Meus olhos encaravam aquele ser de aparência cismática enquanto o pânico me tomava por completo. Meu corpo se recusava a se mover, mesmo a minha mente era incapaz de raciocinar. O que estava acontecendo? Seria uma alucinação motivada pelo trauma de quase perder meu irmão? Não, aquilo era real, tão real e amedrontador que meu único instinto era de me permanecer imóvel, me tornar parte da mobília. Seus olhos cor de ébano encaravam meu irmão como se pudessem vislumbrar seu passado, tornando a situação ainda mais aterrorizante e, num piscar, eles estavam voltados a mim.
Algo descia pela minha bochecha fazendo-a coçar. Uma lágrima, lenta e incomodativa. - Por favor não leve ele...- as palavras saíram da minha boca numa espécie de choramingo.
Suas sombrancelhas se curvaram momentaneamente e se voltaram numa expressão de inércia.
- Não estou aqui para levá-lo - disse o anjo - ainda não.
Seus olhos voltaram a encarar Andril.
- É muito ultrajante ver que ainda há, mesmo que num século tão compreensível, pais que rejeitam seus filhos por algo que nenhum deles escolheu. A humanidade nunca há de aprender.
As palavras que foram cantadas de seus lábios ecoaram em minha mente. Rejeitam? Foi isso o que ocorreu? No momento que a encarei novamente, ela estava me observando como se tivesse lendo meu rosto. E com outro piscar, ela bateu suas asas e arrancou qualquer resquício de que estivera aqui. E com isso, meu corpo cedeu junto ao leito, como se aquela breve aparição tivesse, de alguma forma, sugado toda a energia que havia em mim.
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O Acolher das Rosas
FantasyVallentina, uma jovem de 16 anos, recebe a triste notícia de que seu irmão mais novo tentou suicídio após se assumir para seus pais. Triste e deprimida, no leito do hospital onde seu irmão está internado, Vallentina vê a terrível e bela imagem de um...
