Dollhouse

7 1 0
                                    

Leia "Nascida Em Berço de Espinhos". Da coffessaurus
Todo mundo pensa que nós somos perfeitos
Por favor, não deixe eles olharem através das cortinas.

Quinze narrando.

Eu vejo coisas que ninguém mais vê.

- deixa de ser imbecil quinze, vista suas roupas e se prepare para a foto. - minha mãe diz enquanto chora.

O idiota do meu pai traiu ela, eu encontrei ele na cama com uma vadia, e meu irmão está fumando maconha. Ela finge que não acredita mas está se corroendo por dentro.

Ouço ruídos na cozinha e deixo minha mãe para trás se afundando na bebida.

Fui para a cozinha e novamente o rosto apareceu nas paredes. O rosto sempre aparece nas paredes.

Grito, mas minha voz não sai. Do nada tudo fica escuro. Sinto alguém me abraçando e me colocando na cadeira.

Amarrada. As luzes se ligam. Olho minha barriga que está completamente rasgada e meus órgãos pulsam para fora. Se eu estou assustada? Já aconteceram coisas bem piores.

Minha boneca aparece na minha frente com um garfo e uma faca, na mesa, um prato com um órgão, que deve ser o meu. Ela corta e come com o rosto maravilhado.

- POR QUE EU ESTOU ASSIM? O QUE VOCÊ QUER? - Pergunto, embora eu já esteja cansada e com os olhos pesando.

- vamos trocar de lugar, você não merece estar aqui e eu não mereço estar lá. - dito isso ela some e o lugar fica escuro novamente.

As luzes se ligam e eu volto para o lugar de antes. Encaro a parede e está tudo normal.

Corro para o sótão e encarro minha casa de bonecas. Está intacta, mas uma coisa está diferente. Os meus quatro bonecos, a boneca que estava comigo na cozinha estavam sorrindo para mim, um do lado do outro.

- Ei, garota, olhe para a minha mãe - uma voz sussurra atrás de mim e eu viro assustada. Nada, não estava lá nada. - Ela está com tudo em cima.

Do nada ouço uma risada agonizante vinda do lado de fora da casa. Corro para a janela e encaro o quintal escurro e sem sombra nenhuma de presença de alguém. Quando estou prestes a virar sou arremessada da janela. Eu não sei se estou morta. Mas não me sinto mais. É como se minha vida tivesse terminado aqui. Só ouço vozes me chamando e gritando.

- ABRA AS PAREDES E BRINQUE COM SUAS BONECAS. - uma voz grita.

Sindo meu corpo preso e me debato, sem sucesso.

- abra os olhos. - a voz diz.

Abro os olhos e vejo minha mãe na cozinha. Ela não me vê. Grito mas ela não escuta. Me debato e nada. Continuo presa. Olho em redor e vejo que estou na parede, no mesmo lugar que o rosto aparece.

Ninguém nunca escuta, este papel de parede brilha.
Mas.. quem sabe...
Um dia, eles vão ver o que se passa na cozinha.

Minha mãe sai da cozinha e tudo volta ao normal. Eu estou novamente em frente a minha casa de bonecas. Caio no chão petrificada e choro. Choro muito. Nunca ninguém viu coisas do tipo na minha casa, eu só a única que vejo estas coisas. E eu estou realmente cansada.

Melanie

Ela está vindo para o sótão. A nossa dona se rendeu e está vindo para o sótão. Ela quer brincar connosco. Ela vai quebrar a parede e brincar connosco.

- Lugares, lugares, vão para os seus lugares - minha mãe diz arrumando meu irmão. - vista seu vestido e coloque seu rosto de boneca - ela diz para mim.

Quinze finalmente vai olhar para detrás das cortinas. Nossas cenas na cozinha deram efeito.
Nós queremos ser como ela. Sempre tentamos ser uma cópia perfeita dela.

- Foto, foto, sorria para a foto
Pose com o seu irmão, você não quer ser uma boa irmã? - meu pai diz enquanto ajeita a câmera.

Quinze fez isso com sua mãe, então nós estamos fazendo também.

C-A-S-A D-E B-O-N-E-C-A.
Seremos uma família perfeita.

Quinze se aproxima da casa e me encara confusa. Me aproximo e fecho seus olhos. Ela agora vai sentir uma sensação de morte e vai passar uma uma experiência incrível.

Depois da experiência, ela aparece na casa de bonecas e nos encara confusa. Ela olha para si e grita. Grita assustada. Ela agora é uma boneca.

- seremos uma família perfeita. - todos nós dizemos e ela recua assustada.

- me deixem voltar - ela sussurra chorando.

- se você voltar não será o mesmo. Não vamos deixar você em paz. Não se esqueça: nunca ninguém escuta. Eles nunca vão ver o que se passa na cozinha. - alerto e ela chora. Incrível. E não estou sendo irônica.

Ela abana a cabeça negando e eu me aborreço. Corro até ela e perfurro seus olhos com minhas mãos de porcelana. Seu sangue vermelho corre por seu rosto assustado. Ela grita muito.

Ela vai voltar ao normal quando voltar para casa. Mas nunca vai se esquecer, vai sempre sonhar e se lembrar com veemência da dor que está sentindo.

- AHHHHH DÓIIII, DÓI MUITO. - ela grita e todos nós rimos.

Ela passa a mão no rosto e se contorce muito. Aceita logo Quinze.

- Até mais. Quinze. - digo e ela volta para casa. Ela não vai aceitar.

Ela está em frente a casa de bonecas. Olhando para nós assustada. Ela toca seus olhos e percebe que estão normais. Ela sai correndo e eu volto para as paredes a seguindo. Observando ela correr até a mãe e contar tudo. A chifruda nem se dá ao esforço de escutar ou acreditar. O que deixa a quinze triste.

Vou estar sempre olhando ela.
Vou estar sempre seguindo ela.
Vou estar sempre nos sonhos dela.
Vou estar sempre com ela.

Dollhouse - Melanie Martinez.

ContosOnde histórias criam vida. Descubra agora