Eu me Odeio

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O correr dos dias machucam meus pés
Incessante caminho tortuoso que invade o livro da minha vida
Profundo entra o caco de dor e caos em meus pés
As lágrimas escorrem.

Eu tento seguir algo que não vou ser
Procuro prosseguir de diversas maneiras
Não posso desistir
Eu não tenho medo da morte
Tão pouco de perder algo
Mas o passado me prende
Como uma carroceria carregada por algum torturador,
Que chicoteia minha sanidade dizendo ser para meu bem
E eu, sofrendo, não paro.

Nesse ponto da crônica
Já não sei dizer se sou crônica ou poesia
Já não sei se estou correndo em direção a luz
Ou se a luz é um sol que sempre nasce atrás de mim.

Que soem meus berros
Enquanto eu grito de dor por correr
Enquanto eu suo e derramo esse suor sobre minha ausência
Que soem meus gritos
Feitos de dor e de pensamentos aflitos
Que rasguem minha pele aqueles que me amam
Pois não me sinto digno de vossos elogios.

Sinto muito mas eu me odeio
Odeio me odiar
Mas odeio sem ter vontade de olhar
Olhar a minha face decrépitamente jovem
Meu corpo
Minha cabeça que incessantemente tenta me afogar
Apunhalar minha existência
Eu... Realmente não me aguento.

Mas a carroça insiste em me impulsionar
E mesmo eu me odiando tento amar quem me ama
E verdadeiramente amo-vos
Mas me sinto culpado
Pois...
Como hei de amar alguém se nem sequer me amo?

E não parece
Como uma casca
Uma máscara que disfarça bem
Vou seguindo me odiando
Enquanto vocês acham que estou sorrindo
E mesmo insatisfeito com o mundo, vou.

Vou, e ando
Corro
Sangrando
Chorando
Tantos sentimentos
Que transbordam
Como um copo quebrado
Que vaza por vários pontos
O, já perdido, resquício de esperança.

Poesias de um Adulto Afogado em SolidãoOnde histórias criam vida. Descubra agora