Meus Latidos

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  Quando o pessoal da editora Gente me convidou para escrever um livro, propôs uma série de contos sobre animais. Topei. Garanti que escreveria contos sobre cães e outros bichos de estimação. Mas não consegui. Sentava no computador e lembrava do meu cachorro husky siberiano, Uno. Dos bons momentos. Da vida a seu lado. Era como se ele latisse no meu coração:
- Conta nossa história, conta!
  Decidi falar sobre a amizade e o companheirismo que ele me ofereceu. Sobre como é bom ter um cachorro. Uma vez escrevi um livro infantil do qual Uno foi personagem:
Mordidas que podem ser beijos (Moderna 2001). Mas nele suas aventuras foram pura imaginação. Agora é bem diferente. Se alguém perguntar se os acontecimentos deste livro são verdadeiros, responderei que sim. Mas que também são ficção.
  O autor filtra a realidade através de sua emoção e maneira de ver o mundo. Escolhe os fatos a serem narrados, a maneira como são encadeados, o tempo e o espaço em que ocorrem. Nem mesmo em uma biografia alguém é exatamente como foi. Posso ler várias biografias sobre um mesmo personagem e em todas me surpreenderei com aspectos novos.
  Mudei nomes, características e identidades de algumas pessoas para preservar a privacidade delas e também a minha. Em outros casos, mantive nomes e acontecimentos.
  É que Uno existiu, e que minha emoção é absolutamente verdadeira. Foi meu husky. Meu cachorro.
  Fico feliz por termos convivido tantos anos.

                                -WALCYR CARRASCO

Anjo de quatro patasOnde histórias criam vida. Descubra agora