Levanto preguiçosamente da minha cama e ando cambaleando até o criado-mudo. Após colocar meu óculos e finalmente enxergar alguma coisa, noto muitas notificações pipocando na tela do meu celular. Não preciso ler para saber que é um boato aparentemente consistente sobre minha colorização.
Depois de um tempo, a coisa toda da alma gêmea vai perdendo a magia e o propósito — pelo menos pra mim, que ainda não encontrei a minha. É romântico e até poético no início, o mundo não tem beleza e sentido sem alguém pra compartilhar, cacete, eu sei, você se sente empolgado ao saber que existe alguém na medida certa pra te completar e terminar as suas frases antes que você as diga.
Quando somos crianças, nos dizem que o toque da nossa alma gêmea desencadeia uma série de reações inexplicáveis e um efeito irreversível, muito mais impactante, quando nos abraçamos pela primeira vez: O mundo ganha cor. Depois de um tempo, o preto e branco começa a parar de incomodar tanto e nos acostumamos com a visão limitada das coisas, embora a sorte dos colegas que já se colorizaram na infância ou simplesmente nasceram vendo cores nos incomode e deixe uma puta dúvida: qual é o meu problema? E dai começam os problemas que o governo e toda a sociedade já estão preparados pra lidar, supostamente. Dizem que o processo todo começou quando o mundo começou a perder o que nos tornava humanos, e eu sei lá, parece fazer sentido.
Acontece que, aos 24 anos, meu guarda-roupa se limitava a roupas a roupas brancas e pretas. Tá meio na cara, pois é.
James Potter, o vocalista da Mischief Managed, não se colorizou. Devo dizer que é meio depressivo ter o mundo inteiro sabendo da sua situação amorosa. A mídia segue meus passos sempre, e eu frequentemente sou alvo de testes estúpidos, geralmente é um paparazzi aleatório que pula de um arbusto no meio da rua e grita QUE COR É ESSA, HEIN? E eu respondo, com toda a paciência que não me resta: Meu consagrado, não faço a mínima ideia, porra.
Eu sei que tenho que me acostumar, por que esse drama vai me perseguir o resto da vida ou até eu achar a tal outra metade, mas conviver com pessoas que já acharam sua outra metade é um teste de sanidade. E é por isso que hoje eu optei por desbravar Roma sozinho.
Tomei banho, coloquei minha roupa e peguei um boné preto, sabendo da probabilidade consideravelmente alta das coisas darem errado no meu dia de turista solitário.
***
— Prongs, você já pode parar de drama e acompanhar a gente — Padfoot acha que por estamos de turnê, essa coisa toda de estarmos unidos é crucial.
Não me dou o trabalho de responder Sirius por que a voz da razão, vulgo Remus, responde por mim, como eu sabia que ele faria.
— Relaxa, Six. James só quer dar um tempo pra gente, ele nos encontra depois — Olho pra cima e vejo a expressão tranquila de Remus ao olhar pra Sirius, que não parece muito convencido.
Moony tira suas mãos dos talheres e segura a mão de Sirius, que solta um suspiro e, dessa forma, sei que cedeu. Olho pra Frank e ele me olha preocupado, então começo a me levantar discretamente, me afastando da intensa troca de olhares entre Pads e Moony que continua do outro lado da mesa de café do hotel.
Mas Frank acaba com a minha saída triunfal.
— Você vai sair conosco amanhã — Ele vê que vou questionar, sabe que direi que Alice está na cidade só por causa dele — Ali veio com as amigas, e nem adianta discutir, você vai.
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Between her arms
FanfictionTodos da banda Mischief Managed já viam o mundo em seu completo esplendor. Bem, todos menos James. E ele não esperava encontrar sua soulmate em Roma durante o último show da turnê mundial. Num mundo onde você só vê cores se já beijou sua alma gêmea...