma por fora, enquanto ,por dentro, uma pilha de nervos cresce ao receber essa notícia.

"Sim, Gabriella do meu coração, temos teste amanhã, até admira não saberes tu que és a mais responsável de nós o três, mas pelos vistos estás a ficar rebelde." Ele zomba da minha cara, nervosismo notável.

"Isso não é possível." Digo quase num sussurro, mas eles ouviram.

"É sim, e sabes o que também é possível? Estar na hora de entrarmos para termos francês." Ele afirma olhando o rolex em seu pulso.

Começamos a entrar e só tenho tempo para reparar que nestes 10 minutos, em que eu estive a falar com ele, que a Júlia está totalmente relaxada depois de saber que tínhamos teste.

"Queria ser como tu, calma." Digo sincera.

"O que me vai adiantar ficar assim? Mais vale ver as vistas, se é que me entendes, e quando chegar a casa estudar." Diz tranquilamente tirando o som do celular e olhando para mim.

"Lá nisso tens razão." Cochicho olhando para o chão para ninguém notar o quanto estou vermelha, eles podiam ter avisado do teste mais cedo.

"Gabi, não fiques assim, de tarde vocês podem vir para minha casa para estudar-mos os três como sempre fazemos." Diz o meu Danilo tentando colocar animo na situação.

"Obrigada." Digo eu e a Júlia ao mesmo tempo.

Nisto a professora chega à sala e nos manda sentar conforme a ordem alfabética, e eu tive de ficar nada mais nada menos que ao lado da minha cara amiga Geovana.

"Olha, olha que é ela." Diz num tom tão irônico, que só me apetece tacar fogo na cabeça dela.

"Olá e adeus." Digo seca e fria, abrindo a o caderno para apontar as coisas que a professora estava a escrever no quadro.

"Nossa que fria, a sua mãe é tão simpática, não tem nada a ver com você." Diz isso para me tentar afetar, mas não consegue, também já estou de saco cheio com a minha mãe.

"Primeiro, eu não sou a minha mãe. Segundo, ninguém pediu a sua opinião, portanto cale a boca antes que eu consiga arranjar alguma forma de você ser expulsa da aula." Digo levemente irritada.

"Isso é uma ameaça?" Pergunta ela, mais irritada do que eu.

"Depende do ponto de vista." Falo para acabar com a conversa e estar atenta na aula.





Olá caros seres humanos, aqui está o nosso primeiro capítulo, um bocadinho longo, mas nada de mais, espero que tenham gostado.
Para quem não entendeu, "apreciar as vistas" é um termo usado em Portugal para falar que está apreciando os garotos ou garotas, dependendo da preferência sexual.
Votem (please) e também dêem a vossa opinião à cerca do capítulo.

Kiss

GabriellaOnde histórias criam vida. Descubra agora