Hamon

Único

      Joseph soltou o ar que lhe sufocava os pulmões, deixando que as mãos apossassem-se da grade que dividia os corredores externos da casa de Holly.

      O hamon, recém utilizado, ainda queimava em seus dedos, com a textura mais cortante adquirida após a fusão de seu poder com o de Shiza. Fazia quanto tempo que não o usava, se não involuntariamente? A descoberta dos stands veio para que finalmente cessasse o uso de algo que lhe acarretava as lembranças de um dos piores momentos de sua vida.

      Não conseguia. Como uma trava mental, ao longo dos anos, Joseph havia lentamente abandonado aquele estilo de batalha. Sua mente se recusava a deixar que desperdiçasse a essência de seu Caesarino daquele jeito, era como algo sagrado, que só fluía em casos de extrema importância, por que era para isso que Caesar havia lhe concedido. Olhava para as próprias mãos, e se sentia impotente. Era como se uma maldição viesse para lhe tirar tudo que lhe importava. Levara Caesar, e agora queria levar Holly.

      O vento o envolvia como um abraço caloroso do velho amante. Se fechasse os olhos e deixasse que a imaginação o dominasse, conseguia imaginar a silhueta menor que a sua, o abraçando e reclamando quando o aperto lhe fora retribuído em dobro. Poderia sentir, naquele momento, a mão dele deslizando para cobrir a sua em um ato gentil de consolação.

      Por fim, Joseph conteve as lágrimas o máximo que aguentou, mas elas se recusaram a lhe obedecer.

      Lágrimas que carregavam a saudade, e mostravam o pesar que a morte de Shiza ainda tinha, e sempre teria sobre si.

      Sabia que ele estava inquieto, e sabia que ele não tinha realmente alcançado o descanso. Como facetas de uma mesma alma, Joseph sabia que só usufruiriam da paz quando estivessem, enfim, juntos.