Breaking Point • MYG

Capítulo 15.

Dois anos mais leve e uma mala mais pesada por toda bagagem desses anos, Sora voltava para a Coreia. Para Seul, para seu apartamento vazio. Ela sentia que nunca esteve tão próxima de Yoongi nos últimos dois anos, o que fazia uma dor desconfortável em seu peito a incomodar. Gangnam era onde ficava o dormitório do BTS na última vez que ela os visitou.

Mal ela sabia que quase se encontrou com Yoongi por acaso mais de uma vez: quando o BTS foi para os EUA na KCON ou quando Sora estava tocando em um shopping na Noruega e eles foram passar férias por lá – nessa última ocasião, Yoongi virou um corredor antes de onde Sora estava se apresentando. Todas as vezes, a mesma dor incomodando seu coração sem que ela soubesse. 

Fazia também mais de um ano que Sora não falava com nenhum dos caras do Bangtan porque ela havia perdido o telefone em Praga e não conseguia encontrar um bom motivo para recuperar o antigo número e mesmo Namjoon ou Jimin tentando entrar em contato com ela pelo Facebook, Sora não sabia como ver mensagens das pessoas que não eram mais suas amigas. Assim, com o tempo, as tentativas de contato com ela pararam.

Sobre a música do BTS – que ela tanto amava e fazia parte no seu dia a dia quando estava com Yoongi – ela foi deixando aos poucos de acompanhar, esquecendo-se de que um dia existiram melodias bonitas e de que houvessem músicas escritas para ela.

Mas ali, no coração pulsante de Seul, era quase impossível ignorar. Os primeiros dias de Sora e In Ho foram tranquilos, ela se instalou em seu apartamento espaçoso e aconchegante em uma área nobre de Seul – afastada por questões de quadras de onde Sora conhecia ser o dormitório do BTS –, e se manteve ali, sem sair, pela primeira semana.

Ela escrevia ferozmente e dessas tentativas de colocar seus sentimentos no papel, saíram várias peças lindas de violino. Algumas outras composições, ela separou para que pudesse colocar à disposição para vender. Sora também tinha decidido que aprenderia a pintar, inspirada nas muitas coleções que viu ao longo dos anos que andou pelo mundo. 

Um mês depois, Sora já se sentia confortável em sair e conhecer Seul novamente. Ela se surpreendeu ao dar de cara com várias das propagandas que o Bangtan agora fazia e de não se sentir mal em encará-los. Os rostos de cada um como ela ainda se lembrava. Um Yoongi cruelmente bonito – de volta com o cabelo em um vermelho-escuro – sorria para Sora enquanto segurava um pedaço de frango no outdoor de um restaurante famoso, enquanto In Ho conversava com o diretor do hospital em que seu pai estava internado ao telefone. Sem pensar duas vezes, Sora desviou o olhar do outdoor para ele que retribui o olhar com uma piscadela de olho.

Ela gostava de como ele era otimista com a vida – o contrário de Yoongi – e como mesmo com a doença do pai, se mantinha firme. Sora sorriu pensando em como conseguiu superar tanta coisa. 

In Ho era um homem diferente de Yoongi em muitos aspectos e, mesmo que tivesse algum parentesco com Saewon, não a fazia lembrar em nada da mulher que estragou o relacionamento que Sora jurava que duraria para sempre. In Ho e ela tinham se tornado tão próximos, que estavam cogitando lançar um álbum de clássicos juntos e Sora até estava pensando em se aventurar nos vocais como ele havia pedido. Ela adorava ouvi-lo tocar piano com a orquestra e o considerava um talento raro.

Ela, que tinha pensado em assumir seu papel antigo antes de voltar para a Coreia, havia recusado o convite de voltar à orquestra – já não queria mais ficar exposta aos palcos –, até porque agora conseguia viver somente de suas composições e tinha contatos em diversas gravadoras pelo mundo. 

Como não tinha mais Lim e Yoongi na sua vida, Sora se permitiu buscar novos caminhos e recomeçar do zero no mesmo lugar em que tudo tinha acontecido. Para isso, In Ho estava ajudando-a com as compras para que Sora pudesse dar um jantar para os membros da orquestra e recebê-los em sua casa.

"...e então eu disse 'Deixa pra lá' e ele me deu duas notas" todos riram ao ouvir Sora contando a história de como acharam que ela estava mendigando quando na verdade ela só estava com uma péssima aparência depois de voltar da balada em Malta.

In Ho sorria enquanto observava Sora tomar um gole de seu vinho, da taça dele que ela havia tomado de suas mãos há uns 5 minutos atrás e não planejava devolvê-lo. Alguns momentos atrás, na cozinha, Sora tinha beijado In Ho e ele sentia-se completamente quente e desesperado, de um jeito como nunca havia se sentido antes por nenhuma outra mulher.

Sora tinha um jeito de fazer as coisas e mexer com a mente dele, que era novo e recém-descoberto por In Ho. O que fazia com que ele a observasse com cuidado, bebendo de seus olhares e gestos enquanto ela falava e brincava com os convidados dele. Pela primeira vez na vida, In Ho sentia-se sortudo por estar no lugar certo e na hora certa naquele dia em Quioto. 

Era assim que Yoongi sentia-se com ela? Porque se fosse, In Ho não entendia como ela podia ter trocado Sora por sua prima malcriada, insensata e orgulhosa. Nem mesmo ele queria vínculo com ela – e olha que Saewon era do mesmo sangue dele.

No final da noite, quando todos foram embora, In Ho ficou. E nas semanas seguintes também.