31/ 12/ 2017 (1 ano atrás)

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- Camila! Onde você pensa que vai?! - Minha mãe me pegou no flagra quando eu estava prestes a sair de casa. Ela estava mais séria do que eu gostaria.

- Mãe, eu já disse! Eu só vou dar uma saída! Preciso passar num lugar antes! - Me aproximei para tentar acalmar a fera.

- Que lugar é esse? Eu não estou te entendendo! Você falou em fazer essa viagem por três meses seguidos e agora aparece com essa história de que precisa passar em um lugar antes e que não vai com a gente! Pode ir contando mocinha! - Definitivamente ela estava irritada.

- Mãe, só fica tranquila! É uma surpresa! Eu acho que você vai gostar... Tô falando sério! - Tentei ao ver a expressão de incredulidade aumentar a cada palavra que saía da minha boca.

- Pra onde você vai? - Ele perguntou de olhos fechados.

- Mãe, é uma surpresa. Eu já disse! Desculpa, mas eu não posso dizer. - Me doía ter segredos da minha mãe, mas nós tínhamos combinado de fazer uma surpresa, eu não podia quebrar a confiança dele.

- Camila, você não pode sair por aí sem que a gente saiba onde você está! E como você vai para o hotel?

- Primeiro, eu não vou sair por aí, eu vou encontrar uma pessoa. - Ela me encarou séria já se preparando para falar, mas eu fui mais rápida. - E não! Eu não posso te contar quem é, mas eu juro que você conhece e que você vai saber quem é assim que a gente chegar no hotel! Segundo, eu já tenho dezenove anos, então...

- Ainda deve satisfação a mim e ao seu pai! - Ela falou chateada.

- Eu ia dizer que nunca fiz nada de errado, então você deveria me dar um voto de confiança e acreditar que não vou fazer nada que eu me arrependa, nem que magoe você e o meu pai e que eu tenho responsabilidade o suficiente pra confiar na pessoa com quem eu vou me encontrar e apresentar mais tarde a vocês!

- Camila, só me responda uma coisa. - Ela suavizou o tom de voz. - Essa pessoa é um namorado? - Ela me encarou com expectativa e eu respirei fundo. Não tinha mais como esconder dela.

- É. - Bufei. - Tecnicamente ainda não. - Ela demonstrou estar confusa. - Ele pretende me pedir em namoro hoje à noite.

- Ai, minha filha! - Ela me abraçou derramando algumas lágrimas. - Fico tão feliz por você! Estou ansiosa para conhecê-lo! Claro que eu tô um pouco surpresa... Sempre achei que você e o seu primo se gostavam!

- Por que vocês insistem nisso?! - Me afastei dela, chateada. - Nós não somos primos!

- Tecnicamente, são. Se você considerar...

- Para! - A interrompi. - Eu não quero considerar nada! Ainda mais "tecnicamente". - Fiz o sinal de aspas no ar. - Vocês precisam de alguma ajuda? Tem que levar alguma coisa para o carro?

- Não. Seu pai já carregou o carro e saiu para abastecer e calibrar os pneus. - Balancei a cabeça em concordância. - Você já tinha descido com a sua mala?

- Sim. Coloquei ontem à noite na sala.

- Então tá tudo certo! - Ela sorriu para mim.

- A gente se vê mais tarde, então!

- Eu te amo muito, minha filha! Muito! Para sempre vou te amar! Nunca se esqueça que pode contar comigo e com o seu pai! Estaremos sempre unidos!

- Eu também te amo, mãe! Não deixa o meu pai ficar chateado que eu não vou com vocês! Você sabe o motivo...

- Eu sei! Vá ser feliz! Tudo o que nós queremos é a sua felicidade!

- Tchau, mãe! - Fui caminhando de costas em direção a porta da cozinha ainda sorrindo para a minha mãe.

- Tchau, minha filha! - Ela sorriu de volta e secou as lágrimas que tinham escorrido por seu rosto.

Saí de casa caminhando com pressa até a esquina da rua, onde um carro prateado me esperava. Ao me aproximar do carro, ouvi o barulho das portas destravando e entrei, aproveitando o ar condicionado gelado que arrepiou os pelos dos meus braços quentes pelo sol.

- Por que demorou tanto? - O motorista se aproximou e me beijou. - Eu já ia aparecer lá!

- Você é maluco, né? - Perguntei debochada.

- Por você? - Ele me deu um sorriso safado e ergueu as sobrancelhas.

- Também! - Pisquei o olho e me ajeitei no banco, colocando o cinto de segurança.

- O que você fez comigo, hein, Camila? Nunca achei que pudesse me apaixonar por uma garota só, ainda mais ficar perdidamente apaixonado por ela.

- Acho bom mesmo ser SÓ por mim a partir de agora!

- E é desde o nosso primeiro beijo. - Ele me encarou e eu dobrei o meu corpo em sua direção, o beijando levemente nos lábios. Quando me afastei, vi que ele respirou fundo, raspando os dentes no lábio inferior, em uma clara demonstração de que não estava satisfeito com o pouco tempo que nossos lábios ficaram unidos.

-Quando você me mostrar o que preparou para nós, vai ter muito mais!

- Vamos logo, então! - Ele também colocou o cinto de segurança e baixou o freio de mão. - Mas e aí, por que demorou tanto?

- Minha mãe me pegou no flagra.

- E você contou? - Ele desviou rapidamente os olhos da pista para mim.

- Tive que contar que vou apresentar um garoto. Só não disse quem. - Ele sorriu.

- Difícil de acreditar que a minha madrinha aceitou tão pouca informação!

- Ela veio de novo com aquela história... - Respirei fundo encarando a janela lateral do carro. As casas passavam do lado de fora.

- Qual delas?

- Do "tecnicamente" primo" - Respondi irritada, mas ele gargalhou.

- Você sabe que vai ser difícil para eles aceitarem, né? - Ele ainda estava rindo.

- Eu amo os meus pais, mas quem decide com quem eu namoro ou não, sou eu! - O encarei mesmo que os olhos dele estivessem fixos no trânsito à frente. - E essa história do "tecnicamente" já deu o que tinha que dar!

- Mila, você tem que entender que na cabeça deles nós...

- Eduardo, NÓS NÃO SOMOS PRIMOS! - Falei um pouco alto.

- Biologicamente, não! Mas tecnicamente, como eles sempre repetem... - Ele revirou os olhos.

- Você vai entrar nessa também? - Ergui minhas sobrancelhas.

- Se te chatear, não!

- Já chateou! - Cruzei os braços.

- Mas tenho certeza de que agora consigo me redimir. - Ele disse estacionando o carro na porta da casa dos pais dele.

- Tem certeza de que os seus pais já foram? - Perguntei olhando para a casa.

- Absoluta. Nós saímos juntos. Eles iam passar no mercado antes de encontrar com os seus pais para irem seguindo eles na estrada.

- Por que eles não vão juntos?

- Também não entendi! - Ele deu de ombros.

Retirei o cinto e me sentei de lado para encará-lo melhor. Assim como eu, ele também tinha olhos azuis e cabelos loiros. A diferença era que o cabelo asa delta loiro dele era mais dourado, enquanto o meu loiro era platinado em um corte reto e longo. Seus exatos dez centímetros a mais de altura tornava o nosso abraço o mais perfeito que eu já havia recebido .

- Eu te amo, Mila! -Ele se aproximou e me beijou.

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