Rosa e Azul

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Eu estava entre palmeiras e estátuas de mármore.

O chão era cor de rosa, o horizonte azul, quase roxo, era pintado pelo sol poente de neon.

Olhei para cima. Golfinhos nadavam lentamente. Seus sons ecoavam por todas as direções ao mesmo tempo.

Um dos golfinhos olhou para mim. Ele tinha cinco estrelas na cabeça.

As estrelas do golfinho se misturavam com o céu noturno. A lua crescente usava óculos escuros.

À minha frente, uma forma poligonal espelhava todas as cores ao redor. Era um carro.

Uma Lamborghini Countach. Eu sorri. Fui em direção à ela.

Não havia entrada. Ela era apenas uma forma.

Me afastei. Vi um computador antigo com a tela cheia de glitches. Era um Amiga.

Do computador saía um som de saxofone. As notas lentas preenchiam meus ouvidos.

Em um canto, uma garota estava encolhida. Ela chorava.

Me aproximei. Suas lágrimas flutuavam como plumas e brilhavam como cristal.

A garota era um desenho. Bidimensional.

Tentei falar com ela. Minha voz saiu grossa e lenta.

Tentei de novo. Minha voz ecoava desde a garganta.

Tentei de novo. Minha voz parecia estar ao contrário.

Corri até o fim do chão.

Uma cachoeira brotava de uma garrafa bonita. 'Fiji' era o que a garrafa dizia.

Notei um espelho no meio do horizonte. Tudo estava espelhado.

Me olhei no espelho.

Minhas roupas eram pretas. Três listras brancas saíam dos braços e pernas.

Eu estava triste.

Deprimido.

E gostava daquilo.





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