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- É aquela? - pergunta Rose olhando pela janela do carro.
- Não - responde Harry friamente (como habitual)
- Aquela? - volta a perguntar.
- Qual é a diferença, Rose? São todas iguais.
Rose continua a olhar pelo vidro sem responder.
- Estão entusiasmados? - interroga Steve, o pai dos jovens, tirando os olhos da estrada.
- Continuo sem entender porque é que temos de mudar de casa - resmunga o jovem de 18 anos pegando no telemóvel.
- Já falámos sobre isso. Tomámos a melhor decisão.
- A única pessoa levada ao consideração foste tu.
- Tomámos esta decisão juntos. A tua irmã concordou em virmos morar para aqui, certo Rose?
Rose consente mas continua a olhar pela janela, como se nem estivesse a ouvir a conversa.
- Mas tu estás do lado de quem? - pergunta Harry virando-se para o banco de trás, onde estava a rapariga loura.
Rose olha para o irmão e encolhe os ombros.
Harry encolhe igualmente os ombros, revira os olhos e continua a mexer no telemóvel.
Passado alguns minutos o carro parou em frente de uma grande casa branca com alguns detalhes em pedra. Harry olhou para a casa com um ar não muito satisfeito. Rose ficou apenas a mirar os arbustos e as árvores cheias de flores de cerejeira melancolicamente.
- O que acham? - perguntou Steve, fechando o carro.
- É tão linda que dá vontade de entrar no carro e arrancar na direção contrária o mais rápido possível - ironizou Harry.
Rose faz contacto visual com o irmão. Os seus olhos incrivelmente verdes e um quanto vermelhos cruzam-se com os olhos castanhos de Harry, tentando dizer algo como "Mata-te, por favor".
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A casa já estava decorada. Mobílias claras e prontas a estrear estavam por toda a parte. Steve queria mesmo começar do zero. Rose, embora não demonstrasse, só queria desaparecer dali, queria enfiar-se no carro e, numa viagem de 3 horas ao som de fracassos dos anos 70, voltar para Dublin. Harry atirou-se para o sofá (igualmente branco) no meio da sala e colocou os pés em cima da mesa de centro retangular.
- É uma boa casa para dar festas.
- Não vai acontecer - dissertou Steve.
- Veremos - ameaçou Harry num meio sorriso, evidenciando o piercing que tinha no lábio inferior.
- Onde é o meu quarto? - perguntou Rose melancolicamente (pela segunda vez naquela tarde) evitando uma possível discussão.
Steve apontou para cima - Primeira porta à direita, querida.
Rose mostrou um sorriso falso e dirigiu-se para o primeiro andar.
Ao abrir a porta de madeira clara, deu de caras com uma grande janela oval rodeada de flores de cerejeira. Aquela divisão, não muito grande, seria o seu quarto. A cama, coberta por um lençol em vários tons de cinza, ficava na mesma parede em que se situava a adorada janela. Havia uma secretária branca ali perto, com todos os livros favoritos da rapariga.
Rose revira os olhos e dirige-se à janela, observa a casa, igualmente branca, em frente. Ao focar o olhar na janela grande, e também ela redonda, vê um rapaz a observá-la. Ainda que tenha uma visão não muito clara, consegue perceber que o rapaz é loiro e parece estar a usar uma t-shirt preta dos The psychedelic furs, uma banda dos anos 80 de que infelizmente ninguém se lembra. Rose sorri. O rapaz sorri de volta.
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Perto das 06:00 da manhã Rose acorda com o som irritante e repetitivo de um ramo de uma das árvores de flor de cerejeira a bater na sua janela. Levanta-se, solta o cabelo e veste umas calças de fato de treino cinzentas com manchas de gordura que encontrou no fundo do armário.
Desce as escadas e ao abrir a porta de entrada observa a moradia, totalmente silenciosa e limpa de gente. Ainda que a rua já se encontrasse parcialmente iluminada, os candeeiros ainda estavam acesos. O vento dava arrepios a qualquer um que ali passasse (talvez por esse motivo ninguém ali passasse), as árvores dançavam em discordância e os ramos despiam-se.
Rose decide abandonar o alpendre e mirar a vizinhança. Caminha pela rua, contra o vento. A única coisa que preenche a sua mente é a melodia da música mais tocada de 1983 : "oh can't you see? you belong to me". ❀ Quando a música finalmente para de tocar na sua cabeça, a rapariga vê uma alma ao fundo da rua, a caminhar na sua direção. É o rapaz da casa em frente, aparenta estar a usar a mesma t-shirt.
- Gosto da tua t-shirt - elogia Rose, quando o rapaz se encontra a poucos metros de distância.
O desconhecido olha para a rapariga de cima a baixo, como se procurasse algo para elogiar. Depois de uns longos segundos, mostra interesse nos ténis da jovem:
- Normalmente não falo com desconhecidos, aliás evito ao máximo falar com quem quer que seja, mas gosto dos teus sapatos. Isso é sangue?
- Período.
- Mmmm... O drama vaginal.
Ambos gargalharam. Rose observou o cabelo do rapaz, era parecido com o seu, mas mais curto e desarrumado, estilo Kurt Cobain. Usava uma camisa vermelha aos quadrados por cima da adorada t-shirt, umas calças de ganga pretas rasgadas e uns converse também pretos, neles estava escrito "high way to hell".
- Tens nome? - pergunta Rose ironicamente.
- Infelizmente... Peter.
- Rose.
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Olá pessoal,
Confesso que não estou muito confiante em relação a esta fic... Dêem-me as vossas primeiras impressões nos comentários. Obrigada por lerem e...
ADIOS MUCHACHOS
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Million Words
Teen FictionPeter Callahan e Rose Kingsley são jovens de 16 anos que nasceram na época errada. Juntos experienciam os dramas da adolescência, drogas e (talvez) sexo, tudo isto ao som dos maiores êxitos dos anos 80.